O
seu cão poderá estar a esconder um segredo mortal para si. Cientistas
descobriram um fungo resistente a medicamentos chamado CANDIDA AURIS,
que veio do canal auditivo dos cães. Este fungo é uma séria preocupação, pois
algumas cepas não são dissuadidas pelos medicamentos antifúngicos usados para
tratar outras infecções por Candida, segundo fizeram saber os CENTROS DE CONTROLO E PREVENÇÃO
DE DOENÇAS dos Estados Unidos.
A
recente descoberta – descoberta nas orelhas de quatro cães vadios na Índia – é
especialmente alarmante porque significa que os cães podem transmitir este
fungo aos humanos. Alguns especialistas médicos estimam que mais de 1 em 3
pacientes com infecções graves por C. auris morrerão, conforme fizeram saber
num comunicado à imprensa. A ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE SAÚDE declarou o C. auris como uma das doenças
fúngicas de “prioridade crítica” no mundo.
“Ainda que a C. auris tenha sido no estudo apenas encontrada em cães vadios, existem muitos cães vadios em muitas partes do mundo”, disse Jianping Xu, co-autor do estudo e professor da McMaster University no Canadá. “Estes cães podem actuar como veículos de transmissão da doença e transmiti-la para outros animais e humanos”, acrescentou Xu.
O
estudo foi publicado no JOURNAL
OF FUNGI. Já foram detectados outros fungos nos cães, mas esta
é a primeira vez que o C. auris foi isolado de qualquer animal. A análise de
ADN do C. auris encontrado nos quatro cães revelou semelhanças genéticas com
cepas encontradas em humanos, o que provavelmente facilitará a passagem do
fungo dos cães para os humanos. “Precisamos de estar vigilantes em relação aos
cães, demais animais de estimação e animais silvestres nas regiões em que o C.
auris é endémico”, disse Xu (na foto seguinte).
“Embora
o C. auris se espalhe facilmente de humano para humano, a sua rota de
transmissão entre animais ou de animais para humanos é muito menos clara, pelo
que são necessárias mais investigações”, disse o mesmo biólogo. Como a infecção
por Candida auris não afecta habitualmente pessoas previamente saudáveis, ela
merece especial atenção em ambientes hospitalares, onde podem surgir surtos
graves, particularmente em doentes polimedicados ou sujeitos a uma cirurgia
recente, nos doentes que sofreram alterações no sistema imunitário (algumas
situações de cancro e diabetes), nos sujeitos à administração de antibióticos
ou de antifúngicos de largo espectro, doentes entubados ou com cateteres
(sondas de alimentação, algálias ou cateteres venosos centrais), merecendo
igual atenção os doentes internados ou residentes em lares.
O Candida
auris foi identificado pela primeira vez na década de 2010 e descrito em 2009
na Coreia do Sul, aparecendo mais tarde no Japão. Depois começaram a surgir
surtos na Índia, África do Sul, Venezuela, Colômbia, Espanha, Reino Unido e
Estados Unidos. Nos Estados Unidos, em 2022, o estado de Nova York estava entre
os primeiros estados com mais casos de C. auris na América, com 379 casos
confirmados com a infecção deste fungo perigoso e resistente a medicamentos. Os
totais do ano passado o colocam-no ao lado de Nevada, Califórnia e Flórida como
os estados que mais infecções tiveram com este fungo, respectivamente 384, 359
e 349 casos.
A maioria das infecções provocadas por Candida auris são tratadas com uma classe específica de medicamentos antifúngicos: as enquinocandinas. Porém, persistem casos em que a infecção é resistente e não responde positivamente à sua administração, tornando-se assim difícil de tratar. Diante destes casos, torna-se muitas vezes necessária a toma de múltiplas classes de antifúngicos em doses elevadas para tratar a infecção. O fungo Candida auris "habita" sobretudo em ambientes hospitalares ou noutras unidades que prestam cuidados de saúde (como é o caso dos lares) e o contágio pode dar-se através do contacto com superfícies ou objetos contaminados (permanecendo o fungo ali por semanas) ou de pessoa para pessoa, incluindo aquelas que não apresentam sintomas. Para se evitar a propagação desta infecção, é importante fazer uma correcta higienização das mãos, lavando-as com água e sabonete ou com um desinfectante à base álcool. A lavagem cuidadosa das mãos é especialmente importante antes e depois de visitar uma unidade de cuidados de saúde e quando há contacto com paciente que se suspeite estar infectado. Havendo suspeita de infecções por fungos fale imediatamente com o seu médico assistente, porque o diagnóstico atempado e preciso é uma arama indispensável contra o superfungo Candida auris.
Face ao que aqui divulguei, fica claro que a coabitação com cães carece de regras eficazes para proteger o bem-estar, a saúde e a vida de donos e animais. Não me parece que consentir que um cão durma ao nosso lado na cama seja uma delas, muito pelo contrário. Pouco a pouco, depois de ultrapassado o período áureo da panaceia canina, começa-se a avaliar os riscos da coabitação com os cães e o perigo que poderão representar para a nossa saúde.
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