Todos
os simulacros, tanto para homens como para animais, isoladamente ou em
conjunto, são testes ou experiências que visam reproduzir as condições de vários
eventos ou situações reais como forma de treino ou preparação. Neles, sem
incorrermos em erro, podemos também incluir as “Pistas Tácticas” destinadas aos
cães, que vistas de determinado prisma, se assemelham e muito aos ginásios frequentados
pelos humanos.
A
existência de simulacros, como já disse atrás, prende-se com a necessidade de
preparação para as acções reais, que doutro modo dificilmente aconteceria pela
existência de múltiplos entraves, menor segurança e elevados riscos (raramente
há hipótese de se treinar no mundo real). Apesar dos esforços dos adestradores
em tangenciar a pista táctica à realidade, na transição de uma para a outra, os
cães sempre necessitarão de maior ou menor adaptação consoante o particular das
novidades.
Para
se evitar a morosidade das adaptações, sempre que possível e em alternância ao
concurso da pista, os cães deverão ser convidados para acções exteriores que
reproduzam os desafios que irão enfrentar, porque mais vale adaptá-los ao seu
meio do que esforçá-los no melhor dos simulacros, muitas vezes do seu desagrado
pela ausência de novidade e pelo excesso de artificialismo que os maça e cansa
acima do desejável.
Todas
as Pistas Tácticas, caso honrem o seu propósito, sempre carecem de actualização
e é por isso que nunca estão feitas, completas ou concluídas. Na eventualidade
de não serem actualizadas, justificadamente, tornar-se-ão obsoletas, serão abandonadas
e acabarão no esquecimento, como já acontece com algumas das forças militares e
paramilitares, muito embora o problema nestes casos tenha também a ver com as
condições do recrutamento e com a natureza e duração do contrato dos tratadores
(handlers), o que é também resultado da ausência de um conflito generalizado na
Europa, o que naturalmente se saúda, muito embora estejamos sujeitos a ataques esporádicos
de gente que nem merece ser mencionada.
Quer
isto dizer que o conceito de Pista Táctica deverá ser abandonado? Claro que não
que não! A Pista Táctica não dispensa e exige em simultâneo o trabalho de casa
e realizado no exterior, necessitando de ser transportada para o mundo real em
prol do bem-estar dos cães e do seu presumível desempenho. Poderá ser completamente
substituída? Sim, eventualmente, se o mundo adjacente aos cães o permitir,
garantir a sua segurança e não causar dolo ou prejuízo a terceiros, o que
raramente é possível.
Apesar
de treinarmos cães para segurança e também por causa disso, sempre apostamos na
sociabilização dos nossos cães (tudo fazemos para que não confundam os seus
alvos). Debaixo desta preocupação e no encerramento do treino de ontem,
pedíamos a duas jovens que conduzissem este Fila. Na foto abaixo vemos uma
delas, mãe de um menino de 5 anos, que se prontificou a colaborar connosco.
Também
uma amiga dela quis experimentar conduzir um cão ensinado. Anuímos ao seu desejo
e a jovem mostrou-se imediatamente extasiada, liderando o cão como é próprio de
um marinheiro de primeira viagem – mais encantada do que activa (valeu a boa
vontade e o esforço).
Este
binómio treinou especialmente acções de cobrança, exploração e pronta resposta ao
dono, a partir de casernas abandonadas, subterrâneos e encostas pedregosas, o
que acabou por cansar não só o cão, que sendo de salão, nasceu para campeão.
Feitas
as contas, o José António e o Doc estiveram a treinar durante três horas,
debaixo de um sol de inverno que não aqueceu as mãos do dono, mas que ajudou o
cão a manter-se activo, atento e infatigável.
Mais um dia longe da pista táctica, mas mais perto de alcançarmos os objectivos propostos. Só nos resta agradecer ao José António pela dedicação e empenho que tem pelo Doc, porque doutro modo o seu cão acabaria desprezado como acontece com tantos Filas de São Miguel, animais de alto potencial, molosso-alanos desconhecidos que tanto têm para dar.
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