sábado, 31 de outubro de 2020

5 TIPOS DIFERENTES DESDE O FINAL DA ERA GLACIAL

 

Um estudo global sobre o ADN de cães antigos, realizado por cientistas do Instituto Francis Crick, da Universidade de Oxford, da Universidade de Viena e por arqueólogos de mais de 10 países, apresenta evidências de que havia diferentes tipos (5) de cães há mais de 11.000 anos no período imediato após a Idade do Gelo. Neste estudo, publicado anteontem (dia 29 de outubro) na revista Science, a equipa de pesquisadores sequenciou ADN antigo de 27 cães, alguns dos quais viveram até quase 11.000 anos atrás, em toda a Europa, Médio-Oriente e Sibéria, descobrindo que neste momento histórico, logo após a Idade do Gelo e antes que qualquer outro animal fosse domesticado, já havia pelo menos cinco tipos diferentes de cães com ancestrais genéticos distintos. Esta descoberta revela que a diversidade observada hoje entre cães nas diferentes partes do mundo originou-se quando os homens eram ainda caçadores e colectores.

Pontus Skoglund, autor e líder do grupo do laboratório de Genómica Antiga do Instituto Francis Crick, afirma: "Algumas das variações que encontramos hoje nos cães que andam pelas ruas originaram-se na Idade do Gelo. No final deste período, os cães já se encontravam espalhados pelo hemisfério norte." Este estudo de genómica antiga sustenta-se sobre a extracção e análise de ADN de material esquelético, fornecendo uma janela para o passado e permitindo aos pesquisadores descobrir mudanças evolutivas que ocorreram há muitos milhares de anos. A equipa de investigação mostrou que, nos últimos 10.000 anos, estas linhagens de cães primitivas misturaram-se e deslocara-se para dar origem aos cães que conhecemos hoje. Por exemplo, os primeiros cães europeus eram inicialmente diversos, parecendo originar-se de duas populações altamente distintas, uma relacionada com os cães do Médio-Oriente e a outra com os cães siberianos. Todavia, essa diversidade perdeu-se em algum momento e não está presente nos actuais cães europeus.

Anders Bergström, autor principal e pesquisador de pós-doutorado no Laboratório de Genómica Antiga em Crick, diz: "Se olharmos para trás, para mais de quatro ou cinco mil anos atrás, podemos ver que a Europa era um lugar muito diverso no que aos cães diz respeito. Muito embora os cães europeus que vemos hoje tenham uma gama extraordinária de diferentes formas, geneticamente derivam apenas dum subconjunto muito restrito da diversidade que então existia." Os pesquisadores compararam também a evolução da história canina com as mudanças na evolução humana, estilos de vida e migrações. Em muitos casos, aconteceram mudanças comparáveis, possivelmente porque os humanos trouxeram consigo os seus cães enquanto efectuavam as suas migrações pelo mundo. Mas há também casos em que as histórias de homens e cães não coincidem. Tomemos como exemplo a perca da diversidade canina que existia no início da Europa e que foi causada pela disseminação de uma única ancestralidade que substituiu outras populações. Este evento dramático não se reflectiu nas populações humanas e nem tampouco se sabe o que causou essa mudança na ancestralidade dos cães europeus.

Greger Larson, autor e director da Rede de Pesquisa Paleogenómica e Bio Arqueológica da Universidade de Oxford, conclui: "Os cães são os nossos parceiros animais mais antigos e próximos. O uso do ADN de cães antigos está a mostrar-nos de quão longe vem a nossa história dividida e acabará por ajudar-nos a compreender quando e onde começou este relacionamento." Ron Pinhasi, autor e líder do grupo na Universidade de Viena, afirma: "Assim como o ADN antigo revolucionou o estudo de nossos ancestrais, está agora a começar a fazer o mesmo com os cães e outros animais domesticados. O estudo dos nossos companheiros animais adiciona outra camada para a melhor compreensão da história humana." Embora este estudo forneça novos e importantes esclarecimentos sobre a história inicial das populações caninas e do seu relacionamento com as humanas, subsistem muitas questões por esclarecer, particularmente uma que os cientistas continuam a tentar descobrir: onde e em que contexto cultural humano foram os cães domesticados pela primeira vez. A nosso ver, insignificante e pouco douto grupo de adestradores amadores, este importante estudo é uma ajuda substantiva para a compreensão dos cães que temos hoje e para a interacção que pretendemos desenvolver com eles.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

ROTTWEILERS OUTRA VEZ!

