Para ilustrarmos o nosso
ponto de vista e melhor nos fazermos compreender vamos a um caso concreto. Em
Ottensheim, na Alta Áustria, um mestiço de PITBULL
(Tyson), na foto acima, atacou um ADOLESCENTE
DE 12 ANOS na floresta local, causando-lhe graves ferimentos, com
especial incidência no pescoço, apesar de lhe ter mordido noutras partes do
corpo. Devido a estas lesões, o adolescente foi colocado em coma induzido, do
qual começou anteontem a despertar e a recuperar lentamente.
A FRANZ FÜREDER
(na foto seguinte), Presidente do Município de Ottensheim e membro do Partido ÖVP
(Österreichische Volkspartei), partido conservador democrata-cristão, caberá
dizer se o cão deverá ser ou não ser abatido. O DONO
DO ANIMAL, um jovem de 21 anos, diz que o bicho tem “duas caras”
e que já havia atacado anteriormente. A morte do cão vai “resolver” mais uma
vez o problema, porque o animal não poderá recorrer da sentença, a comunidade ver-se-á
livre dele, o adolescente irá recuperar, ainda que lentamente e não serão
encontrados outros culpados, para além de se evitarem os gastos com a possível
reeducação do animal. Estamos perante mais um caso de “cão expiatório”, o que
não é novidade, já que outrora, no Israel veterotestamentário, a expiação
assentava sobre vacas, bodes e ovelhas (já não sei quem é que me disse que
alemães e judeus são tão próximos que até se chocam?)
Sempre que um cão é assim massacrado,
para as mentes mais sensíveis “eutanasiado”, como se a suavidade dos termos
conseguisse disfarçar ou encobrir o crime, sinto-me simultaneamente impotente e
responsável pela insanidade, porque não nada faço para impedi-la e consigo
virar a cara para o lado e adormecer, continuar a minha vidinha enquanto a vida
de uns tantos cães é roubada por tudo e por nada, como se houvessem nascido
para dar trabalho aos seus algozes e inevitavelmente tivessem que ir ao seu
encontro. E o que é ainda mais estúpido, é que consigo mostrar a mesma
indiferença perante a sorte do meu semelhante, por mais crianças que morram à
fome neste mundo.
Posso não ter solução para
os problemas que assolam a Humanidade, mas posso evitar que mais cães inocentes
sejam assassinados, aqui e em qualquer lado, porque importa fazer-lhes justiça
e ontem já seria demasiado tarde! Quanto ao caso do Pitbull de Ottensheim, na
eventualidade de vir a ser abatido, penso que vamos assistir mais uma vez à
execução de um inocente e digo isto a partir daquilo que a imprensa alemã
tornou público. Em primeiro lugar nunca vi nenhum cão que tivesse “duas caras”,
que fosse simultaneamente um anjo e um demónio, apesar de levar cerca de meio
século a observar, a criar e a treinar cães. Admitindo-se a hipótese de
estarmos na presença de um cão nunca visto e sabendo-se que já havia mordido
alguém pergunta-se: o que fazia solto, descontrolado e sem açaime?
Diante deste despropósito
fratricida, como podemos isentar o dono de animal de culpa? Ao admitir que o
mestiço de Pitbull tinha duas caras, não estaria a confessar que não controlava
suficientemente o cão? E se for assim, não será o Estado Austríaco também
responsável ao permitir que gente despreparada ou inadequada tome posse de cães
potencialmente perigosos? A quem primeiro caberá a protecção dos seus cidadãos?
Não deveria exigir destes proprietários um certificado de idoneidade ratificado
pela aptidão manifesta em treino, uma vez que o adestramento não dispensa a
adequação dos donos?
Urge que na Europa e no
Mundo haja adestradores certificados, reconhecidos e juramentados para se
pronunciarem sobre a eliminação ou não dos cães, especialistas capazes de identificar
e diferenciar a natureza dos ataques caninos, quando acidentais ou despoletados
acidentalmente, instintivos, retaliatórios, induzidos ou produto de
condicionamento prévio, porque só assim se poderá diminuir a margem de erro,
evitar a morte gratuita dos cães e encontrar/incriminar os verdadeiros culpados.
O cão que na Áustria tem a vida por um fio chama-se AGGRO,
oxalá seja poupado. Apesar do peso dos anos, caso me fosse confiado, de bom
grado e ânimo forte procederia à sua reeducação, certo de que ela seria um
sucesso. Boa sorte Aggro!
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