A foto
acima, tirada durante o treino matinal de ontem, assinala o momento em que uma
menina de ascendência africana, com cerca de 2 anos de idade, se acercou por
iniciativa própria e inesperadamente do CPA Bohr, cujo dono se encontrava a
beber a sacramental bica numa esplanada. A reacção do lupino lobeiro é de uma
ternura imensa (bem patenteada na foto) para com aquela menina, como se já a
conhecesse, fosse sua e a mais ninguém pertencesse. Este episódio da vida real
encheu-me de alegria e justificou todo o meu empenho na educação do CPA Bohr,
que é bom para os bons e inibidor para os maus, equilíbrio nem sempre fácil de
encontrar e de alcançar. Com o calor a dar-nos tréguas, pudemos exercitar os
nossos cães por mais tempo e sem corrermos qualquer risco. No GIF abaixo, em Slow Motion, como introdução natural aos
obstáculos extensores, podemos observar detalhadamente os vários momentos da
transposição de acordo com a biomecânica do CPA Dobby, que para o efeito usou
de demasiada velocidade na ânsia de se reencontrar com a sua dona.
Com
o clima convidativo do Verão é natural que os elementos neutros dos cães apareçam
com maior frequência nos treinos, emprestando-lhes um colorido bastante
agradável que acaba por fortalecer o grupo escolar pela sua participação em
diferentes tarefas. Na foto seguinte vemos a Liliana com a CPA negra Gaia, de
quem é também dona, esposa de um indivíduo simultaneamente ciumento e prestável.
Tão
prestável que num dos momentos de supercompensação, depois de convidado por
mim, decidiu ajudar um trabalhador camarário a carregar relva cortada para
dentro de uma camioneta. Força mostrou que tinha, mas jeito quase nenhum, o que
não impediu o empregado da câmara de lhe agradecer o esforço, porque não é
todos os dias que aparece alguém com vontade de trabalhar.
Quem
me conhece sabe que “ando sempre com ela fisgada” e que detesto desperdiçar
tempo. Em troca do serviço prestado, usámos aquela camioneta para o CPA Bohr
saltar para dentro dela, exercício muito requerido nas lides cinematográficas,
que tanto poderá ser feito com as viaturas de caixa aberta estacionadas ou em
andamento, quando a altura dos taipais o permite. Sabendo o que sei, doravante
não faltarão por aí “macaquinhos de imitação” a treinar este salto. Salto que o
Bohr executou com os pés de modo deficitário na subida, não tanto por qualquer
incapacidade física sua, mas por impropriedade do seu líder, que marcou mal o
salto e não motivou o animal para o esforço extra a que o obrigou. Como sempre,
porque lhe corre nas veias uma herança Möselring e querendo agradar ao dono, o
Bohr resolveu (daria um excelente cão-guia!).
A
escolha deste sábado para o exercício colectivo escolar recaiu sobre uma passagem
estreita entre planos desnivelados (1m do lado dos condutores e 3m do lado dos
cães). A pensar na salvaguarda da integridade física dos animais, o exercício
foi primeiro executado à trela com os cães ordenados nas seis posições
possíveis para depois ser executado em liberdade e isento de riscos pelo
contributo conjunto da experiência feliz e da memória mecânica.
A
prática deste exercício procurou fortalecer o controlo dos donos sobre os cães em
situações análogas e noutras, prestando-se ao mesmo tempo para combater a acrofobia
canina, que felizmente não é muito comum, quer os animais sejam grandes ou
pequenos. Por outro lado, ao controlar os cães naquela situação concreta, os
donos estão a combater as “leviandades” daqueles cães que tendencialmente de se
atiram de qualquer lugar pondo desse modo a sua vida em risco. Por outro lado,
o concurso a exercícios deste género visa dotar os condutores da confiança e a
tranquilidade necessárias para poderem valer aos seus cães em circunstâncias
extraordinárias. O GIF seguinte dá-nos uma imagem panorâmica do local onde
desenvolvemos este trabalho, vendo-se no seu lado direito uma ribeira a correr.
Na frente da coluna vai o binómio Maria/Dobby e os cães avançam confiantes
conforme elucidam as suas caudas.
Com
o CPA Bohr em fase de manutenção saudável e a servir de exemplo para os demais
(estamos empenhados para que viva para além dos 12 anos de idade, com saúde),
as maiores exigências a nível físico foram para os CPA’s Dobby e Gaia, o
primeiro porque teve uma fase de crescimento um tanto ou quanto descuidada e a
cadela, à falta de lho atribuírem, inventou para si trabalho encontrando
soluções à sua maneira e nem sempre de modo conveniente. O Dobby precisa de
alongamentos como de pão para a boca, para se harmonizar morfologicamente e
alcançar as performances atléticas vaticinadas pela sua genética. Já a Gaia vai
ter que reaprender a usar convenientemente os andamentos naturais, a olhar mais
para o dono e a ser mais interactiva, necessitando para isso de abandonar
acções instintivas que obstam ao seu melhor desempenho e aproveitamento. No GIF
abaixo e neste âmbito vemos o Dobby a saltar por cima de dois adultos, duas
crianças e um cão, que encrustados num comum banco de jardim, se constituíram num
exel. Apesar de terem faltado as pernas à dona, sobrou cão por todo o lado.
Convém relembrar que este CPA ainda não atingiu o grau de sociabilização que
preconizamos, daí a presença e a colaboração das crianças.
Através
da foto seguinte, para os mais conhecedores da biomecânica canina, lanço uma
questão: para que mão vai o CPA Dobby a galopar? Parece-me que a posição da
cauda, por estarmos na presença de um salto, pode ajudar na obtenção da
resposta certa, muito embora outras fotos neste texto sejam elucidativas.
Resta
dizer que aproveitamos bem mais uma manhã de Verão na companhia dos nossos
cães, que nos entregámos a uma prática saudável e agradável e que convivemos
alegremente uns com os outros tal qual uma família, desenvolvendo em simultâneo
uma maior cumplicidade com os nossos cães que queremos manter ao longo das suas
vidas.