terça-feira, 30 de julho de 2019

O ADESTRAMENTO NA ERA DO HÁPTICO: A MENSAGEM TÁCTIL

O Adestramento está a entrar numa nova era – a do Háptico, onde a interacção canina é solicitada pelo tacto e por controlo remoto, visando principalmente acções policiais e militares. Tal é possível através de um colete que incorpora cinco motores de vibração, activados por um link de rádio, que accionam diversos padrões de vibração em diferentes partes do corpo dos animais, indicando-lhes exactamente o que devem fazer. Segundo o Professor Amir Shapiro, que lidera este projecto da Universidade Ben Gurion em Israel Negev, o entendimento alcançado pelos cães é igual ao alcançado pela linguagem verbal e é até mais fácil de ser instalado, porque a seu ver “ (os) Comandos de voz são inconsistentes, nunca dizemos nada duas vezes da mesma forma e o ruído no fundo perturba, enquanto os comandos hápticos são muito mais claros e, portanto, de mais fácil aprendizagem (assimilação)”.
Não há dúvida que estamos perante um reconhecido avanço na cinotecnia, que remotamente podemos accionar o desempenho de um cão no teatro operacional, tal como o fazemos com qualquer dispositivo, mesmo sem termos qualquer vínculo afectivo com o animal, o que tanto poderá ser bom como mau, caso hajam ou não interferências e perante a possibilidade “do feitiço se virar contra o feiticeiro”. Porém, esta nova linguagem tenderá a salvaguardar os cães envolvidos e um sem número de vidas humanas.
A ordenação de comandos a um cão ou a sua codificação, sempre acontece por via sensorial e a háptica não escapa à regra, muito pelo contrário. Assim como a ausência de um sentido num cão não impossibilita a sua educação, porque tem outros, a melhor linguagem a usar para a interacção canina deverá ser captada pelo maior número de sentidos dos cães, uma vez que a linguagem extra-sensorial apregoada por muitos carece de comprovação e resulta na sua maioria de anos de trabalho ou da observação contínua por parte dos cães, segundo a sua experiência directa. Na Acendura sempre operámos a fixação dos comandos (condicionamento) através de diferentes linguagens que funcionam como reforço umas das outras, ainda que tiradas a partir da audição e da visão, recorrendo a meios electrónicos ou não (já criámos um código a partir de diferentes toques de telemóvel que possibilitou o controlo remoto dos cães, que obviamente necessitavam de ter no seu colete um aparelho portátil destes).
Pelo que dissemos acima e queremos deixar isso bem claro, é possível ensinar um cão através de qualquer um dos seus sentidos (já ensinámos alguns cães cegos e outros surdos), muito embora seja mais profícuo e fácil “entendermo-nos” com ele mediante vários. De regresso ao condicionamento háptico, pensamos que será melhor sucedido nas acções de travamento do que nas de incentivo, porque sempre será mais fácil travar do que incentivar. E dizemos isto porquê? Porque este método dispensa e é penalizado pelo desprezo do viver social canino, onde os cães encontram ânimo para exercícios mais esforçados e razões de sobra para se lançarem sobre o inimigo.
Todavia, a instalação deste código, que não obsta ao verbal, poderá dispensar o acompanhamento a par e passo dos seus tratadores, usando-se os cães nas acções em que a sua resposta isolada será a mais indicada. Por outro lado, este controlo remoto dos cães, estende a prática do pastoreio a um sem número de raças caninas, que doutro modo jamais seriam capazes de desempenhar esse serviço. Quando se fala do adestramento háptico, logo alguém diz que os “autómatos” estão de volta, que estamos a transformar cães em cavalos e a encontrar meios mais sofisticados para condenar os cães à morte, afirmações que nada têm de verdade e que normalmente surgem para combater a novidade que a ciência nos traz a cada dia.

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