Ontem tomei conhecimento
de uma notícia que não me surpreendeu, mas que me deixou consternado,
acontecida em Corte Garcia, no interior do Concelho algarvio de Loulé, onde se
suspeita terem sido envenenados um gato e um cão, graças a umas misteriosas
taças com arroz e uma substância branca. O cão envenenado pertence a uma cidadã
estrangeira que não se identificou, mas cujo sotaque denuncia ser de Leste ou
de uma alemã há pouco tempo residente em Portugal. Não deu a cara por temer
represálias e ser mãe de uma menina de 3 anos e meio, criança que adora brincar
com os cães e que por causa disso pode também vir a ser intoxicada. Entretanto,
a GNR já recolheu as provas para confirmar ou não a presença de algum veneno.
Enquanto adestrador e
respeitando sempre o objectivo central do adestramento – a salvaguarda dos
cães, sempre insisti na “recusa de engodos” aos que me são confiados, para que
não se extingam precocemente e venham a ter maior esperança de vida. O ensino da recusa de engodos resulta da
combinação de um conjunto de medidas preventivas combinadas com um treino
específico que não dispensa a sua repetição e aprimoramento, porque
infelizmente a “arte” de envenenar cães também sofre evolução. Assim, ter um
cão e não o ensinar a recusar comida dada por estranhos ou jogada no chão acaba
por ser uma irresponsabilidade tremenda.
Como o assunto é
tragicamente actual, vamos adiantar aqui, mais uma vez, um conjunto de medidas
preventivas que podem salvar a vida do seu cão, mormente se for ainda cachorro
e objecto de acompanhamento capaz. Importa explicar previamente quais as razões
que levam ao envenenamento preferencial de cães na época estival. É sabido que
os cães no Verão, devido ao calor, são menos activos, comem substancialmente
menos e nos horários em que a temperatura local se apresenta mais baixa (à noite
e de manhã cedo), ocasiões em que os donos dormem despreocupados (mais
relaxados ainda se estiverem de férias) e que os envenenadores aproveitam
subtilmente para engodar os animais, geralmente com comida de panela, o que
facilita se sobremaneira os seus intentos, por ser o engodo bem mais apelativo do
que a ração seca.
Vamos
às medidas: 1ª
_ No Verão adiante ou atrase a distribuição do penso diário ao seu cão; 2ª _
Só o deixe comer debaixo de ordem expressa; 3ª Interrompa-lhe
as refeições esporadicamente; 4ª _ Só o alimente (comida e biscoitos) no lugar
predeterminado para as suas refeições e somente deverá ser alimentado por si; 5ª _ Não
consinta que outros membros do agregado familiar lhe dêem de comer e muito
menos estranhos; 6ª _ Dê-lhe sempre de comer num comedouro e bebedouro
ajustáveis, para que se acostuma a comer com os pratos à altura certa (5 cm
abaixo da altura mensurável à cernelha/garrote do animal); 7ª _ Iniba-o de comer toda e
qualquer comida desleixada no chão; 8ª _ Não lhe dê e não consinta que peça comida com
os donos à mesa; 9ª _ Evite dar-lhe medicamentos envoltos em petiscos;
10ª _
Nos passeios diários escolha percursos onde existam locais com restos ou sobras
de comida e torne-o indiferente ao seu cheiro e presença; 11ª _ Seja arrumado e asseado, não
deixe comida espalhada pela casa; 12ª _ Não consinta que o seu cão abocanhe
indiscriminadamente tudo o que vir pela frente e incentive-o a transportar
brinquedos lúdicos e pedagógicos; 13ª _ Não o deixe escavar sem ordem nesse sentido;
14ª _
Faça com o seu cão o seguinte jogo: com ele sentado, ponha-lhe um biscoito
sobre uma das patas dianteiras e não o deixe comê-lo. Depois da resposta
afirmativa do animal, tire-lhe o biscoito, coloque-o no seu comedouro e mande-o
comer, felicitando depois efusivamente; 15ª _ Faça de tudo para que o cão não estabeleça
contacto visual com estranhos quando você não está presente e 16ª _
Diante da ineficácia destas medidas, em zonas com histórico em envenenamentos e
perante cães particularmente gulosos, há que fazer uso de um açaime que impeça
os cães de comer, mas que possibilite o seu ladrar. Este açaime deverá ser
posto momentos antes dos donos se deitarem e tirado depois de se levantarem.
Estas
são algumas das medidas preventivas ao seu alcance que poderão poupar a vida ao
seu fiel companheiro quando bem-sucedidas. Umas vez alcançadas, seria de todo
conveniente dirigir-se a uma escola canina para treinar especificamente a
recusa de engodos. Caso necessite de informações mais detalhadas acerca do assunto,
contacte-nos através do email deste blogue.
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