Ninguém pode negar que os descendentes da Haus Sachsen-Coburg und Gotha
acrescentaram às diferentes casas reais europeias arte, erudição e classe,
cite-se como exemplo o caso do nosso D. Fernando II, marido de D. Maria II, a
quem, entre tantas coisas, devemos a preservação do Mosteiro da Batalha e a
construção do Palácio da Pena em Sintra. É conhecida a preferência da Rainha
Elizabeth II pelos Welsh Corgi Pembroke, uma raça de cães pequenos,
originalmente pastores, muito inteligentes e extraordinariamente obedientes,
hoje fora de moda e, por causa disso, em vias de extinção, segundo o que faz
saber a Sociedade Canina Britânica (KC), que considera em vias de extinção
qualquer raça com menos de 300 exemplares anuais, registados no seu Livro de
Origens. Não fora a preferência da Rainha e o reconhecido conservadorismo
inglês, há muito que os Pembroke teriam desaparecido, agora substituídos por
outros cães toy, da preferência de cantores e actores consagrados que,
involuntariamente, induzem os seus fãs a idêntica escolha.
A nós pouco nos interessa, por mais bizarro que a
outros pareça, que os cães de Sua Alteza Real comam lombo de vitela, tenham um
“chef” para lhes confeccionar os menus e um “garçon” para os servir, porque
sabemos que todos daríamos o mesmo aos nossos cães, se tal nos fosse possível. Quem
não gostaria de os tratar como autênticos reizinhos? De qualquer maneira, a
escolha da comida confeccionada em detrimento da ração, mostra o saber da
Soberana, porque a ração, sendo uma comida de substituição, melhor serve aos
donos do que ao cães. Mais importante que tudo isto é o facto daqueles cães só
comerem à ordem da Rainha, depois dela ter supervisionado, inspeccionado e haver
colocado no repasto um molho do seu agrado (gravy), lição que todos os
proprietários caninos deveriam guardar, para não serem mordidos pelos seus
pupilos e para evitar que comam às mãos de qualquer um, particularmente o que
não devem e que lhes pode ser fatal.
Como parte indispensável da sua educação, mal
os cachorros chegam a nossa casa, deverão aguardar ordem para comer, mesmo que
não sejam os donos a confeccionar e a distribuir a comida (o que até seria o
ideal), pré-requisito de suma importância para a futura aprovação na recusa de
engodos. Porque são animais de hábitos, ricos em personalidade e que gostam de
se sentir agradados, os cães assimilam as rotinas diárias sem maior dificuldade
e a breve trecho não as dispensarão, uma vez constituídas em protocolos que
sustentam o seu modo de vida. Acrescenta-se ainda como curiosidade e em abono
do zelo da Soberana pelos cães, que ela, depois de provar roupa, leva um íman para
aqueles aposentos, para que nenhuma agulha possa molestar os seus animais,
contrariamente a muita plebe portuguesa, que solta os seus cães por toda a
parte, sem aquilatar primeiro da sua salvaguarda. Quem quiser saber mais acerca
do relacionamento de Isabel II com os seus pets, poderá comprar o livro “Pets
by Royal Appointment”, da autoria de
Brian Hoey, biografo daquela monarquia.
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