quarta-feira, 7 de abril de 2021

PRATICAR DE MANHÃ PARA ENSINAR À TARDE

 

Com o Pedro Rodrigues de férias e cheio de vontade de trabalhar, acaba por vir de manhã às aulas para não se atrasar. Exceptuando uma cadela velha, um cachorro CPA e os cães de um condutor mal-ajeitado, a maioria dos cães escolares encontra-se ao mesmo nível e o trabalho é igual para todos ainda que com pequenas diferenças, diferenças essas resultantes do particular dos donos e dos cães. De qualquer modo, no que à prestação da minha pessoa diz respeito, pratico de manhã para ensinar à tarde, experimentando as possíveis dificuldades que os meus alunos terão pela frente. Nesta altura do campeonato, a ênfase recai mais sobre o ensino dos donos do que dos cães, o que não é tarefa fácil. No GIF acima, com a colaboração da cachorra CPA Luna, pedi-lhe que fosse rápida na entrada da passerelle e que rastejasse imediatamente na sua prancha central, tudo para que obedeça prontamente mesmo quando surpreendida. No GIF abaixo juntei 3 modos de progressão: o “junto”, o “rastejar” e o “lateralizar”, objectivando a rapidez de resposta da CPA, que mostrou a disponibilidade necessária.

Debaixo do mesmo propósito, mas como recompensa pelo trabalho efectuado, devolvemos a cadela ao dono e foram ambos até ao “berço”, onde Luna saltou por dentro do corpo do obstáculo e efectuou um salto de ida e volta sobre ele, obstáculo de projecção negativa, ilusório na saída, próprio da endurance e que obriga a um salto simultaneamente elevado e comprido. Como seria de esperar, considerando as horas de treino que a Luna tem, o exercício resultou numa brincadeira.

Como a obediência quando solicitada isoladamente a um cão é castradora, podendo inclusive condená-lo à inutilidade ou condicionar negativamente o seu desempenho, importa que seja intercalada com recompensas e exercícios lúdicos, para que o animal se sinta aprovado, aceite o trabalho, não tema o dono e não perca autonomia. Na foto abaixo, tirada após os exercícios mais duros de obediência, vemos a Luna a saltar feliz para agarrar o seu brinquedo suspenso, para lhe reavivar o instinto de presa, o impulso à luta e impedir que desleixe o seu sentimento territorial e prescinda do seu impulso ao poder, que naturalmente são mais fracos nas cadelas. Em certos aspectos, a obediência canina lembra o apertar de um parafuso, que deve ser bem apertado sem contudo se partir. Nenhum cão deve experimentar a derrota, porque isso geralmente implica na despromoção social e numa excessiva e gratuita subordinação do animal, amigo que ao invés queremos valente, apto para nos ajudar e com autonomia para isso.

O que estamos a pedir à Luna neste momento está de acordo com o seu desenvolvimento e com o alcance da sua maturidade sexual. Gradualmente, sem lhe faltar com a atenção, o carinho e o mimo necessários, vamos deixar de “carregá-la ao colo” e pedir-lhe maior acerto nas tarefas, muito embora as possamos abandonar perante a sua tristeza e desinteresse, retomando-as mais tarde quando se encontrar melhor estabilizada ou preparada para isso. Quando avançamos com um animal ao nosso lado depressa demais, corremos o risco de perdermos o amigo – de ficarmos sós!

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