 

De acordo com o ilsole24ore.com, na sua edição de ontem, uma menina de 6 anos foi atacada por dois rottweilers em Capena, a norte de Roma, município com cerca de 10.000 habitantes que faz parte da área metropolitana da Cidade Eterna. A menina foi transportada pelo helicóptero de resgate para o Hospital Gemelli em estado grave e debaixo de código vermelho. As primeiras informações adiantam que os cães são de um vizinho, que a menina já os conhecia há algum tempo e que os teria encontrado numa rua secundária perto da sua residência. Quanto à sequência e a outros pormenores relativos ao incidente, aguardam-se posteriores esclarecimentos. Contudo, sabe-se que os Carabinieri da Esquadra de Capena intervieram no local e tomaram conta da ocorrência.

Sem ter como comentar uma notícia assim, tão escassa de informação e conteúdo, lamento em primeiro lugar o sucedido com a menina e espero o seu rápido restabelecimento, para dizer depois, de acordo com a minha experiência, que poucos cães são tão obedientes, fiáveis e amigos dos donos como os Rottweilers, o que não quer dizer que sejam cães para toda a gente, porque também nem a todos se pode confiar uma arma.

UM CÃO TÃO FOFINHO NA VÉSPERA DO HALLOWEEN

 

Não fora a humidade que se fazia sentir, juraria estar hoje num dia de verão. Com o calor a bater-me nas janelas e um pouco enfartado, decidi ir passear com o meu CPA negro depois de almoço, coisa que raramente faço neste horário para me escapar às arremetidas dos adoradores e bajuladores caninos. Apesar do dia do Halloween ser só amanhã, fartei-me de ver miúdos ataviados para o efeito, trajando indumentárias manifestamente mais ridículas do que fantasiosas. Como o pastor precisava de estender as pernas e galopar, não tive outro remédio do que “passá-lo à guia”, obrigá-lo a galopar ao meu redor no comprimento total da trela, conforme ilustra a foto acima. Ao entrar num jardim, para dar descanso ao animal e livrá-lo dos inoportunos que insistem em chocalhar-lhe a cabeça como se estivessem a ensaboá-la, e antes que me ensaboassem também o juízo a mim, aproveitei uma caixa eléctrica para isolá-lo e dar-lhe um ar menos simpático e mais intrigante.

Numa avenida quase deserta e de um momento para o outro, sou surpreendido por um aposentado com um pequeno cão malcriado, daqueles que parece querer comer este mundo e o outro. Ao ver o embaraço do idoso, que até podia ser mais novo do que eu, decidi não me cruzar com ele, imobilizei o meu cão e cedi-lhe a passagem. Ao ver a atitude do pequeno cão, o meu CPA mostrou-se indiferente e não esboçou qualquer resposta.

Durante o passeio fartei-me de ouvir a exclamação “que cão tão fofinho” e tive que anuir a alguns pedidos de festas, exactamente os mesmos que não pude evitar. A exclamação “cão fofinho” ouvi-a maioritariamente das crianças, o que me deixou sinceramente preocupado, porque nem todos os cães são fofinhos e todas as semanas há pelo menos um que mata uma criança algures. Como a maioria dos pais acredita em tudo o que ouve e não procura informar-se e, apesar de ter o meu cão irrepreensivelmente sociabilizado, quando as crianças são demais e os seus pais descuidados, opto do aumentar-lhe a silhueta para que ainda pareça maior, estratégia que até hoje tem surtido efeito.

Sempre acabo por descobrir algum obstáculo natural ou artificial para desenferrujar a interacção alcançada com o meu cão, que ainda por cima adora correr e saltar, sendo um verdadeiro ás no trote suspenso. Tem 3 anos, pesa um pouco mais de 45 kg e ainda se sente cachorro.

Depois de 2 km percorridos, retornei a casa com o “cão tão fofinho”, cujo dono ousou sair com ele na véspera do Halloween durante o dia (amanhã já não faço o mesmo, saio ao romper da aurora!).

VENDER NA INTERNET PARA VENCER A CRISE ECONÓMICA

 

Uma empresa de camas para cães de luxo perto da cidade de Market Rasen, no Distrito de West Lindsey, em Lincolnshire, Inglaterra, tem sido muito assediada com encomendas de clientes, viu aumentadas aos suas vendas e criou mais três postos de trabalho, apesar da pandemia do coronavírus e dos seus efeitos negativos sobre a economia global. Holly Bryant fundou a “Designed for Dogs” em Osgodby em Abril de 2017. A empresa fabrica manualmente uma variedade de roupas de cama para cães, cobertores, lenços, brinquedos, guloseimas e coberturas faciais, bem como camas por medida, duráveis e práticas para cães sujos. Estes produtos são vendidos online e na página da própria empresa no Etsy. Holly tem vindo a assistir a um aumento das suas vendas desde o início Pandemia, o que a levou a contratar em Outubro, três novos membros para a sua equipa local, num momento em que o desemprego atingiu o seu pico em três anos. A nova equipa ajudará na confecção dos produtos, fornecerá suporte administrativo e contribuirá para o crescimento do negócio.

