Um
casal francês na casa dos 50 foi julgado no passado dia 14 deste mês pelo
Tribunal de Chartres (Eure-et-Loir) por maus-tratos aos seus animais de
estimação, porque no dia 1 de dezembro de 2019, vários cães mortos foram
encontrados na sua casa. De acordo com os seus vizinhos, um fétido odor
espalhou-se pelo prédio. No total, dentro do apartamento, os gendarmes
descobriram quatro cães, quatro gatos, duas galinhas, um coelho e quatro peixes
dourados. Os animais apresentavam uma saúde precária e foram entregues aos
cuidados da sociedade francesa de protecção aos animais (SPA de Pays
Dunois),enquanto os seus donos foram levados a julgamento. Durante a audiência,
o advogado deste casal, residente em Châteaudun, tentou convencer o tribunal
que os seus constituintes sofriam da “Síndrome de Noé”, um distúrbio compulsivo
caracterizado por um acúmulo excessivo de animais de estimação. O tribunal
proferiu a sentença no passado dia 21 e o casal ficou obrigado a reembolsar 22.336
euros à SPA pelas despesas que teve com a alimentação e assistência médica dos
seus animais. Em simultâneo, o casal ficou obrigado a pagar quatro multas de 50
euros cada, para além de ficar proibido de manter animais.
Ao tomar conhecimento desta notícia e da sentença proferida pelo tribunal de Chartres, que foi exemplar, lembrei-me de repente que há por cá muita gente com a Síndrome de Noé, gente que colecciona cães sem contudo respeitar os seus direitos e bem-estar, cães constituídos em porcos, ora ignorados ora privados de liberdade, encerrados em canis para reproduzir, concorrentes a taras e doenças várias até que deixem de ter interesse, o que sempre contribuirá para a sua menor esperança de vida e trágico fim. Algo me diz que explorações impiedosas e abusivas destas, ao serem cada vez mais denunciadas, têm os seus dias contados.
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