terça-feira, 20 de abril de 2021

SEGURANÇA NACIONAL NORTE-AMERICANA EM RISCO?

 

A falta de cães de trabalho militares criados nos Estados Unidos pode ser um risco para a sua segurança nacional. Quem o diz é um relatório da Naval Postgraduate School que destaca o contínuo problema da ausência de cães de trabalho militares criados no país. O relatório “Research and Analysis of the American Domestic Government Working Dog Industry", da autoria do Capitão de aeronáutica Jason Passarella e do 1º Tenente Robert Paulo Ocampo, faz parte do Programa de Pesquisa de Aquisições de Pós-graduação Naval e foi publicado em dezembro último. Neste relatório os seus autores citam a escassez crónica de cães de trabalho militares nascidos em solo norte-americano, problema que tem vindo a atormentar o Departamento de Defesa e outras agências federais há mais de 30 anos. Os números falam por si: 93% dos cães actuais em todas as agências governamentais dos Estados Unidos foram importados da Europa.

No decorrer deste seu trabalho, Ocampo e Passarella adiantam que a falta de cães criados internamente “cria um risco aumentado na cadeia de abastecimento e pode ameaçar a capacidade de resposta e a prontidão de entrega dos departamentos e agências que utilizam cães de trabalho, se o abastecimento dos mercados estrangeiros for contestado ou interrompido por um período prolongado." O relatório conclui ainda que os desafios actuais de fazer negócios com o Departamento de Defesa são um factor chave para desencorajar os criadores internos de fornecer cães de trabalho militares para o governo. E vai mais longe ao sugerir várias soluções, das quais salientamos duas: o estabelecimento de um programa de criação de cães subsidiado pelo governo e a melhoria do processo de compras governamentais. A título de resumo, dizem os autores deste relatório: “Os cães de trabalho continuam a ser um recurso vital e insubstituível para a segurança nacional.”

Com o recado entregue e durante uma reunião na semana passada, John Kirby, Contra-Almirante aposentado da Marinha dos Estados Unidos e porta-voz do pentágono (na foto seguinte), quando questionado sobre o relatório e se os cães de trabalho militares fariam parte duma pesquisa na cadeia de abastecimento, reconheceu à importância do desempenho dos cães, disse nada mais ter a acrescentar e empurrou para o Secretário da Defesa outras considerações. Porém, ainda adiantou: “Lemos este relatório e suspeito que vamos querer obter mais informações antes de tomar qualquer tipo de decisão política sobre o caso. Nós entendemos totalmente as capacidades (caninas) e não importa o quanto as pessoas obviamente sentem afeição pelos cães, mas as capacidades reais de segurança que eles trazem para as missões e certamente continuaremos a levar isso a sério daqui para frente." Em abono da verdade, não adiantou nada, porque negócios instalados com militares são de difícil extracção, seja lá onde for, até porque a importação de cães dá mais lucro do que a “importação de saber”. 

O problema levantado pelos jovens militares, caso tivessem mais tarimba e outras responsabilidades provavelmente não o levantariam, típico de um trabalho académico, é global e mexe com os interesses de muita gente, que obviamente não está interessada em mudanças. Em já me contentava se os cães policiais e militares de todo mundo comessem uma raçãozita com 25% de proteína e 15% de gordura, porque muitos estão condenados a comer rações entre os 10 e os 12% de proteína com um teor de gordura abaixo dos 5%, não sendo por isso de estranhar a sua apresentação e desempenho. A propósito de importação de cães, não sei se a Federação Russa e a China importam 93% dos seus cães de trabalho, mas duvido sinceramente que o façam atendendo aos excelentes projectos internos que têm na carteira.

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