quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

TRIPLICARAM EM INGLATERRA NOS ÚLTIMOS 20 ANOS

 

Um novo estudo da Universidade de Liverpool, já publicado na revista científica Scientific Reports, faz saber que os internamentos hospitalares de adultos por dentadas de cães triplicaram nos últimos 20 anos em Inglaterra, o que para os autores é um “crescente problema de saúde pública. Estes cientistas da Universidade de Liverpool revelaram que as taxas anuais de admissão hospitalar de todas as idades aumentaram de 6 por 100.000 em 1998 para 15 por 100.000 pessoas em 2018, o que equivale a mais de 8.000 admissões. As descobertas alcançadas pelos investigadores, mostram inequivocamente que o ataque à dentada dos cães é “um enorme problema de saúde pública” e que “apenas levantaram a ponta do iceberg”. O Dr. John Tulloch (na foto seguinte), epidemiologista e principal autor do estudo, disse: “Apesar da educação contínua e das campanhas preventivas em grandes partes da sociedade, a questão das mordeduras dos cães continua a crescer e são um grande problema de saúde pública. “

“Os cães proporcionam grandes benefícios à sociedade, especialmente nestes tempos difíceis em que podem fazer-nos grande companhia. No entanto, trabalhar e viver com animais pode representar um sério risco de lesões. O nosso estudo apresenta apenas a ponta do iceberg, pois inclui somente ferimentos suficientemente graves internamento hospitalar." Como parte de seu estudo, a equipa analisou a incidência de pacientes internados em hospitais do NHS na Inglaterra (Serviço de Saúde Inglês) por mordeduras de cães entre 1998-2018, descobrindo que as crianças com 14 anos ou menos representavam cerca de 25% de todas as admissões, muito embora a sua incidência tenha permanecido relativamente estável, com uma média de 14 admissões anuais por 100.000. Por outro lado e contrariando esses números, os pesquisadores descobriram que as taxas de admissão hospitalar dos adultos triplicaram de 5 para 15 por 100.000 pessoas.

Segundo o estudo, o maior aumento nos internamentos hospitalares foi observado em mulheres com idades compreendidas entre os 35e 64 anos. As taxas também variam entre as diferentes autoridades locais, com uma maior incidência de mordeduras nos bairros mais carentes e nas áreas rurais, que apresentam taxas de admissão mais altas do que as urbanas. A cidade de Londres teve a incidência mais baixa, com apenas 1 admissão por 100.000 pessoas, enquanto Knowsley, em Merseyside, teve a maior incidência, com 24 admissões por 100.000 pessoas. Os custos do NHS associados às mordeduras de cães também aumentaram, atingindo um pico no ano financeiro de 2017/2018 de 71 milhões de libras, montante que inclui 25,1 milhões de libras em internamentos hospitalares e 45,7 milhões de libras em atendimentos no departamento de acidentes e emergência (A&E). 

A especialista em comportamento canino, a Dra. Carri Westgarth (na foto abaixo), da Universidade de Liverpool, disse a propósito ao “Independent” (1): “É importante lembrar que qualquer cão pode morder, independentemente de quão bem o conheça. A maioria das dentadas ocorrerá na casa do dono e à medida que passamos ainda mais tempo com os nossos cães durante o confinamento, devemos garantir-lhes o seu próprio espaço seguro para ficarem sozinhos, para além de lhes darmos bastante exercício e estímulo mental. Se o seu cão quiser ficar sozinho, deixe-o em paz. Como as dentadas dos cães nas crianças podem ser muito graves, observe ambos de perto quando juntos e intervenha quando necessário. Os cães não lhe querem morder, morder é para eles uma resposta de último recurso, portanto, preste atenção a quaisquer sinal de desconforto dos animais e evite confrontações desnecessárias.” 

Este é um estudo meramente estatístico e cientificamente muito pobre, que desnuda o fenómeno sem adiantar as suas causas. O seu propósito seria só o de preencher currículo? Mais nos interessaria saber que cães produziram os ataques, em que locais e circunstâncias ocorreram e sobre quem aconteceram. E depois, para chegarmos à conclusão que os internamentos por dentadas de cães triplicaram nos últimos 20 anos em Inglaterra, não precisamos de gente tão douta para fazê-lo – uma criança medianamente esperta com uma calculadora sentir-se-ia verdadeiramente útil e encantada com a tarefa.

(1)Jornal on-line inglês.

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