Longe
vão os tempos em que o colonialismo europeu jogava para segundo plano as nações
asiáticas, interessado que andava na procura de matérias-primas para valer às
suas sociedades e alimentar as suas indústrias. Hoje existe um conjunto de
nações asiáticas económica e cientificamente emergentes, extraordinariamente
ricas e avançadas, ao ponto de consumirmos muito da sua produção sem darmos por
isso. A universidade tailandesa de Chulalongkorn, através do Chulalongkorn
Veterinary Service (CUVET), revelou o último dos seus esforços – o adestramento
de uma matilha de cães para detecção de pessoas infectadas pelo Covid-19. Os 6
primeiros cães do projecto alcançaram uma precisão de 95% e encontram-se
prontos para operar nos aeroportos como apoio ao processo normal de triagem. A
triagem da temperatura funciona apenas em casos sintomáticos de Covid-19, mas
os cães vão para além disso e são treinados para detectar pessoas
assintomáticas. O projecto, que recebeu o nome de “Sniffer Dogs to Detect Asymptomatic
COVID-19 Cases”, é o trabalho mais recente da CUVET em colaboração com a Chula
Faculties of Medicine and Science e conta com o apoio financeiro da Chevron
Thailand Exploration and Production Co., Ltd.
“Como
o olfacto de um cão é 50 vezes superior ao dos humanos, então pensámos explorar
este potencial, principalmente em Labradores com a sua longa cavidade nasal.
Eles são muito sensíveis a cheiros, são amigáveis e fáceis de treinar.
Escolhemos inicialmente seis cães para serem treinados neste projeto” (na foto
seguinte), disse a Prof.ª Dr.ª Kewali Chatdarong, Vice-Reitora de Pesquisa e
Inovação da CUVET e chefe do projecto de pesquisa. “Os testes mostraram que
esta matilha de cães foi 94,8% precisa na detecção de casos COVID-19
assintomáticos, comparável a outros países, como Finlândia, Alemanha, França e
Austrália, etc.“
“A
equipa de pesquisa recolheu amostras de suor de pessoas infectadas, amostras de
secreção confirmada sem contaminação viral. O suor foi enxuto nas axilas com
almofadas de algodão e meias, sendo depois as amostras armazenadas num
laboratório de biossegurança. Depois, essas almofadas e meias de algodão foram
colocadas em latas para os cães cheirarem. Após terem cheirado as amostras, os
cães sentaram-se imediatamente diante das pessoas infectadas, ainda que
assintomáticas. Todos os procedimentos de teste foram seguros tanto para os
cães quanto para o pessoal envolvido. A equipa usou amostras de suor de pessoas
infectadas com COVID-19 e deixou os cães farejarem à distância. Todas as ferramentas
foram esterilizadas”, confirmou a Prof.ª Dr.ª associada Somporn Techangamsuwan
(na foto abaixo), veterinária de doenças infecciosas e uma das pesquisadoras.
A
pesquisa foi realizada num período de seis meses e dividida em três fases. A
primeira fase, com a duração de dois meses, foi dedica a testar a habilidade
dos cães, treinando-os para distinguir o odor da pessoa infectada com precisão,
velocidade e certeza. O treino preparatório recebeu apoio da 43ª Divisão da
Polícia de Patrulha de Fronteira e da PQA Associate Co., Ltd. Depois vieram os
testes práticos em aeroportos, portos e destinos turísticos populares,
permitindo que os cães farejassem os pés das pessoas. O foco da terceira fase
recaiu sobre novas ferramentas de triagem, como sensores para identificar
pessoas que se enquadram no perfil de infecção, sob a orientação dos membros do
corpo docente da Faculdade de Ciências, liderada pela Prof.ª Dr.ª Thammanoon
Nuchak e pela Dr.ª Chadin Kulsing. “Este é um projeto protótipo na Tailândia de
treino canino para uso médico. No futuro, haverá treino para detectar outras
doenças como diabetes, depressão, malária e Alzheimer”, concluiu a Prof.ª Dr.ª
Kewali, Líder do Projeto.
A Tailândia é sem dúvida um excelente destino turístico, mas é muito mais do que isso, é um país recentemente industrializado e um grande exportador, uma nação onde vale a pena investir e fazer negócios, agora também desperta, através da ciência, para o adestramento e para os benefícios dos cães em prol da saúde e bem-estar das pessoas.
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