Holly (na foto seguinte) mora com o marido Joe e com os seus dois cães, Rocky e Buster, também como três cavalos, a quem atribuiu os nomes de Harvey, Shai e Shadow. Sobre o negócio disse: “Começámos a fazer planos no início do COVID-19 para tentar salvar o negócio, manter-lhe o saldo positivo e buscar formas inovadoras de gerar receita face ao cancelamento de eventos em que exibíamos. Ficámos seriamente preocupados com o assunto e tememos que isso pudesse ter um efeito prejudicial nos negócios. Felizmente construímos uma base de clientes leais nos últimos três anos e com um novo foco nas vendas online, gerámos novos negócios que muitas vezes me obrigaram a trabalhar pela noite dentro para garantir que todos os pedidos chegassem a tempo. 

Estou muito animada para dar as boas-vindas à nova equipa no “HQ Projetado para Cães” e esperançada quanto ao nosso futuro. É preciso muito trabalho duro, determinação e autoconfiança para superar tempos turbulentos e imprevisíveis como este. Construir uma equipa forte que acredita na sua marca e na qualidade da sua oferta, ajuda-a a superar qualquer coisa.” Os futuros planos da “Designed For Dogs” já estão em andamento, incluem a construção de um estúdio maior e um depósito, em cuja frente haverá uma loja onde os clientes poderão comprar produtos prontos e camas para os seus cães sob medida. Holly espera ter tudo pronto pronto daqui a 12 ou 18 meses. Há que dar os parabéns a Holly Bryant pelo seu empreendedorismo. Cada um que tire as suas conclusões e eventualmente algum proveito do que acabou de ler.

VENI, VIDI, VICI

 

A frase acima, supostamente atribuída a Júlio César, que podemos traduzir para português como “Vim, vi, venci”, espelha bem os rápidos progressos alcançados no adestramento pelo binómio José António/Doc. Neste momento particular da sua vida, o Fila de S. Miguel Doc encontra-se excepcionalmente predisposto para uma multivariedade de exercícios e desafios, sejam eles físicos, psicológicos, cognitivos ou sociais, o que equivale também a dizer que o seu condutor se encontra sujeito a idêntica sobrecarga (ossos do ofício). No GIF acima vemos a progressão do Doc sobre um tronco irregular com 6m de extensão, com 25 cm de diâmetro, inicialmente elevado a 1,2 m do solo e depois a 1,7 m. O cão é conduzido em liberdade e é obrigado a reajustar-se de acordo com as irregularidades do tronco de madeira. No GIF abaixo é possível ver-se o grau de dificuldade na entrada do obstáculo, que obriga a um salto travado obre uma curta superfície de cimento imediatamente seguida pelo tronco.

Para matar saudades (quem sabe nunca esquece e o bicho nunca se perde) e para aliviar o dono, o Adestrador decidiu comandar o Doc num exercício de condução nuclear, valendo-se na ocasião de um tronco colocado sobre uma vala, onde fez uso dos comandos de “à frente”, “roda”, “up” (repetidamente sobre o tronco), “roda” novamente e “aqui”, A descontracção do cão é notória e a amizade que nutre pelo Adestrador não deixa dúvidas a ninguém.

Fazendo uso de um crescendo operativo possível e para reforço da condução nuclear a instalar no cão, o Adestrador acrescentou ao exercício anterior o deitar do animal sobre o tronco, dificuldade acrescida que o cão venceu com toda a naturalidade. Atendendo à extraordinária capacidade de aprendizagem do Doc, conforme se veio a verificar ontem, ele é capaz de fazer o tronco a recuar de ponta a ponta.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Clarinda/Keila; José António/Doc e Pedro/Luna (a Luna está a ficar cada vez mais robusta). A reportagem fotográfica foi da autoria do José António e do Adestrador, cabendo a montagem ao Paulo Jorge. A noite caiu serena e amena, própria para quem tão bem a disfrutou. 

