Na cidade portuária grega
de Nafpáktos, outrora conhecida por Lepanto, município idílico onde os cães
abandonados continuam a ser muito maltratados, agiganta-se a história de um que
tem merecido o respeito e o auxílio da população, porque permanece há 20 meses
no local onde o seu dono perdeu a vida num acidente, um homem chamado Haris, na
altura com 40 anos, cujo retorno o cão aguarda. Da casa do defunto ao local do
acidente fatal vão 12 km de distância e ninguém sabe como o animal ali chegou.
O acidente ocorreu numa curva, no dia 09 de Novembro de 2017 e o fiel amigo vive
ali desde então.
O nome do cão ainda não é
conhecido e por enquanto ninguém lhe atribuiu outro. Ao longo do tempo em que tem
esperado pelo retorno do seu falecido dono, muitos têm sido os moradores que em
vão tentaram adoptá-lo. Perante a recusa do animal em sair dali, alguns
populares construíram-lhe uma barraca para se abrigar junto a um ícone que já
lá se encontrava, fornecendo-lhe ainda água, comida e um cobertor
Perante esta fidelidade a
toda a prova, num tempo em que o luto passou de moda, vale a pena perguntar: Seremos
todos merecedores de cães assim? Dedicar-lhes-emos a atenção e os cuidados que
merecem e que raramente reclamam? Penso que a grande maioria de nós nem tampouco
gosta de abordar o assunto, por ser incómodo e fomentar um sentimento de culpa.
Pelo que me tem sido dado
a observar, para grande desgosto meu e não espanto, encontro mais depressa um
cão fiel do que um homem ou mulher com idêntica qualidade. Dever-se-á isso ao
facto dos cães serem menos narcisistas e viverem para agradar aos donos? Também
porque eventualmente suportam mais e queixam-se menos? Tudo leva a crer que
sim, porque mais depressa trairá o homem o seu semelhante do que o cão o seu
dono! Contudo, continuo a confiar na Humanidade, porque lá no fundo, bem no
fundo do seu âmago, ainda conserva alguns sentimentos nobres que vêm à tona de
quando em vez, mormente quando a calamidade recai sobre todos. O cão de
Nafpáktos jamais irá reencontrar o seu dono, mas eu encontrei mais uma razão de
sobra para continuar a gostar de cães. Feliz será o homem que encontrar na vida um cão
assim!
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