quinta-feira, 15 de abril de 2021

SOLTÁ-LOS DÁ DISPARATE

 

Na cidade alemã de Bielefeld, no estado de Nordrhein-Westfalen, segundo informou ontem a polícia local, na passada segunda-feira, dia 12 deste mês, dois Huskies que se encontravam soltos numa área livre para cães, repentinamente, ensurdeceram-se para as suas donas, senhoras de 17 e 31 anos, e correram em direcção a um bosque, onde atacaram três alpacas acompanhados por 3 pessoas, incluindo o seu proprietário, um cavalheiro de 57 anos de idade que ficou levemente ferido. O casal proprietário das alpacas tentou evitar novos ataques dos cães e foi numa dessas tentativas que o homem foi ferido. Pouco tempo depois, as senhoras conseguiram recuperar o controlo dos seus cães. As autoridades policiais não forneceram detalhes sobre a gravidade dos ferimentos infligidos aos animais atacados, muito embora se saiba que foram mordidos pelos Huskies na zona das pernas. Entretanto, foram apresentadas acusações de agressão pelos polícias chamados ao incidente.

Comecemos pelos Huskies e pela incúria das suas donas, primeira responsável pelos danos causados, que na ausência de socorro, poderiam ser substancialmente maiores e até levar à morte das alpacas. Estranhamente, gostamos por vezes daquilo que nos condena e acabamos vítimas das nossas escolhas emocionais. Nada é mais fofinho que um Husky, principalmente se tiver aqueles olhos azuis penetrantes, o manto denso e agradável ao toque, um semblante terno e a extraordinária graciosidade de movimentos. Com estes atributos, ele é um verdadeiro peluche de carne e osso! Todavia, poucos cães há que sejam tão pouco interactivos como ele, que reclama desmesuradamente liberdade de movimentos e que ao contrário do comum dos cães, vive mais para si próprio e para os seus instintos do que para os seus donos. 

Ele é um caçador inveterado, um predador de nomeada, sendo inclusive capaz de sobreviver sozinho, se obrigado a isso, pois está na ténue fronteira entre o cão e o lobo. Cães destes, mesmo adestrados, convém que estejam bem seguros ou cercados, porque de um momento para o outro são acometidos de um “vaipe” e desaparecem, causam estragos e podem nunca mais voltar. O condicionamento nestes cães obriga-os ao constante reavivamento e acompanhá-los-á para toda a vida. Curiosamente, por terem encantado, subornado e conquistado o coração dos seus donos, raros são os Huskies que frequentam escolas caninas e muitos são os que causam tremendos disparates, como o acontecido em Bielefeld sobre animais dóceis e indefesos (alpacas). Na esmagadora maioria dos casos soltar um Husky é uma asneira pela certa, uma prepotência e um acto de profunda irresponsabilidade perante os animais de outrem.


A alpaca (Vicugna pacos) é um mamífero ruminante sul-americano, natural a Cordilheira dos Andes, muito próximo da vicunha e um pouco mais distante do Guanaco e da lhama, que pertence à família dos camelídeos, que ao contrário da sua parente vicunha é um dócil animal doméstico com o hábito de cuspir para mostrar a agressividade que não tem. Hoje a criação de alpacas encontra-se disseminada por todo o globo, muito embora a sua maior população se encontre no Peru, com aproximadamente 3 milhões de cabeças, o que é mais do que 87% da sua população mundial. A transmigração da alpaca deve-se à qualidade das fibras da sua lã e ultimamente tem vindo a transformar-se num animal de estimação para quem o aprecia e tem espaço para ele.
 

Muito recentemente, pesquisadores da Universidade Austral do Chile, em colaboração com cientistas australianos e europeus, pelos resultados alcançados, descobriram nas alpacas um anticorpo capaz de neutralizar o SARS-CoV sul-africano, britânico e brasileiro, o que é uma boa notícia para todos. Em Bielefeld foram alpacas, podiam ser cavalos, vacas, porcos, veados, coelhos e até patos, perus e galinhas – o Husky é um predador de topo e em matilha ainda é pior!

Sem comentários:

Enviar um comentário