NA PASSAGEM DO LUSCO-FUSCO PARA A NOITE

 

Como grande parte dos nossos cães se destina a ser sentinela, eles terão que ter igual desempenho tanto de dia como de noite. Por causa disso, o horário dos nossos trabalhos semanais abrange o final da tarde, o lusco-fusco e a noite, para que nem a intensidade da luz nem a sua ausência condicionem de alguma forma a prestação dos nossos fiéis amigos. Cada um destes três momentos diferentes do dia irá suscitar dos animais o uso primordial de um dos seus sentidos, o que acabará por potenciá-los e reajustá-los para a função. Contrariamente ao que alguns possam pensar, é no lusco-fusco que os cães vêem melhor e que naturalmente desenvolvem maior acuidade visual, o que inevitavelmente acabará também por melhorar a sua capacidade de concentração. Na foto acima vemos os 3 cães que trabalharam ontem na sessão de treino: a pequena CPA Luna, a SRD Keila e o Fila de S. Miguel Doc (a apresentação dos olhos deste cão parece tirada de um filme de terror).

PIADA PARA O FIM-DE-SEMANA: QUEM É QUE FALA?

 

Com a porta da esquadra fechada, um polícia de plantão ressona animadamente. De repente o telefone toca, o homem acorda sobressaltado, levanta o auscultador e ouve em tom aflito: “Venham depressa, está um cão feroz dentro do meu apartamento, é uma questão de vida ou de morte!” Ainda estremunhado, o polícia responde que o piquete já vai a caminho e pergunta com quem está a falar. “É com o gato!” – respondem-lhe do outro lado.

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

 

O Ranking semanal dos textos mais lidos obedeceu à seguinte preferência:

1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015

2º _ DANCING IN THE RAIN, editado em 19/10/2020

3º _ UM SEGURO ABRANGENTE, editado em 02/10/2020

4º _ SABIA QUE …, editado em 06/10/2020

5º _ TRABALHO MATINAL, editado em 26/09/2020

6º _ HÍBRIDO DE CHOW-CHOW/PASTOR ALEMÃO: MÁQUINA OU DESASTRE?, editado em 11/05/2016

7º _ DOC DE DOCTOR, editado em 17/1072020

8º _ NEVER DO THIS, editado em 25/09/2020

9º _ DOR NA NOITE, editado em 03/09/2020

10º _ GUARDA, editado em 23/1072020

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

 

O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim ordenado:

1º Estados Unidos, 2º Portugal, 3º Brasil, 4º Alemanha, 5º Reino Unido, 6º Irlanda, 7º Moçambique, 8º França, 9º Emirados Árabes Unidos e 10º Angola.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

FÉRIAS ATRIBULADAS

 

Na pequena cidade de Hatten, no Baixo Reno e no Departamento francês do Grand Est, a norte de Strasbourg (Straßburg, em alemão) e a nove milhas a sul de Wissembourg, ontem, quarta-feira, um pai de 46 anos e seu filho de 6, que para ali rumaram com a restante família para gozar férias, foram atacados por dois Rottweilers numa área residencial da cidade quando estavam a sair do mercado. O menino ainda conseguiu ir avisar o avô do ocorrido, uma vez que este mora perto do local onde tudo aconteceu. Pai e filho ficaram gravemente feridos nas pernas e no rosto, o primeiro foi evacuado pelo helicóptero da Segurança Civil e transferido para o Hautepierre CHU, hospital para onde o menino foi também transferido. Os cães ter-se-iam escapado do recinto onde foram presos e pulado a cerca.

Acredito que muitos proprietários caninos, independentemente das disposições legais em vigor (ver o nosso texto: “O ARTº 12 DA LEI Nº 46/2013 E OS CÃES DE GUARDA”, editado em 13 de Fevereiro de 2014), gostariam de saber que altura deverão dar aos muros para impedir que os seus cães se escapem. Pois bem, sem qualquer tipo de treino específico, um cão saudável é capaz de saltar um muro três vezes maior do que a sua altura, bastando para isso haver uma cadela com o cio por perto ou passar alguém do outro lado que o animal deteste particularmente, o que torna os muros de 1,8 metros de fácil transposição para qualquer cão médio, sendo para eles um salto natural. Ainda que haja cães capazes de ultrapassar muros com alturas 4 e 5 vezes maiores do que a sua altura, não o farão sem treino específico e dificilmente os ultrapassarão sem ordem expressa (2,4m ; 2,5m; 2,75m 3m …). Neste aspecto a lei portuguesa em vigor e relativa à altura de muros ou cercas está correcta – 2m. Muros abaixo deste valor são obstáculos de musculação para os cães, havendo muitos que se divertem a subi-los e descê-los, quando não têm mais nada que fazer.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

NEM COM A SÍNDROME DE NOÉ SE ESCAPARAM

 

