EBA
é uma cadela de conservação, uma rafeira de 5 anos que foi abandonada à porta
de um abrigo na Califórnia. Quando foi encontrada, estava húmida e com tanto
frio que pensaram que não sobreviveria. Hoje, vive na Ilha de San Juan, no Estado
de Washington, (USA) e foi adoptada em 2017 pela bióloga Deborah Giles que se
dedica ao estudo das Orcas. Ela não é só especial para a Dr.ª Giles, é também
importante para as ameaçadas baleias que ajuda a salvar, uma vez que foi
treinada para isso pela Conservation Canines em 2019. O trabalho de Eba
consiste em farejar cocó flutuante de Orca. Em junho de 2019, ela foi previamente
treinada em terra durante 5 dias através de amostras fecais de baleia que foram
congeladas para preservação e descongeladas para o seu treino.
Uma
vez na água, depois das baleias passarem, o barco de Eba é posicionado a favor
do vento e onde os cientistas esperam encontrar matéria fecal. Depois aguardam
as reacções da cadela e guiam o barco na direcção em que a cadela fareja. No início
da detecção, o corpo do animal fica rígido e assim que atinge o centro do cone
de cheiro, ela começa a ganir incessantemente e, ao passar por ele, a Eba
começará a correr lateralmente pelo barco, indicação suficiente para virá-lo contra
o vento e ir em direcção à amostra. Logo que os dejectos são recolhidos, a
prestimosa cadela é convidada para brincar com o seu brinquedo predilecto
(recompensa).
Monitorar
a saúde de baleias selvagens é desafiador e arriscado para baleias e pessoas, particularmente
quando se um dardo de biópsia para recolher uma amostra de gordura. A detecção
canina das fezes de baleia não é invasiva, não fere estes grandes mamíferos
aquáticos e permite aos investigadores ficar mais longe deles. Através da
recolha de fezes podemos saber o ADN de uma orca em particular, distinguir refeições
recentes por espécie, identificar uma gravidez, medir os níveis de stress e
detectar produtos químicos e outros poluentes, como é o caso dos plásticos.
Neste caso concreto, não é só a saúde das baleias que está a ser monitorada,
mas também a saúde do seu meio ambiente, do salmão, dos rios e riachos que
desaguam no Mar Salish.
O controlo
da saúde das orcas é também importante para se saber se estão famintas e
stressadas por viverem em águas poluídas sem salmão selvagem suficiente para se
manterem saudáveis. Ao identificar as causas da fome e das doenças das baleias,
poder-se-á trabalhar com os responsáveis do sector de pesca para se encontrar novas
maneiras de aumentar as populações do salmão selvagem de que dependem e
melhorar a saúde de todo o ecossistema em que vivem, o que não apenas é apenas
bom para as orcas, mas também para a população humana que com elas coabita.
Quem diria que uma cadela rafeira, ao cheirar cocó de orca, está a contribuir
para a salvação de uma espécie e a melhorar o ecossistema para onde foi
destacada!
Eba é uma variação latina de “Eva” e o nome assenta-lhe na perfeição, porque esta cadela poderá ser a primeira de muitas que poderão ajudar na recuperação dos nossos ecossistemas aquáticos (lagos, rios e mares). Desconheço se os golfinhos do Sado são também objecto de um monitoramento algo semelhante, o que a existir, contribuirá definitivamente para um rio mais limpo e para o bem-estar das populações ao seu redor. Estranhamente, mal oiço falar destes golfinhos-roazes, o que tanto pode ser muito bom como muito mau, muito bom se está tudo de acordo com o seu bem-estar, não havendo por isso necessidade de falar deles e muito mau caso estejam abandonados à sua sorte, sem que ninguém se preocupe com eles. De qualquer modo, gostaria de ter notícias suas antes de nos dizerem adeus.
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