domingo, 30 de julho de 2023

DOIS LAÇAROTES COR-DE-ROSA E UM CÃO SALTITÃO

 

A foto acima, tirada durante o treino matinal de ontem, assinala o momento em que uma menina de ascendência africana, com cerca de 2 anos de idade, se acercou por iniciativa própria e inesperadamente do CPA Bohr, cujo dono se encontrava a beber a sacramental bica numa esplanada. A reacção do lupino lobeiro é de uma ternura imensa (bem patenteada na foto) para com aquela menina, como se já a conhecesse, fosse sua e a mais ninguém pertencesse. Este episódio da vida real encheu-me de alegria e justificou todo o meu empenho na educação do CPA Bohr, que é bom para os bons e inibidor para os maus, equilíbrio nem sempre fácil de encontrar e de alcançar. Com o calor a dar-nos tréguas, pudemos exercitar os nossos cães por mais tempo e sem corrermos qualquer risco. No GIF abaixo, em Slow Motion, como introdução natural aos obstáculos extensores, podemos observar detalhadamente os vários momentos da transposição de acordo com a biomecânica do CPA Dobby, que para o efeito usou de demasiada velocidade na ânsia de se reencontrar com a sua dona.

Com o clima convidativo do Verão é natural que os elementos neutros dos cães apareçam com maior frequência nos treinos, emprestando-lhes um colorido bastante agradável que acaba por fortalecer o grupo escolar pela sua participação em diferentes tarefas. Na foto seguinte vemos a Liliana com a CPA negra Gaia, de quem é também dona, esposa de um indivíduo simultaneamente ciumento e prestável.

Tão prestável que num dos momentos de supercompensação, depois de convidado por mim, decidiu ajudar um trabalhador camarário a carregar relva cortada para dentro de uma camioneta. Força mostrou que tinha, mas jeito quase nenhum, o que não impediu o empregado da câmara de lhe agradecer o esforço, porque não é todos os dias que aparece alguém com vontade de trabalhar.

Quem me conhece sabe que “ando sempre com ela fisgada” e que detesto desperdiçar tempo. Em troca do serviço prestado, usámos aquela camioneta para o CPA Bohr saltar para dentro dela, exercício muito requerido nas lides cinematográficas, que tanto poderá ser feito com as viaturas de caixa aberta estacionadas ou em andamento, quando a altura dos taipais o permite. Sabendo o que sei, doravante não faltarão por aí “macaquinhos de imitação” a treinar este salto. Salto que o Bohr executou com os pés de modo deficitário na subida, não tanto por qualquer incapacidade física sua, mas por impropriedade do seu líder, que marcou mal o salto e não motivou o animal para o esforço extra a que o obrigou. Como sempre, porque lhe corre nas veias uma herança Möselring e querendo agradar ao dono, o Bohr resolveu (daria um excelente cão-guia!).

A escolha deste sábado para o exercício colectivo escolar recaiu sobre uma passagem estreita entre planos desnivelados (1m do lado dos condutores e 3m do lado dos cães). A pensar na salvaguarda da integridade física dos animais, o exercício foi primeiro executado à trela com os cães ordenados nas seis posições possíveis para depois ser executado em liberdade e isento de riscos pelo contributo conjunto da experiência feliz e da memória mecânica.

A prática deste exercício procurou fortalecer o controlo dos donos sobre os cães em situações análogas e noutras, prestando-se ao mesmo tempo para combater a acrofobia canina, que felizmente não é muito comum, quer os animais sejam grandes ou pequenos. Por outro lado, ao controlar os cães naquela situação concreta, os donos estão a combater as “leviandades” daqueles cães que tendencialmente de se atiram de qualquer lugar pondo desse modo a sua vida em risco. Por outro lado, o concurso a exercícios deste género visa dotar os condutores da confiança e a tranquilidade necessárias para poderem valer aos seus cães em circunstâncias extraordinárias. O GIF seguinte dá-nos uma imagem panorâmica do local onde desenvolvemos este trabalho, vendo-se no seu lado direito uma ribeira a correr. Na frente da coluna vai o binómio Maria/Dobby e os cães avançam confiantes conforme elucidam as suas caudas.

Com o CPA Bohr em fase de manutenção saudável e a servir de exemplo para os demais (estamos empenhados para que viva para além dos 12 anos de idade, com saúde), as maiores exigências a nível físico foram para os CPA’s Dobby e Gaia, o primeiro porque teve uma fase de crescimento um tanto ou quanto descuidada e a cadela, à falta de lho atribuírem, inventou para si trabalho encontrando soluções à sua maneira e nem sempre de modo conveniente. O Dobby precisa de alongamentos como de pão para a boca, para se harmonizar morfologicamente e alcançar as performances atléticas vaticinadas pela sua genética. Já a Gaia vai ter que reaprender a usar convenientemente os andamentos naturais, a olhar mais para o dono e a ser mais interactiva, necessitando para isso de abandonar acções instintivas que obstam ao seu melhor desempenho e aproveitamento. No GIF abaixo e neste âmbito vemos o Dobby a saltar por cima de dois adultos, duas crianças e um cão, que encrustados num comum banco de jardim, se constituíram num exel. Apesar de terem faltado as pernas à dona, sobrou cão por todo o lado. Convém relembrar que este CPA ainda não atingiu o grau de sociabilização que preconizamos, daí a presença e a colaboração das crianças.

Através da foto seguinte, para os mais conhecedores da biomecânica canina, lanço uma questão: para que mão vai o CPA Dobby a galopar? Parece-me que a posição da cauda, por estarmos na presença de um salto, pode ajudar na obtenção da resposta certa, muito embora outras fotos neste texto sejam elucidativas.

Resta dizer que aproveitamos bem mais uma manhã de Verão na companhia dos nossos cães, que nos entregámos a uma prática saudável e agradável e que convivemos alegremente uns com os outros tal qual uma família, desenvolvendo em simultâneo uma maior cumplicidade com os nossos cães que queremos manter ao longo das suas vidas.

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