Contrariamente
ao anunciado, a máquina que a polícia baptizou de “Digidog”, tornou-se numa
fonte de acalorados debates, depois que foi vista como parte da resposta
policial numa invasão domiciliar no Bronx, em Fevereiro, comparando-a os seus críticos
a um drone de vigilância distópico (opressivo e assustador). Quando a polícia
usou o cão-robot este mês num prédio de habitação pública em Manhattan,
irrompeu uma nova reacção com algumas pessoas a associar o robot com a excessiva
agressividade policial contra as comunidades mais pobres. Agora, as acções do
Digidog na grande cidade foram interrompidas e silenciadas. Em resposta a uma
intimidação do vereador Ben Kallos e do Presidente do Conselho Corey Johnson, que
solicitava os registos relacionados com o cão-robot, a polícia respondeu que um
contrato no valor aproximado de US $ 94.000 para alugá-lo
ao seu criador, a Boston Dynamics, já havia sido rescindido no passado dia 22
de Abril (que conveniente).
John
Miller, Subcomissário do departamento de Polícia para a Inteligência e Contraterrorismo,
confirmou ontem, quarta-feira, que o contrato foi cancelado e que o cão-robot
foi devolvido à Boston Dynamics ou sê-lo-ia em breve. O mesmo Miller disse numa
entrevista que o aluguer da máquina estava programado para terminar em Agosto e
que a Polícia planeava testar as suas capacidades até esse mês. Segundo ele
(Miller), o Departamento da Polícia Nova-Iorquino mudou os seus planos, depois
que o Digidog se tornou um alvo para as pessoas que indevidamente o usaram para
alimentar discussões sobre racismo e violência.
Kallos, um democrata que representa o Upper
East Side, bairro residencial de gente abastada, restaurantes elegantes, lojas
de designer e muitos motivos de interesse cultural, assumiu uma posição
diferente ao dizer que a presença do cão-robot em Nova Iorque ressalta o que
chamou de “militarização da polícia”, comparando o Digidog aos cães-robots do
episódio “Metalhead” de 2017 do programa de televisão “Black Mirror”. “ Numa altura
em que deveríamos ter mais polícias nas ruas, relacionando-se com os
residentes, eles (a Polícia) estão na verdade a ir noutra direcção ao
substituir-se por robots”, disse este representante do Upper East Side. Assim
acaba por enquanto e sem glória, vítima também dos problemas raciais
actualmente vividos nos Estados Unidos, a participação policial do cão-robot da
Boston Dynamics na cidade de Nova Iorque, cuja polícia baptizou de Digidog.
PS: Este texto teve como base um artigo publicado pelo New York Times no dia de ontem.
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