sábado, 20 de julho de 2019

MATA-SE O CÃO E O CASO FICA RESOLVIDO?

Para ilustrarmos o nosso ponto de vista e melhor nos fazermos compreender vamos a um caso concreto. Em Ottensheim, na Alta Áustria, um mestiço de PITBULL (Tyson), na foto acima, atacou um ADOLESCENTE DE 12 ANOS na floresta local, causando-lhe graves ferimentos, com especial incidência no pescoço, apesar de lhe ter mordido noutras partes do corpo. Devido a estas lesões, o adolescente foi colocado em coma induzido, do qual começou anteontem a despertar e a recuperar lentamente.
A FRANZ FÜREDER (na foto seguinte), Presidente do Município de Ottensheim e membro do Partido ÖVP (Österreichische Volkspartei), partido conservador democrata-cristão, caberá dizer se o cão deverá ser ou não ser abatido. O DONO DO ANIMAL, um jovem de 21 anos, diz que o bicho tem “duas caras” e que já havia atacado anteriormente. A morte do cão vai “resolver” mais uma vez o problema, porque o animal não poderá recorrer da sentença, a comunidade ver-se-á livre dele, o adolescente irá recuperar, ainda que lentamente e não serão encontrados outros culpados, para além de se evitarem os gastos com a possível reeducação do animal. Estamos perante mais um caso de “cão expiatório”, o que não é novidade, já que outrora, no Israel veterotestamentário, a expiação assentava sobre vacas, bodes e ovelhas (já não sei quem é que me disse que alemães e judeus são tão próximos que até se chocam?)
Sempre que um cão é assim massacrado, para as mentes mais sensíveis “eutanasiado”, como se a suavidade dos termos conseguisse disfarçar ou encobrir o crime, sinto-me simultaneamente impotente e responsável pela insanidade, porque não nada faço para impedi-la e consigo virar a cara para o lado e adormecer, continuar a minha vidinha enquanto a vida de uns tantos cães é roubada por tudo e por nada, como se houvessem nascido para dar trabalho aos seus algozes e inevitavelmente tivessem que ir ao seu encontro. E o que é ainda mais estúpido, é que consigo mostrar a mesma indiferença perante a sorte do meu semelhante, por mais crianças que morram à fome neste mundo.
Posso não ter solução para os problemas que assolam a Humanidade, mas posso evitar que mais cães inocentes sejam assassinados, aqui e em qualquer lado, porque importa fazer-lhes justiça e ontem já seria demasiado tarde! Quanto ao caso do Pitbull de Ottensheim, na eventualidade de vir a ser abatido, penso que vamos assistir mais uma vez à execução de um inocente e digo isto a partir daquilo que a imprensa alemã tornou público. Em primeiro lugar nunca vi nenhum cão que tivesse “duas caras”, que fosse simultaneamente um anjo e um demónio, apesar de levar cerca de meio século a observar, a criar e a treinar cães. Admitindo-se a hipótese de estarmos na presença de um cão nunca visto e sabendo-se que já havia mordido alguém pergunta-se: o que fazia solto, descontrolado e sem açaime?
Diante deste despropósito fratricida, como podemos isentar o dono de animal de culpa? Ao admitir que o mestiço de Pitbull tinha duas caras, não estaria a confessar que não controlava suficientemente o cão? E se for assim, não será o Estado Austríaco também responsável ao permitir que gente despreparada ou inadequada tome posse de cães potencialmente perigosos? A quem primeiro caberá a protecção dos seus cidadãos? Não deveria exigir destes proprietários um certificado de idoneidade ratificado pela aptidão manifesta em treino, uma vez que o adestramento não dispensa a adequação dos donos?
Urge que na Europa e no Mundo haja adestradores certificados, reconhecidos e juramentados para se pronunciarem sobre a eliminação ou não dos cães, especialistas capazes de identificar e diferenciar a natureza dos ataques caninos, quando acidentais ou despoletados acidentalmente, instintivos, retaliatórios, induzidos ou produto de condicionamento prévio, porque só assim se poderá diminuir a margem de erro, evitar a morte gratuita dos cães e encontrar/incriminar os verdadeiros culpados. O cão que na Áustria tem a vida por um fio chama-se AGGRO, oxalá seja poupado. Apesar do peso dos anos, caso me fosse confiado, de bom grado e ânimo forte procederia à sua reeducação, certo de que ela seria um sucesso. Boa sorte Aggro!

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