Um casal francês na casa dos 50 foi julgado no passado dia 14 deste mês pelo Tribunal de Chartres (Eure-et-Loir) por maus-tratos aos seus animais de estimação, porque no dia 1 de dezembro de 2019, vários cães mortos foram encontrados na sua casa. De acordo com os seus vizinhos, um fétido odor espalhou-se pelo prédio. No total, dentro do apartamento, os gendarmes descobriram quatro cães, quatro gatos, duas galinhas, um coelho e quatro peixes dourados. Os animais apresentavam uma saúde precária e foram entregues aos cuidados da sociedade francesa de protecção aos animais (SPA de Pays Dunois),enquanto os seus donos foram levados a julgamento. Durante a audiência, o advogado deste casal, residente em Châteaudun, tentou convencer o tribunal que os seus constituintes sofriam da “Síndrome de Noé”, um distúrbio compulsivo caracterizado por um acúmulo excessivo de animais de estimação. O tribunal proferiu a sentença no passado dia 21 e o casal ficou obrigado a reembolsar 22.336 euros à SPA pelas despesas que teve com a alimentação e assistência médica dos seus animais. Em simultâneo, o casal ficou obrigado a pagar quatro multas de 50 euros cada, para além de ficar proibido de manter animais.

Ao tomar conhecimento desta notícia e da sentença proferida pelo tribunal de Chartres, que foi exemplar, lembrei-me de repente que há por cá muita gente com a Síndrome de Noé, gente que colecciona cães sem contudo respeitar os seus direitos e bem-estar, cães constituídos em porcos, ora ignorados ora privados de liberdade, encerrados em canis para reproduzir, concorrentes a taras e doenças várias até que deixem de ter interesse, o que sempre contribuirá para a sua menor esperança de vida e trágico fim. Algo me diz que explorações impiedosas e abusivas destas, ao serem cada vez mais denunciadas, têm os seus dias contados.

SOCIABILIZAÇÃO, DIVERTIMENTO E JOGO DA MACACA

 

Ontem fomos com o Fila Doc para a rua para que se sociabilizasse e encontrasse novidade de desafios nos espaços citadinos. Na foto acima é possível vê-lo na mão de uma jovem que trabalha numa pet shop, lojas hoje em dia fora de moda e quase desaparecidas graças às vendas pela Internet. No final do dia, no intuito de comprar um açaime para o cão, acabámos por sociabilizá-lo com um eufórico menino com 3 anos de idade. Cão agradou-se do miúdo e este não cabia em si de alegria, acabando por conduzir o animal debaixo da nossa supervisão.

Numa das nossas paragens encontrámos um histórico chafariz desactivado com uma roda de extracção de água e convidámos o Doc a saltar para cima da sua cobertura, ordenando-lhe que ali permanecesse quieto pelo tempo julgado conveniente.

Servindo-se de um vulgar baloiço, constituído para o cão em obstáculo de uso duplo oscilante, o Adestrador pediu ao Fila que saltasse sobre o seu assento e entre correntes, desafio que foi natural e rapidamente resolvido.

E como capacitar cães é em simultâneo ensinar os donos, pedimos ao Zé António que saltasse com o Doc um canteiro florido circular com um diâmetro de 2,5 metros e elevado a 50 cm do solo, conscientes de que aquela transposição estava perfeitamente ao alcance do animal, conforme se pode ver na foto abaixo, foto que espelha também o desacerto técnico ocasional do condutor que se encontra paralelo ao cão no segundo tempo do salto (suspensão), ao invés de já se encontrar na sua frente. Este atraso é também evidente no uso da trela, uma vez que o condutor está erroneamente a puxar o cão para cima quando o salto é em extensão (reparar no pormenor da projecção das mãos do animal). Depois de alertado para o desacerto, o Zé António acabou por conduzir correctamente o Doc.

Na última loja de animais que visitámos, deparámo-nos com uma minipista de agility e por divertimento pedimos ao Fila que vencesse um pequeno túnel flexível com 2 m de comprimento e 40 cm de diâmetro. Apesar de tal não ser fácil para um cão de 63 cm de altura, por causa da obediência que já tem, o bom do Doc enfiou-se pelo túnel sem hesitar.

Obtivemos a mesma resposta do cão quando o convidámos para ultrapassar uma passerelle baixinha e bastante convidativa. O cão, na saída deste pequeno e gracioso obstáculo, viu-se obrigado a atirar-se para a esquerda porque na sua frente estavam várias camas para venda.

Num colorido jogo da macaca desenhado no solo e destinado a crianças e graúdos, procurámos melhorar a concentração do Fila e a sua fixação na pessoa do dono, obrigando-o a parar de duas em duas casas (com uma de intervalo), para que o exercício não resultasse em saturação para o simpático animal.

