quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

ARTIMANHAS DE BARCELOS

 

Surpreendentemente, numa conferência de imprensa realizada à distância, Miguel Costa Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, disse ontem que no seu concelho há quem recorra ao aluguer de animais para justificar saídas regulares à rua. “Vão-me chegando histórias de pessoas que alugam animais para andar na rua (…). Não podemos ser irresponsáveis a esse ponto, de forma a criarmos expedientes para virmos à rua”, advertiu o autarca. À frente do município bracarense desde 2009, Costa Gomes divulgou ainda casos de famílias em que um cão sai várias vezes ao dia conduzido por membros diferentes. “Contaram-me a história engraçada de um cãozinho que queria ir para casa e um dos donos não deixava, porque queria dar um passeio. Quer dizer que o cão já estava cansado de passear”, concluiu. Artimanha idêntica já havia sido posta em prática no Norte de Espanha, aquando da primeira vaga do Covid-19 e, se não estou enganado, também foi usada algures em Itália. Este estratagema é uma atitude desesperada de quem já não suporta tanto confinamento.

Costa Gomes pediu na ocasião aos seus munícipes para permanecerem em casa sempre que possível, limitando-se “a sair à rua em situações excepcionais ou necessárias.” Revelou ainda que neste momento existem 1536 casos activos de infecção pelo novo coronavírus em Barcelos, que a taxa de infectados por 100 mil habitantes, num município com apenas 120 mil pessoas, foi de 1315 entre 30 de Dezembro e 12 de Janeiro, segundo a actualização feita pela DGS anteontem, que relatou mais 6 óbitos (84) em relação aos números da semana anterior. Segundo a mesma fonte, já foram aplicadas 1601 doses da vacina no concelho de Barcelos, entre profissionais de saúde e outros cidadãos. Este autarca é peremptório ao afirmar que os números da pandemia não baixam a nível nacional devido principalmente a um certo relaxamento da população e que as suas consequências irão prologar-se no tempo, se as pessoas não interiorizarem que têm de sofrer agora de uma forma mais dura. O “Galo de Barcelos”, um dos símbolos da vitalidade de Barcelos, do Minho e de Portugal está doente, mas como sempre reerguer-se-á e ainda com maior pujança e galhardia.

Para os cães dos donos mais sedentários, acomodados e preguiçosos, que confinavam os seus animais horas a fio sem qualquer remorso em apartamentos, o actual confinamento veio devolver a liberdade aos animais, aquela que lhes é devida e indispensável ao seu bem-estar, pelo que o Sars-Cov 2 não foi assim tão mau para os cães. Oxalá, uma vez vencido o vírus, os donos conservem o salutar hábito de passear os seus cães no exterior. Quanto aos transgressores de Barcelos, que seriam baixas numa guerra convencional devido ao stress que os domina, depois de multados, seria igualmente válido confortá-los e acompanhá-los terapeuticamente para se evitar uma reacção em cadeia, comportamento indesejável a quem o desespero não é estranho.

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