As
mazelas individuais resultantes do combate ao Covid-19 estão a vir à tona de
água perante a duração da pandemia, que agrava a vida social de todos, mas que
atinge de forma impiedosa os mais fracos, carenciados e dependentes, que assistem
impotentes ao retrocesso das suas vidas e à perca da sua autonomia unicamente
amparados pela esperança. Assim acontece com os cegos, mais precisamente no
Reino Unido, onde a entrega dos cães-guia está atrasada por causa do Covid-19.
Lucy
Edwards, de 25 anos, de Sutton Coldfield, em West Midlands, estrela invisual
dos media ingleses (na foto seguinte), que cria vídeos sobre como conviver com
a perca da visão e que foram assistidos por milhões, que se vale de um cão desde
os 17 anos, disse que perdeu a sua independência desde que o seu último cão foi
aposentado, há quatro meses atrás e que isso foi como perder “a visão novamente”.
"Realmente abalou a minha confiança porque nesta pandemia eu já não tenho
o meu cão. Não me sinto confortável ao sair sozinha." Lucy Edwards diz que
luta para se distanciar socialmente usando apenas a sua bengala, pois não sabe
onde estão as pessoas ao seu redor. Ela agora depende da sua bengala e do seu
parceiro com visão, mas acrescentou que achava difícil distanciar-se
socialmente auxiliada apenas por uma bengala e que sentia "medo" sem
o apoio da sua cadela Olga.
A
The Guide Dogs for Blind Association disse que a pandemia obrigou-a a interromper
o treino de cães durante cinco meses no ano passado, que apenas 52 cães foram
treinados e qualificados nas Midlands em 2020, bem menos com os 125 alcançados
no ano anterior (2019). Disse ainda que os números mensais mostraram um grande
impacto em abril. Enquanto o treino geral dos cães continua durante o terceiro
confinamento em Inglaterra, com medidas de distanciamento social em vigor,
algumas orientações e outros trabalhos foram interrompidos, assim como treino
dos cachorros.
O
corredor da maratona de West Bromwich, Dave Heeley (na foto abaixo), que foi
nomeado para a “Ordem do Império Britânico” nas Honras de Ano Novo, está à
espera de um cão há mais de dois anos. A Associação de Cães-Guia para Cegos disse
que nos últimos dois anos combinou 80% das pessoas com um cão-guia em 16 meses.
A instituição de caridade tem actualmente cerca de 5.000 cães-guia a trabalhar
no Reino Unido e, nos próximos anos, disse ter como alvo 1.000 novas parcerias
com cães-guia por ano. Eu não sei se o Covid-19 atrasou ou causou transtorno à ABAADV
- Associação Beira Aguieira de Apoio ao Deficiente Visual, mas gostaria de
pensar que não.
Agora, com a chegada das vacinas, é possível que pouco a pouco as nossas vidas voltem à normalidade, para bem de todos e da economia que nos suporta – todos merecemos uma segunda chance!
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