E assim se passou mais um dia de treino agradável, onde os objectivos foram cumpridos, a Isabelinha não se queixou da caminhada, o tempo esteve de feição e cão trouxe alegria a quem com ele se cruzou. É bom ter um cão assim, que ao invés de assustar as pessoas, parte feliz ao seu encontro como se fosse um amigo de longa data.

ROTTWEILER RAPTA BEBÉ RECÉM-NASCIDO FATALMENTE E TENTA ENTERRÁ-LO NO QUINTAL

 

Muitos de nós já assistimos àquela manifestação instintiva que leva os cães a enterrar restos de comida, ossos ou brinquedos. No caso da comida, há quem diga que a guardam para mais tarde se saciarem, quando na verdade não sabem porque agem assim. Este comportamento é comum a todos os grupos somáticos caninos e abrange tanto machos como fêmeas, resquício atávico que pode ser contrariado e eliminado porque os cães têm poucos instintos e não os seguem cegamente, particularmente quando há bebés recém-nascidos em casa, como aconteceu no último domingo à noite na cidade neozelandesa de Hamilton, onde um Rottweiler abocanhou fatalmente um bebé com 1 dia de vida e tentou enterrá-lo no quintal, aproveitando a ausência da mãe que momentaneamente se afastou do recém-nascido para ir à casa de banho. Apesar de transportado para o hospital, o bebé viria a morrer em função dos ferimentos infligidos pelo molosso alemão, Rottweiler a rondar os 2 anos de idade, adoptado recentemente por aquela família, que no dia do incidente já havia fugido de casa e que a mãe do bebé ajudou a recapturar e a trazer de volta a casa?!

Lamentavelmente incidentes destes repetem-se com alguma frequência onde cães e crianças de tenra idade coabitam debaixo do mesmo tecto, como recentemente aconteceu no Reino Unido. Graças à ignorância, despreparo e ausência de cuidado dos pais, que entendendo os cães de modo fantasioso, acabam por condenar os seus filhos à morte ao deixá-los ao alcance destes animais, independentemente do grau de controlo que possam ter sobre eles, que normalmente não são objecto de qualquer tipo de educação por ser julgado dispensável. Deverei eu condenar o Rottweiler por ser cão, ter instintos e ser descendente de lobo? É evidente que não! Quem é que criou e potenciou o perigo que levou à morte do bebé por imprudência e extrema imprevisão, violando o dever de acautelar o seu cuidado? Obviamente a mãe, que a nosso ver cometeu homicídio por negligência! O seu dever não era zelar pela vida do bebé? E se era, porque se ausentou sem primeiro prender o cão que mal conhecia? Só pode ter sido por extrema imprevisão e imprudência. Nem que seja só por um minuto, não devemos afastar-nos dos bebés e crianças de tenra idade sem primeiro prender os cães. O cumprimento desta regra pode salvar vidas!

BRAUNSCHWEIG É JÁ ALI AO VIRAR DA ESQUINA

 

O que aconteceu na passada sexta-feira pelas 23h10 na cidade alemã de Braunschweig, no estado de Niedersachsen, pode acontecer em qualquer lado onde os predadores sexuais espreitem. Nesta cidade saxã uma jovem de 19 anos saiu à noite para passear o seu cão e ao entrar num beco sem saída, um estranho agarra-lhe um braço e tenta dominá-la. De acordo com o relatório policial, a jovem resistiu e tentou desenvencilhar-se. O seu cão, que ela já havia soltado, quiçá por sentir a dona em perigo, retorna e rosna para o agressor, obrigando-o a soltá-la e a desaparecer praguejando. Após o incidente, a jovem, que conseguiu descrever sumariamente o agressor, apresentou queixa na polícia e esta deu início a um processo criminal por tentativa de agressão sexual.

Não creio que o cão dissuasor seja grande ou muito grande, porque doutro modo a notícia dada pela “RTL.de” tê-lo ia manifestado, mas de duas coisas tenho a certeza: o agressor intimidou-se com a reacção do animal e o carácter do cão ditou o final do incidente, apesar de nada disso esconder a imprudência da sua dona, que deveria circular por ruas abertas e bem iluminadas. A escolha errada do trajecto a percorrer facilitou os intentos do predador sexual, que afortunadamente parece ter medo de cães, uma vez que a simples ameaça do cão conseguiu travá-lo, o que raramente acontece. Seja prudente nas saídas ao exterior com o seu cão e considere prioritariamente a segurança de ambos na escolha dos trajectos ou percursos, porque se não o fizer poderá correr vários perigos e até ficar sem o seu amigo de 4 patas. Por outro lado, um cão grande, ameaçador e devidamente preparado poderá dissuadir o mais afoito dos agressores e violadores (o cão pode ser uma arma).

