Portugal
e os portugueses são extraordinariamente hospitaleiros com os estrangeiros que
nos visitam e com aqueles que decidem viver entre nós, forasteiros que
invariavelmente são melhor tratados do que os nacionais. Passando por cima dos
corsários e demais piratas que assaltaram, pilharam e incendiaram as nossas
caravelas a mando da coroa britânica, desde o final da Guerra Peninsular
(1807-1814), particularmente depois dos abusos perpetrados pela “Regência
Inglesa” (1807-1820), que os cidadãos ingleses são vistos com alguma
desconfiança pelo povo, apesar do nosso Algarve, sem o espectro do Covid-19,
poder ser alcunhado de “New United Kingdom” atendendo a quem lá vive. Os
distúrbios e os prejuízos provocados pelos hooligans ingleses, ocorridos há
décadas atrás e hoje felizmente extintos, vieram a agravar ainda mais esta
suspeição e a ressuscitar esta vetero-animosidade. Hoje, depois de almoço, ao
entrar num supermercado, ouvi alguém exclamar: “Como se já não bastasse o que
cá temos!” - referindo-se ao esfaqueamento de dois alentejanos por parte de um
inglês.
Tudo
aconteceu na freguesia de Trindade, Beja, por causa de um ataque de um cão a um
rebanho de ovelhas, ocorrido no passado dia 30 de setembro, sendo o animal
agressor propriedade de um cidadão britânico de 29 anos de idade. Na sequência
da queixa apresentada pelo pastor e da intervenção da GNR, o britânico viria a
ser detido por desobediência e coação sobre um dos militares daquele corpo
especial de tropas. Ontem, o britânico, que reside no lugar de Cantinho da
Ribeira, na freguesia de Trindade, encontrou o pastor, homem de 50 anos, junto
ao café-restaurante Riba-Terges e começaram a discutir. Na sequência da
discussão, o britânico ameaçou o pastor de o esfaquear. Um amigo, homem de 62
anos, intrometeu-se entre os dois contendores e acabou esfaqueado, irrompendo o
pastor e o agressor pelo restaurante dentro, onde viria a acontecer o segundo
esfaqueamento. Os dois homens foram transportados para o hospital de Beja, onde
se encontram internados em estado considerado estável, não correndo por isso
risco de vida (carece de confirmação a hipótese de um já ter tido alta médica).
O agressor acabou por fugir do local, mas viria a ser detectado pelos populares, que esperando a chegada da patrulha da GNR, informaram-na onde o individuo se encontrava acantonado. O britânico acabou detido, encontra-se debaixo de custódia da GNR e vai ser presente amanhã a um juiz do Tribunal de Beja para primeiro interrogatório. Poderá vir a ser acusado de dois crimes de tentativa de homicídio na forma tentada e ser-lhe decretada a prisão preventiva como medida cautelar. De facto já nos basta o mal que cá temos, não necessitamos de importá-lo, particularmente quando o crime em Portugal está a tornar-se cada vez mais violento, mercê do contributo de mulheres e homens nacionais e estrangeiros, fenómeno que deverá ser objecto de um estudo sério para se apurarem as causas atendendo à segurança da população e de quem nos visita.
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