quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

UMA LIÇÃO COM CLASSE: OS CÃES DA RAINHA ELIZABETH II

Ninguém pode negar que os descendentes da Haus Sachsen-Coburg und Gotha acrescentaram às diferentes casas reais europeias arte, erudição e classe, cite-se como exemplo o caso do nosso D. Fernando II, marido de D. Maria II, a quem, entre tantas coisas, devemos a preservação do Mosteiro da Batalha e a construção do Palácio da Pena em Sintra. É conhecida a preferência da Rainha Elizabeth II pelos Welsh Corgi Pembroke, uma raça de cães pequenos, originalmente pastores, muito inteligentes e extraordinariamente obedientes, hoje fora de moda e, por causa disso, em vias de extinção, segundo o que faz saber a Sociedade Canina Britânica (KC), que considera em vias de extinção qualquer raça com menos de 300 exemplares anuais, registados no seu Livro de Origens. Não fora a preferência da Rainha e o reconhecido conservadorismo inglês, há muito que os Pembroke teriam desaparecido, agora substituídos por outros cães toy, da preferência de cantores e actores consagrados que, involuntariamente, induzem os seus fãs a idêntica escolha.
A nós pouco nos interessa, por mais bizarro que a outros pareça, que os cães de Sua Alteza Real comam lombo de vitela, tenham um “chef” para lhes confeccionar os menus e um “garçon” para os servir, porque sabemos que todos daríamos o mesmo aos nossos cães, se tal nos fosse possível. Quem não gostaria de os tratar como autênticos reizinhos? De qualquer maneira, a escolha da comida confeccionada em detrimento da ração, mostra o saber da Soberana, porque a ração, sendo uma comida de substituição, melhor serve aos donos do que ao cães. Mais importante que tudo isto é o facto daqueles cães só comerem à ordem da Rainha, depois dela ter supervisionado, inspeccionado e haver colocado no repasto um molho do seu agrado (gravy), lição que todos os proprietários caninos deveriam guardar, para não serem mordidos pelos seus pupilos e para evitar que comam às mãos de qualquer um, particularmente o que não devem e que lhes pode ser fatal.
Como parte indispensável da sua educação, mal os cachorros chegam a nossa casa, deverão aguardar ordem para comer, mesmo que não sejam os donos a confeccionar e a distribuir a comida (o que até seria o ideal), pré-requisito de suma importância para a futura aprovação na recusa de engodos. Porque são animais de hábitos, ricos em personalidade e que gostam de se sentir agradados, os cães assimilam as rotinas diárias sem maior dificuldade e a breve trecho não as dispensarão, uma vez constituídas em protocolos que sustentam o seu modo de vida. Acrescenta-se ainda como curiosidade e em abono do zelo da Soberana pelos cães, que ela, depois de provar roupa, leva um íman para aqueles aposentos, para que nenhuma agulha possa molestar os seus animais, contrariamente a muita plebe portuguesa, que solta os seus cães por toda a parte, sem aquilatar primeiro da sua salvaguarda. Quem quiser saber mais acerca do relacionamento de Isabel II com os seus pets, poderá comprar o livro “Pets by Royal Appointment”, da autoria de Brian Hoey, biografo daquela monarquia.

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