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

O COVID MATA MUITOS E OS CÃES TRATAM DO RESTO!

 

A presente pandemia tem sido particularmente impiedosa com os mais velhos, entregando à morte grande número deles e, como se isso já não bastasse, os cães acabam por beliscar ou ferir seriamente os sobreviventes. A “caça aos idosos”, alvos preferenciais dos cães logo a seguir às crianças de tenra idade, que já acontecia antes do Covid-19 e que tem vindo a aumentar com o crescente número de cães nas zonas urbanas, continua implacável, já que raro é o dia em que um idoso não é atacado algures por um “amigo de 4 patas”. Em Dresden, cidade alemã que é capital do Estado do Sachsen, no passado dia 10 de Outubro, pelas 10 horas da manhã, uma senhora de 70 anos de idade foi mordida na via pública por um dos três cães de um casal que com ela se cruzou, animais que eram conduzidos à trela. A septuagenária foi mordida duas vezes num braço e sofreu ferimentos ligeiros. Os donos dos cães escapuliram-se para lugar desconhecido, não prestaram socorro à senhora e continuam a ser procurados pela polícia de Dresden.

Creio que ninguém duvida que estamos perante uma alta proliferação de cães nas cidades e que muitos deles não foram parar às mãos certas, porque saber cuidar e educar um animal não está infelizmente ao alcance de todos. A prová-lo está o elevado número de ataques caninos por toda a parte e o amontoar das suas vítimas. A solução não está em penalizar determinadas raças, mas em habilitar todos os que pretendem ser proprietários caninos, habilitação que caberá aos diferentes governos levar a cabo para protecção dos seus cidadãos em geral, mediante aprovação em exame prático-teórico, porque quando alguém se faz acompanhar por um cão está a conduzi-lo. Esta solução encontra-se em fase embrionária e já acontece isoladamente em algumas cidades estrangeiras como temos dado notícia, onde os seus autarcas procuram parar os ataques caninos.

GUARDA: A SURPRESA, A FORÇA DE IMPACTO E O DERRUBE

 

No confronto directo com os homens só a surpresa dará vantagem aos cães de guarda. É possível condicioná-los a atacar zonas vitais e a procurar a imobilização dos seus oponentes, manobras cujo sucesso dependerá da ocasião, da envergadura dos cães e da experiência de quem enfrentam. Com tantos condicionalismos, visando a captura efectiva, os cães têm que evoluir dissimulados e aparecer de surpresa. Mas, mesmo assim, terão que exercer uma força de impacto capaz de derrubar os seus opositores, o que realmente lhes dará uma vantagem extra. Dotar um cão com uma força de impacto capaz de derrubar um homem de 85 kg só será possível quando o animal aprender a usar a totalidade do seu peso tal qual uma bala de canhão, o que jamais fará se usar primeiro os dentes, como é a sua tendência natural. 

Apesar de alguma dificuldade inicial, todos os cães poderão aprender a fazê-lo, a tirar partido do seu peso, velocidade e do uso concertado dos seus membros (ex: uma pata no olho de alguém deixa-o por momentos parcialmente cego e aturdido; o rasgar das unhas de um cão na cara ou nas orelhas de um intruso poderá fazê-lo abandonar os seus intentos). No mais, importa não esquecer que ataques previsíveis são de muito fácil defesa e que esta pode ser amplamente treinada até os fazer gorar.

domingo, 25 de outubro de 2020

ÍNDIA: A ESCÓRIA POR DETRÁS DO ÍDILICO

 

Em Mumbai, outrora Bombaim, a maior e mais importante cidade da Índia, segundo relatou o Times of Índia online anteontem, há 3 dias atrás, uma cadela foi estuprada dentro de um centro comercial, o animal ferido e ensanguentado foi levado às pressas para o Centro de Cuidados Animais da “World for All”, onde um pedaço de madeira com 11 polegadas (27.94 cm) foi retirado da sua área genital. Em virtude do ocorrido, o Oficial de Bem-estar Animal, Geeten Dudani, apresentou uma queixa contra estranhos na esquadra de polícia de Powai ao abrigo da Lei de Prevenção da Crueldade contra os Animais de 1960, informando também que a cadela, designada por Noorie, está estável após aquela cirurgia crítica. O mesmo oficial suspeita que o estupro da cadela tenha sido obra de duas ou mais pessoas e acontecido perto do Centro Comercial. Foi pedido à polícia local que verifique todas as imagens de CCTV do complexo comercial, enquanto as investigações continuam para encontrar os culpados.

