Em território nacional
temos duas processionárias, a processionária dos pinheiros e a processionária
dos carvalhos, a primeira não larga os pinheiros do sul da Europa e a segunda
está subir para o Luxemburgo, Bélgica, Países Baixos e Alemanha, países onde
não tem predadores naturais e onde chegou auxiliada por um Inverno ameno e uma
Primavera quente, constituindo-se ali numa verdadeira praga e obrigando a um
combate acérrimo contra as repetidas infestações das suas lagartas.
Para se ter uma ideia
aproximada da dimensão do problema, adianta-se que em Louvain, na Bélgica, os
bombeiros tiveram que destruir ninhos desta espécie invasora antes de um show
de rock, que a região ocidental do Ruhr, na Alemanha, que é das mais densamente
povoadas, está entre as mais afectadas
pelas lagartas, o que obrigou ao encerramento de alguns parques e escolas para
permitir que os especialistas atacassem os seus ninhos em carvalhos. Também em
Dortmund o Fredenbaumpark (na foto abaixo) foi fechado durante três semanas, já
que quase 500 árvores foram encontradas infestadas, segundo informou a emissora
Deutschlandfunk. "A infestação processionária do carvalho este ano é muito
intensa - muito mais do que no ano passado", disse o gerente do parque,
Frank Dartsch. Equipas especiais dali e de outros lugares usaram equipamentos
de protecção e elevadores dos bombeiros para alcançar as copas das árvores,
onde atacaram ninhos de OPM (sigla atribuída à praga da mariposa processionária
do carvalho) com maçaricos e com grandes aspiradores de pó.
Nos Países Baixos, as
infestações por OPM também aumentaram em comparação com 2018, com as províncias
ricas em carvalho de Noord-Brabant, Drenthe e Overijssel a serem especialmente
afectadas. Um vídeo de uma mulher idosa atacando as lagartas com uma pistola de
ar quente na cidade de Enschede foi viral. Vasthi Alonso-Chávez, especialista
da Rothamsted Research no Reino Unido, disse à BBC que dois factores são provavelmente
os responsáveis pela expansão do OPM para o norte : o comércio de plantas de carvalho e o
aquecimento global. Alonso-Chávez disse ainda que existem populações de OPM
estabelecidas principalmente em Londres e nas áreas adjacentes e que foram um
problema em algumas partes da Inglaterra no ano transacto. A OPM foi
identificada pela primeira vez em Londres em 2006, segundo ela, e provavelmente
chegou na forma de ovos em carvalhos importados.
A emissora RTL diz que as
lagartas espalharam-se por todo o Luxemburgo, um país densamente arborizado, o
que levou as autoridades da cidade do Luxemburgo a emitir um aviso de saúde, porque
as lagartas já a tinham alcançado. As lagartas chegaram também à Ilha francesa
da Córsega que é também densamente arborizada. Com a Córsega infestada, também
a Espanha não escapou a esta praga, porque há relatos que as lagartas
processionárias de carvalho são um problema este ano na região norte das
Astúrias. Entretanto nos arredores da cidade de Valladolid, entre as Astúrias e
Madrid, a nossa bem conhecida processionária dos pinheiros está a constituir-se
num grande problema.
As lagartas medem de 2 a 3
cm, cerca de uma polegada, marcham em longas procissões para as copas das
árvores durante a noite e causam sérios estragos nos carvalhos, comendo-lhes as
folhagens mais viçosas. Uma lagarta madura tem até 700.000 pêlos, que podem ser
espalhados pelo vento e que contêm uma toxina, que pode causar erupções
cutâneas, irritação ocular, tosse e até mesmo anafilaxia (os ninhos de lagartas
jamais deverão ser tocados). A toxina é thaumetopoein, uma proteína difícil de
neutralizar, porque os pêlos têm ganchos que a prendem à pele. A cortisona
anti-inflamatória pode proporcionar alívio. Os cães também são também
vulneráveis a esta proteína e podem sofrer dela os mesmos efeitos, particularmente
os que mais farejam as árvores nos parques.
Os predadores naturais da
processionária dos carvalhos são alguns parasitas, besouros Calosoma e dois
pássaros: o Cuco e o Papa-Figos (um exemplar macho na foto seguinte), aves cada
vez menos comuns ou inexistentes nas áreas infestadas. No combate à praga, em
certas partes da Alemanha, pesticidas eco amigáveis foram
pulverizados em carvalhos. Em caso de contaminação, as autoridades sanitárias
alemãs aconselham: Roupas e objectos pessoais contaminados com pêlos devem ser
cuidadosamente lavados; Lave-se bem, incluindo o cabelo, se suspeitar de
contaminação; Procure ajuda médica se tiver irritação cutânea ou respiratória e
tire cuidadosamente os pêlos visíveis com pedaços de fita adesiva. No meio do
azar, se assim se puder chamar, os nossos parceiros europeus ainda tiveram alguma
sorte, porque caso lhes calhasse a processionária dos pinheiros(1)
teriam mais razões para se queixar.
Se
vai viajar para a Europa de automóvel ou de autocaravana e levar o seu cão
consigo, já sabe, afaste-se dos parques e florestas e livre-se da
processionária dos carvalhos, que anda por lá agora muito atarefada e em grande
número, em locais anteriormente impensáveis. Depois disto, o que responder aos
cépticos do Aquecimento Global?
(1)Se porventura quiser saber
mais sobre a processionária dos pinheiros, veja por favor o artigo “UM VELHO E
DURO INIMIGO: A PROCESSIONÁRIA DOS PINHEIROS, que editámos em 07/08/2010.
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