Com
o Pedro Rodrigues de férias e cheio de vontade de trabalhar, acaba por vir de
manhã às aulas para não se atrasar. Exceptuando uma cadela velha, um cachorro
CPA e os cães de um condutor mal-ajeitado, a maioria dos cães escolares
encontra-se ao mesmo nível e o trabalho é igual para todos ainda que com pequenas
diferenças, diferenças essas resultantes do particular dos donos e dos cães. De
qualquer modo, no que à prestação da minha pessoa diz respeito, pratico de
manhã para ensinar à tarde, experimentando as possíveis dificuldades que os
meus alunos terão pela frente. Nesta altura do campeonato, a ênfase recai mais
sobre o ensino dos donos do que dos cães, o que não é tarefa fácil. No GIF
acima, com a colaboração da cachorra CPA Luna, pedi-lhe que fosse rápida na entrada
da passerelle e que rastejasse imediatamente na sua prancha central, tudo para
que obedeça prontamente mesmo quando surpreendida. No GIF abaixo juntei 3 modos
de progressão: o “junto”, o “rastejar” e o “lateralizar”, objectivando a rapidez
de resposta da CPA, que mostrou a disponibilidade necessária.
Debaixo
do mesmo propósito, mas como recompensa pelo trabalho efectuado, devolvemos a
cadela ao dono e foram ambos até ao “berço”, onde Luna saltou por dentro do
corpo do obstáculo e efectuou um salto de ida e volta sobre ele, obstáculo de
projecção negativa, ilusório na saída, próprio da endurance e que obriga a um
salto simultaneamente elevado e comprido. Como seria de esperar, considerando
as horas de treino que a Luna tem, o exercício resultou numa brincadeira.
Como
a obediência quando solicitada isoladamente a um cão é castradora, podendo
inclusive condená-lo à inutilidade ou condicionar negativamente o seu
desempenho, importa que seja intercalada com recompensas e exercícios lúdicos,
para que o animal se sinta aprovado, aceite o trabalho, não tema o dono e não
perca autonomia. Na foto abaixo, tirada após os exercícios mais duros de
obediência, vemos a Luna a saltar feliz para agarrar o seu brinquedo suspenso,
para lhe reavivar o instinto de presa, o impulso à luta e impedir que desleixe
o seu sentimento territorial e prescinda do seu impulso ao poder, que naturalmente são mais fracos nas cadelas. Em certos aspectos, a
obediência canina lembra o apertar de um parafuso, que deve ser bem apertado
sem contudo se partir. Nenhum cão deve experimentar a derrota, porque isso geralmente
implica na despromoção social e numa excessiva e gratuita subordinação do
animal, amigo que ao invés queremos valente, apto para nos ajudar e com autonomia
para isso.
O que estamos a pedir à Luna neste momento está de acordo com o seu desenvolvimento e com o alcance da sua maturidade sexual. Gradualmente, sem lhe faltar com a atenção, o carinho e o mimo necessários, vamos deixar de “carregá-la ao colo” e pedir-lhe maior acerto nas tarefas, muito embora as possamos abandonar perante a sua tristeza e desinteresse, retomando-as mais tarde quando se encontrar melhor estabilizada ou preparada para isso. Quando avançamos com um animal ao nosso lado depressa demais, corremos o risco de perdermos o amigo – de ficarmos sós!
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