Um
Chacal dourado, animal originário da Europa Central, foi visto pela primeira
vez no departamento francês do Jura, na parte valdense do maciço montanhoso com
o mesmo nome. Uma foto-armadilha imortalizou a chegada deste canídeo àquela
cadeia montanhosa na noite de 4 para 5 do corrente mês, perto de Col de
Marchairuz. Não se sabe ao certo se o Chacal se encontrava ainda em território
suíço ou se já pisava território francês, certo é que estava a poucos
quilómetros da cidade gaulesa fronteiriça de Foncine-le-Haut. Contactado pelo
Voix du Jura, um jornal semanário da região, um representante da Kora, instituto
especializado no acompanhamento dos grandes carnívoros e que instalou a
referida câmera, originalmente instalada para estudar as populações de Lince,
disse a propósito do aparecimento inesperado do Chacal: “Esta é a primeira
constatação inegável da presença do Chacal neste sector.”
O
Chacal dourado (Canis aureus) é um canídeo nativo da Europa Central, classificado
pela International Union for Conservation of Nature (IUCN) como espécie pouco
preocupante, devido à variedade das suas dietas e à estabilidade dos seus
abrigos que gradualmente se expandiu para a Ásia, Médio-Oriente e África. Este
cão selvagem de tendência solitária, que raramente se constitui em matilha, mas
que se torna mais sociável nos períodos reprodutivos, é tímido, omnívoro e
necrófago, capaz de comer também pequenos roedores, pássaros, frutos, insectos
e até pequenos ungulados, sendo parente próximo do lobo-cinzento e um pouco
maior do que as raposas. O Chacal dourado é inofensivo para os seres humano. Nas
última décadas do século passado continuou a sua expansão geográfica para oeste
e grupos familiares foram identificados tanto na Áustria como na Itália, assim
com alguns machos na Suíça a partir de 2011. Até agora, o Chacal só havia sido
visto duas vezes em território francês: no maciço Chablais (Haute-Savoie) em Maio
de 2018 e nos arredores de Salon-de-Provence (Bouches-do-Rhone) em 2019.
A
caminhada empreendida pelo Chacal dourado para o oeste europeu (França),
segundo os especialistas na matéria, deve-se essencialmente a três factores: ao
aquecimento global, à diminuição dos seus ecossistemas a leste e à presença de
menor número de predadores a oeste ou seja, à fragmentação das florestas nos
Balcãs e à reduzida população de lobos cinzentos em França que são também seus
predadores naturais.
Conforme
fizemos saber no texto “O
CHACAL E OS CÃES DE SULIMOV”, editado 18/10/2010, onde relatámos
o meritório trabalho de Klim Sulimov, um russo a trabalhar para a Aeroflot no
aeroporto moscovita de Sheremetyevo, que treina cães para a detecção de
explosivos e seus componentes, que optou pela criação de uma nova raça híbrida
para obter cães de faro superiores para o efeito, valendo-se para isso do
Chacal com êxito, este cão selvagem poderá ser um excelente melhorador para o
canis familiaris, dotando-o das qualidades que o processo de domesticação lhe
roubou junto com as posteriores consanguinidade e a endogamia: melhor máquina
sensorial e maior autonomia. Também os diferentes Lobos e o Dingo, quando
usados como beneficiadores dos cães, podem dar híbridos férteis. Como não podia
deixar de ser, o recurso à hibridação, tanto para o melhor como para o pior, ao
estar associada à política, sempre estará sujeito à variabilidade dos tempos e das
vontades.
Todavia, como já o dissemos atrás: “Todos os criadores experimentados, depois de conhecerem afincadamente os seus cães e as raças que produzem, as suas menos valias e virtudes perante novos desafios, porque são criadores e visam o beneficiamento, nalgum momento hão-de sonhar com a hibridação, quer aproveitando as raças já existentes quer recorrendo aos diferentes cães silvestres (selvagens), tentando contrariar algumas lacunas provenientes do eugenismo negativo operado até aqui, fortemente estético e nem sempre vocacionado para a utilidade.”
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