Lamentavelmente, a Índia tem tanto de ídilico e místico como de trampa e miséria, espelhando em simultâneo abissais assimetrias culturais e sociais que são um verdadeiro atentado aos Direitos Humanos. E se estes são ignorados lá, imagine-se como serão considerados e tratados os animais que não gozam do estatuto de “sagrados”. Violadores dos direitos dos animais também os temos por cá ocasionalmente, mas não com tanta incidência e com tamanha crueldade como acontece no subcontinente indiano, onde a miséria dá um colorido especial ao crime e à desgraça. Actos destes envergonham-nos a todos, mas importa desmascará-los para que não voltem a acontecer.

DIPLOMA DE CÃO JÚNIOR

Alcançar a coexistência harmoniosa entre crianças e cães é o objectivo de alguns seminários que já começaram no estado alemão de Rheinland-Pfalz, onde um treinador de cães dá seminários de quatro horas sobre como lidar com cães a grupos de jovens entre os 10 e os 15 anos de idade, em número nunca inferior a quatro e superior a seis. No final, após exame, os participantes recebem um “Diploma de Cão Júnior”. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente de Mainz, a Associação de Protecção Animal do Distrito de Ahrweiler é a primeira instituição a receber a aprovação de financiamento para o programa que começou este ano.

Quando os cães são entregues no abrigo de animais, costuma dizer-se que eles "não podem estar com crianças", explica Irene Krah, do conselho de directores da associação de bem-estar animal. No entanto, junto com o líder do seminário, faz-se presente um treinador autónomo de cães, acompanhado dos seus cães mestiços Kyra e Bumble, que se destinam também a crianças e jovens que não têm cão. “É muito importante que as crianças e os jovens percebam que um cão, como um gato ou um rato, é um ser vivo e não um brinquedo”, afirma Krah. Os participantes do seminário são encorajados a olhar atentamente para as expressões mímicas dos cães, para entenderem a linguagem corporal fornecida pelas suas orelhas e caudas. "Você tem que reparar no cão de alto a baixo para conseguir lê-lo", explica Krah.

O material didáctico da Associação Alemã de Bem-Estar Animal faz parte dos conteúdos de ensino e completa os aspectos ligados à manutenção canina. Os participantes aprendem, por exemplo, que não devem acariciar a cabeça de um cão, porque “a tornam pequena", explica o activista dos direitos dos animais. O material do seminário também fornece informações sobre as diferentes raças de cães. Os primeiros seminários foram totalmente preenchidos segundo Krah, que aguarda novas inscrições no site da associação. "Temos compromissos até dezembro. A resposta é muito boa e todos vão para casa com entusiasmo." O Ministério do Meio Ambiente apoia cada curso gratuito com 300 euros e o estado oferece um total de 9.000 euros. "O lidar adequado com os cães é tão importante para eles como para as pessoas", disse a ministra do Meio Ambiente, Ulrike Höfken do Partido dos Verdes, que mais adiante rematou: "É por isso que é particularmente importante para mim, saber que até as crianças podem interpretar correctamente o comportamento dos cães e reagir de acordo”.

Atendendo ao número avultado de cães nos espaços públicos e nos lares portugueses, uma iniciativa destas seria muito bem-vinda aqui, de acordo com este modelo ou outro que melhor se adaptasse à nossa realidade pedagógica e socioeconómica. 

EVITE A "MALTA DO DEIXA MORDER E PÕE-SE AO FRESCO"

 
Sankt Ingbert é uma cidade alemã no Distrito de Saarplatz, Estado de Saarland, onde na passada sexta-feira, dia 23 de outubro, por volta das 23 horas, numa das suas artérias, aconteceu o ataque de um Pitbull sobre um Dachshund de um residente de 67 anos. O pequeno cão ficou gravemente ferido e o dono do Pitbull fugiu com ele em direcção ao centro da cidade, sem pelo menos ter dado o seu nome, sendo agora procurado pela polícia.

Tendo em vista o que aconteceu em Sankt Ingbert e que acontece um pouco por toda a parte, daqui aconselhamos todos os proprietários caninos em geral e particularmente aqueles que têm cães mais frágeis, a não saírem muito tarde à noite para sítios mal iluminados e mais isolados, horas e locais que os donos dos cães perigosos aproveitam para soltá-los e livrá-los dos açaimes, por norma pouco policiados ou de patrulhamento já conhecido. É evidente que temos conhecimento de meios e estratégias capazes de diminuir o dolo causado por estes cães em si, no seu cão ou em ambos, mas pode crer que a estratégia mais eficaz é a prevenção. Assim, evite encontrar-se com a “malta do deixa morder e põe ao fresco”.