Como
o próprio nome indica, estamos a falar de um versátil cão de parar germânico,
de igual desempenho dentro e fora de água, originalmente concebido para lidar com
grandes animais como veados, ursos e até lobos, mas que atendendo ao facto de
ser fácil de ensinar, de estar sempre atento, de ser destemido e obediente,
facilmente se transformará num excelente cão de guarda, já que insiste em ser a
sombra do dono. Não nos vamos demorar nas considerações históricas da raça,
hoje ao alcance de qualquer um, mas avaliar os prós e os contras laborais deste
bracóide, um dos cães que sempre nos apaixonou, o que não invalida que não
sejamos capazes de o avaliar imparcialmente.
Muitos
destes cães, para além de inteligentes, caso tenham oportunidade, são inquietos
e obstinados, tendem a controlar tudo e todos em casa, a ladrar efusivamente, a
roubar comida da mesa, a perseguir gatos, a resistir à sociabilização e a afiar
o dente (morder) a quem não devem, pelo que o Weimaraner não é um animal
indicado como primeiro cão ou para gente sem experiência. Pelo que acabámos de
dizer, a sua sociabilização deverá acontecer logo que possa sair à rua. Por
outro lado, não é um cão que se adapte bem a um apartamento, confinamento que
poderá levá-lo a desenvolver um conjunto de várias taras. Estará menos mal ali
se diariamente vier várias vezes à rua e puder exercitar-se de acordo com as
suas necessidades.
Como
é um cão que tolera melhor o calor do que o frio, quando seleccionado para o
resgate e salvamento, deverá preferencialmente trabalhar, se possível, em terra
nas estações frias e dentro de água nas quentes, porque apesar da sua exagerada
voluntariedade, é um cão muitíssimo sensível. E de tal maneira o é que detesta
ficar só, sendo por isso afectuoso com a família e adequado para a maioria das
crianças com algum senso de responsabilidade. Como já o dissemos, não é um cão
de rápida amizade com estranhos ou disposto a sociabilizar-se imediatamente com
outros cães, tendo como vantagem não exigir grandes cuidados no seu tratamento.
Do
ponto de vista cognitivo, pese embora o facto de ser medianamente inteligente,
não é um clássico cão alemão de “esquerdo; direito”, que evolui
maioritariamente pela memória mecânica, mas alguém que norteia o seu comportamento
e resposta pela memória afectiva, pelas experiências anteriores, o que exige
tacto e sensibilidade a quem se propõe ensiná-lo. Caso pretendamos
transformá-lo em cão guarda, tendo o indivíduo perfil para isso, devemos
levá-lo pacientemente à regra sem o sujeitar à derrota ou à humilhação, para
que no exercício das suas funções evidencie a resiliência que leva à rendição
dos seus opositores. Convém não esquecer que estamos a falar de um cão ainda
rico em instintos, que transporta com facilidade qualquer experiência negativa
para o instinto de sobrevivência.
Do
ponto de vista físico, estamos perante um atleta canino de nomeada, um campeão
difícil de igualar, mas que obriga a alguns cuidados na introdução aos
obstáculos, porque invariavelmente avança para eles pondo em risco o seu
bem-estar e salvaguarda. É competitivo, a sua capacidade de impulsão dá a
impressão de ser miraculosa, é extraordinariamente elástico, recupera
rapidamente dos esforços e não rejeita desafios. No galope não é tão célere
como um Malinois ou um Border Collie, mas no 3º andamento natural, na marcha,
cobre mais território do que eles. Levado a brincar e devidamente recompensado,
é capaz de ultrapassar surpreendentemente o rendimento de muitos cães de
trabalho. Valendo-nos da analogia possível, para os mais próximos da equitação
e seus concursos, podemos dizer que estamos perante um cão de “concurso
completo”.
E
como “não há bela sem senão”, o Weimaraner é incansável, extraordinariamente enérgico,
reclama por exercício e adora interagir ludicamente com os seus proprietários.
Diante destas características facilmente se antevê que não é um cão para
pessoas com limitações ou condicionalismos, mas próprio para profissionais e
gente jovem disposta a acompanhá-lo. A raça apresenta dimorfismo sexual, mas a
qualidade das cadelas não difere muito da encontrada nos machos. Devido à sua
versatilidade e apego ao dono, um Weimaraner será aquilo que o seu dono quiser,
podendo ser um anjo protector ou um diabo à solta, um cão para resgatar pessoas
ou para escorraçar intrusos. Agora que os anos pesam e as aventuras perderam o
seu sentido, eu prefiro ter um Weimaraner a apoiar-me do que outro a tentar rasgar-me.
Uma coisa é certa: ninguém tem bracos e
pointers como os alemães. Debruçámo-nos sobre o Weimaraner, podíamos ter falado
do Drahthaar. Dá-me a impressão que os alemães não sabem só fabricar bons
carros. O Weimaraner não é “mais um cão”, é um que se destaca entre os demais e
nem todos vão parar a boas mãos, o que verdadeiramente se lamenta.
PS: Se tem um Weimaraner não o encerre por horas a fio, violência que poderá levá-lo à revolta, a tornar-se agressivo e descontrolado, capaz de o atacar a si e aos seus (por vezes é só uma questão de tempo).
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