domingo, 31 de janeiro de 2021

O CHACAL DOURADO ESTÁ A DIRIGIR-SE PARA OESTE

 

Um Chacal dourado, animal originário da Europa Central, foi visto pela primeira vez no departamento francês do Jura, na parte valdense do maciço montanhoso com o mesmo nome. Uma foto-armadilha imortalizou a chegada deste canídeo àquela cadeia montanhosa na noite de 4 para 5 do corrente mês, perto de Col de Marchairuz. Não se sabe ao certo se o Chacal se encontrava ainda em território suíço ou se já pisava território francês, certo é que estava a poucos quilómetros da cidade gaulesa fronteiriça de Foncine-le-Haut. Contactado pelo Voix du Jura, um jornal semanário da região, um representante da Kora, instituto especializado no acompanhamento dos grandes carnívoros e que instalou a referida câmera, originalmente instalada para estudar as populações de Lince, disse a propósito do aparecimento inesperado do Chacal: “Esta é a primeira constatação inegável da presença do Chacal neste sector.”

O Chacal dourado (Canis aureus) é um canídeo nativo da Europa Central, classificado pela International Union for Conservation of Nature (IUCN) como espécie pouco preocupante, devido à variedade das suas dietas e à estabilidade dos seus abrigos que gradualmente se expandiu para a Ásia, Médio-Oriente e África. Este cão selvagem de tendência solitária, que raramente se constitui em matilha, mas que se torna mais sociável nos períodos reprodutivos, é tímido, omnívoro e necrófago, capaz de comer também pequenos roedores, pássaros, frutos, insectos e até pequenos ungulados, sendo parente próximo do lobo-cinzento e um pouco maior do que as raposas. O Chacal dourado é inofensivo para os seres humano. Nas última décadas do século passado continuou a sua expansão geográfica para oeste e grupos familiares foram identificados tanto na Áustria como na Itália, assim com alguns machos na Suíça a partir de 2011. Até agora, o Chacal só havia sido visto duas vezes em território francês: no maciço Chablais (Haute-Savoie) em Maio de 2018 e nos arredores de Salon-de-Provence (Bouches-do-Rhone) em 2019.

A caminhada empreendida pelo Chacal dourado para o oeste europeu (França), segundo os especialistas na matéria, deve-se essencialmente a três factores: ao aquecimento global, à diminuição dos seus ecossistemas a leste e à presença de menor número de predadores a oeste ou seja, à fragmentação das florestas nos Balcãs e à reduzida população de lobos cinzentos em França que são também seus predadores naturais.

Conforme fizemos saber no texto “O CHACAL E OS CÃES DE SULIMOV”, editado 18/10/2010, onde relatámos o meritório trabalho de Klim Sulimov, um russo a trabalhar para a Aeroflot no aeroporto moscovita de Sheremetyevo, que treina cães para a detecção de explosivos e seus componentes, que optou pela criação de uma nova raça híbrida para obter cães de faro superiores para o efeito, valendo-se para isso do Chacal com êxito, este cão selvagem poderá ser um excelente melhorador para o canis familiaris, dotando-o das qualidades que o processo de domesticação lhe roubou junto com as posteriores consanguinidade e a endogamia: melhor máquina sensorial e maior autonomia. Também os diferentes Lobos e o Dingo, quando usados como beneficiadores dos cães, podem dar híbridos férteis. Como não podia deixar de ser, o recurso à hibridação, tanto para o melhor como para o pior, ao estar associada à política, sempre estará sujeito à variabilidade dos tempos e das vontades.

Todavia, como já o dissemos atrás: “Todos os criadores experimentados, depois de conhecerem afincadamente os seus cães e as raças que produzem, as suas menos valias e virtudes perante novos desafios, porque são criadores e visam o beneficiamento, nalgum momento hão-de sonhar com a hibridação, quer aproveitando as raças já existentes quer recorrendo aos diferentes cães silvestres (selvagens), tentando contrariar algumas lacunas provenientes do eugenismo negativo operado até aqui, fortemente estético e nem sempre vocacionado para a utilidade.”

Sem comentários:

Enviar um comentário