Na
cidade norte-americana de Vacaville, cidade de 95.000 habitantes no Condado de
Solano, na Califórnia, na passada segunda-feira, dia 28 de dezembro, um polícia
do departamento da cidade foi apanhado a bater no seu parceiro canino, ajoelhando-se
em cima dele e batendo-lhe várias vezes com o punho, o que levou o animal a
ganir de dor. O ocorrido foi gravado em vídeo pelo telemóvel de um cidadão
chamado Roberto Palomino, que o colocou na Internet e através da qual chegou ao
conhecimento dos media norte-americanos. Numa entrevista à emissora de
televisão ABC7, o autor do vídeo disse que o cão ganiu pelo menos 5 minutos e
que o polícia agrediu-o no mínimo 10 vezes, o que levou ao veemente repúdio de
milhares de pessoas no Facebook.
Quando
inquirido pela mesma ABC7 sobre o incidente, Matt Lydon, chefe da polícia (na
foto abaixo), disse que o agente policial agressor e o seu parceiro canino
tinham terminado uma sessão de treino de detecção de drogas, após a qual o
tratador policial entregou um brinquedo ao animal como recompensa. Ao tomar
posse do brinquedo (continuamos a citar), o cão tornou-se agressivo e tentou
morder o seu tratador. Importa dizer que o cão agredido já se encontrava há 11
anos ao serviço da polícia e o seu tratador há apenas alguns meses. Apesar
disso, segundo o parecer do chefe da polícia atrás mencionado, o tratador
comportou-se muito bem, “ao colocar-se sobre o cão numa posição dominante, o
que é perfeitamente normal no treino de cães policiais".
Aparentemente
justificada a “posição dominante”, mas não a continuada agressão do animal,
milhares de cibernautas consideraram inaceitável a conduta daquele tratador
canino, qualificando-a de brutal e demasiado violenta. Perante este parecer da
opinião pública, o Departamento de Polícia de Vacaville foi obrigado a
manifestar-se mais uma vez, dizendo também via Facebook que o incidente será
investigado detalhadamente, adiantando em simultâneo, quiçá para serenar os
ânimos, que o cão agredido “não mostra sinais de lesão”. Contudo, nada disso
conseguiu calar os protestos irados dos usuários do Facebook, que não escondem
a sua indignação relativa ao comportamento policial, que rotulam de “triste” e “inaceitável”.
Uma
senhora escreveu a propósito: "Bater na cara de um cão quando se está
sentado em cima dele não é treino. Isso é crueldade contra os animais!"
Outros internautas, para que tudo não seja encoberto, exigem a demissão do agente
policial agressor. Apesar da profunda raiva e revolta em torno do assunto,
resta esperar pelos resultados da investigação policial levada a cabo e saber
quais as consequências que o tratador violento enfrentará.
Independentemente
da atitude agressiva do cão, que entendemos como resposta e não como
provocação, fica claro que houve um incumprimento protocolar por parte do
tratador policial, porque doutro modo não ficaria exposto aos arrufos do animal.
Também o tipo de punição escolhido e a sua intensidade, destacam a fragilidade
de carácter do homem para a função e um deficit cognitivo que atenta contra um
profícuo relacionamento interespécies, donde não se poderá excluir o medo do tratador
na sua tomada de decisão. Seja na polícia ou seja lá onde for, o melhor
entendimento entre cães e homens não passa pela violência, mas pelo domínio do
inteligente sobre o irracional – pela boa formação dos tratadores - a menos que
queiramos recriar a matilha animal à dentada ou formar binómios à pancada. Não
é tanto o polícia prevaricador que está aqui em causa, mas os métodos que lhe
foram transmitidos, que espelham mais brutalidade do que conhecimento e que
comprometem quem o recrutou, formou e aprovou para o serviço ,também quem lhe
distribuiu o cão, uma vez que a unidade binomial parece ter sido
desconsiderada, não saindo a polícia de Vacaville ilesa no seu todo.
Semelhante tareia num cão velho, como é o caso, e que era aquilo que o animal menos merecia, é algo que devido à experiência negativa poderá levá-lo à contínua suspeição e a comprometer os laços afectivos que sustentam a cumplicidade e que melhor aproveitam as mais-valias caninas, podendo condenar este binómio tanto à mediocridade quanto à inutilidade. Na esmagadora maioria dos casos, quando abandonamos os protocolos e reagimos instintivamente, é mais do que certo sermos incompreendidos, surpreendidos e perdermos a confiança dos nossos cães.
Sem comentários:
Enviar um comentário