sexta-feira, 28 de julho de 2023

ARREPIAR CAMINHO ENQUANTO É TEMPO!

 

Como não me julgo profeta, também não creio que receba mensagens do além nos meus esporádicos sonhos, agora ligados a episódios da minha infância ou substituídos por breves pesadelos. Esta noite, enquanto dormia, inexplicável e ininterruptamente, quiçá por tanto ouvir falar em igreja e nas Jornadas Mundiais da Juventude durante o dia, um versículo bíblico invadiu-me o sono, o constante em Isaías 65:25 que diz: “O lobo e o cordeiro se apascentarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor.” Normalmente não consigo relembrar-me dos meus sonhos, mas este levantou-se comigo e teimou em se ir embora, pondo em inquietude a militância que agora norteia a minha vida enquanto adestrador de cães. Pela primeira vez na vida tentei encontrar um significado para um sonho e ao ouvir as notícias internacionais, finalmente compreendi que mensagem tinha para mim.

Fugindo ao carácter escatológico do versículo, que não é para aqui chamado, ao tomar conhecimento dos muitos cães detectores de minas que trabalham em quase todos os continentes, pensei imediatamente num volte-face total e completo no adestramento, capaz de terminar, de uma vez por todas, com a inimizade entre cães e homens que tantas vítimas tem vindo a causar, devolvendo aos animais o seu carácter bondoso e transformando-os em mensageiros da paz, para que doravante venham ser unicamente usados para o bem. Não estou a falar de nenhuma loucura ou utopia, mas de algo que já acontece e que carece de ser amplamente replicado.

Se a I Guerra Mundial marcou o início do uso generalizado dos cães para fins militares, a Segunda aprimorou os cães de assalto e os conflitos locais subsequentes recorreram ao seu uso especializado. Antes que venha a Terceira, que há quem diga estar para chegar e ser a derradeira, ainda é tempo de arrepiar caminho e pôr os animais ao serviço das vítimas da guerra e de quem deles precisar, ao invés de pô-los a triturar carne humana e serem emissários do anjo da morte. Sim, homens e cães são compatíveis, muito mais compatíveis do que a ovelha com o seu predador natural.

Se há cães que nascem maus, quando não são produto do acaso, é porque foram seleccionados para causar dolo a outrem; se há cães que se fazem maus, é porque alguém ao invés de os repreender, antes os empossou e nisso investiu! A maldade canina, que tantas vezes é sancionada com a morte dos animais, outra coisa não é do que o resultado directo da maldade humana que substituiu a fraternidade por uma prática fratricida. Penso que ninguém deseja a morte de mais pessoas e cães, que a maioria de nós procura dar uma oportunidade à paz, porque ela é possível e só será autêntica quando deixarmos de abusar dos animais. O bom relacionamento entre homens e animais só trará benefícios para todos – o mal não está nos cães, mas no uso que lhe dão!

Eu quero muitos cães-guia, detectores de doenças e de explosivos, de terapia e de serviço, de uso forense, de busca e salvamento; eu quero que os homens dêem mais valor à vida e que os cães se empenhem em conservá-la. Sonhei e abri os olhos para a realidade – valeu a pena ter sonhado - vou deitar-me para o mesmo lado!

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