Na
passada segunda-feira, dia 05 de abril, na localidade francesa de Anglet, na
região administrativa da Nova Aquitânia e no departamento dos Pirinéus
Atlânticos, um homem morreu de súbita doença cardíaca depois de descobrir que
vários cães tinham acabado de atacar as suas cabras e quando estava prestes a
chegar à casa do proprietário canino. O defunto, um criador de cabras, há dois
meses a fazer experiências com os seus animais na Floresta de Chiberta, ao
redor de Anglet, esperava que as suas cabras limpassem o mato para evitar o risco
de incêndio naquela área florestal.
Mas
na última segunda-feira, os vizinhos ouviram as cabras a balir e o ladrar de
cães. Um deles chegou ao local por volta das 22h30 e assistiu à morte de uma
cabra. Depois de alertado, o criador das cabras encontrou seis delas mortas.
Revoltado com o sucedido, decidiu ir pedir satisfações ao dono dos cães, mas no
caminho viria a sofrer um fulminante ataque cardíaco. Sem sucesso, apesar de se
ter dirigido imediatamente para o local, o Maire de Anglet não conseguiu
reanimar a vítima com uma massagem cardíaca.
O
Ministério Público de Bayonne confirmou a morte natural e reconheceu que as
cabras foram atacadas por “três cruzados de Malinois com Beauceron”. Os cães já
eram conhecidos da vizinhança, sendo muitas vezes soltos à noite pelo dono. Os
três animais vieram a ser controlados por elementos da secção canina da brigada
de incêndio de Anglet. O seu proprietário foi ouvido na esquadra da polícia
local na terça-feira, dia 06 deste mês, incorrendo numa multa que pode atingir
os 1.500€. Entretanto, duas investigações foram abertas: uma relativa a animais
vadios e outra sobre morte súbita na via pública, para se determinar com exactidão
as causas da morte do criador de caprinos.
Cães híbridos deste tipo, provenientes do cruzamento entre lupinos e molossos, os chamados “molossos-alupinados”, podem tornar-se perigosos e incontroláveis, porque a autonomia, a resistência e a menor interacção dos molossos tende a sair neles reforçada. Quando comparados com os molossos na sua origem, pela contribuição dos lupinos, estes animais tendem a transitar de defensivos para ofensivos. Por outro lado, o maior impulso ao conhecimento presente nos lupinos, torna-os mais curiosos, observadores reactivos e traiçoeiros. No tempo em que nos dedicávamos à reeducação canina, 95% dos cães necessitados deste processo pedagógico eram “molossos alupinados”, descendentes do cruzamento de Pastor Alemão com Cão da Serra da Estrela. Hoje, pela procura que vem tendo, será o Malinois quem mais contribuirá para a formação destes híbridos, considerando os muitos molossos que cá temos, nacionais e estrangeiros. Como estes cães tendem a inventar serviço e a efectuar raids por conta própria, as suas consequências costumam ser funestas.
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