Vários
bebés de urso preto na Califórnia estão a exibir comportamentos incomuns que os
cientistas acreditam poder resultar de uma doença misteriosa que causa
inflamação no seu cérebro. Na quarta-feira passada, o Departamento de Pesca e
Vida Selvagem da Califórnia (CDFW) fez saber num relatório que, no ano passado,
quatro ursos que exibiam um comportamento estranho, que incluía uma amizade
incomum e aberta com os humanos, foram entregues às autoridades. Os quatro
ursos - que já foram abatidos - estavam a padecer de doenças neurológicas
devido a encefalite. O urso encontrado mais recentemente a sofrer da doença veio
de Pollock Pines, no condado de El Dorado, no mês passado. A jovem ursa, que
estava abaixo do peso, mudou-se para um quintal residencial e não tinha medo de
se aproximar dos humanos. Os vizinhos começaram a dar-lhe água, maçãs e
morangos, o que vai contra as orientações do CDFW. Noutro lugar, um urso saltou
para a bagageira do carro duma empregada, o que levou as pessoas a aproximarem-se
e a acariciá-lo, disse o CDFW. "Esse não é um comportamento normal", segundo
adiantou o Dr. Brandon Munk, veterinário de vida selvagem do CDFW.
Um
biólogo e director de vida selvagem do CDFW investigou a situação e ficou
chocado ao descobrir que o urso exibia um comportamento "semelhante ao de
um cão", agindo de forma estranha perante humanos, chegando a comer uma
maçã na frente das pessoas. "Física e mentalmente, o urso não parecia
muito bem, andava de maneira estranha, monótona e não se comportava como um
urso normal", disse o departamento. O animal foi levado ao Laboratório de
Investigações da Vida Selvagem (WIL) do CDFW em Rancho Cordova para ser
observado e avaliado. Os veterinários descobriram que o urso estava coberto de carraças
e que pesava apenas 9,5 kg, muito longe dos 36 kg que uma ursa da sua idade deveria
pesar. O animal mostrou também sinais de anormalidades neurológicas com
tremores intermitentes da cabeça e uma inclinação subtil da mesma.
Depois dos testes terem confirmado os deficits neurológicos e comportamentais, o urso foi abatido. Um exame post-mortem está em andamento, mas descobertas preliminares confirmaram que tinha encefalite, assim como os três ursos que exibiram comportamentos semelhantes no ano passado. Infelizmente, todos os ursos jovens foram sacrificados devido aos seus problemas de saúde. "Sempre que um animal selvagem chega aos nossos cuidados, o melhor resultado possível é devolvê-lo à natureza", disse o Dr. Munk. "Isso simplesmente não foi possível para estes ursos com deficiência neurológica. Como não sabemos a causa desta encefalite, também não sabemos quais riscos para a saúde de outros animais, se os houver”, concluiu o mesmo biólogo. De acordo com o CDFW, esse fenómeno foi identificado pela primeira vez em 2014 na área da Bacia de Tahoe e tem ocorrido em várias áreas da Califórnia desde então. Em 2019, um urso com a cabeça inclinada aproximou-se de um snowboarder no Northstar California Resort numa interação próxima que foi gravada e difundida online. Recentemente, um urso entrou numa sala de aula e "sentou-se atrás como um cachorrinho", segundo fez saber Ann Bryant, directora executiva da Bear League, uma associação sem fins lucrativos, à CBS de Sacramento. Oxalá a causa da doença seja descoberta e os ursos voltem a gozar de boa saúde.
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