O Adestramento está a
entrar numa nova era – a do Háptico, onde a interacção canina é solicitada pelo
tacto e por controlo remoto, visando principalmente acções policiais e
militares. Tal é possível através de um colete que incorpora cinco motores de
vibração, activados por um link de rádio, que accionam diversos padrões de vibração
em diferentes partes do corpo dos animais, indicando-lhes exactamente o que
devem fazer. Segundo o Professor Amir Shapiro, que lidera este projecto da
Universidade Ben Gurion em Israel Negev, o entendimento alcançado pelos cães é
igual ao alcançado pela linguagem verbal e é até mais fácil de ser instalado,
porque a seu ver “ (os) Comandos de voz são inconsistentes, nunca dizemos nada
duas vezes da mesma forma e o ruído no fundo perturba, enquanto os comandos
hápticos são muito mais claros e, portanto, de mais fácil aprendizagem (assimilação)”.
Não há dúvida que estamos
perante um reconhecido avanço na cinotecnia, que remotamente podemos accionar o
desempenho de um cão no teatro operacional, tal como o fazemos com qualquer
dispositivo, mesmo sem termos qualquer vínculo afectivo com o animal, o que
tanto poderá ser bom como mau, caso hajam ou não interferências e perante a
possibilidade “do feitiço se virar contra o feiticeiro”. Porém, esta nova
linguagem tenderá a salvaguardar os cães envolvidos e um sem número de vidas
humanas.
A ordenação de comandos a
um cão ou a sua codificação, sempre acontece por via sensorial e a háptica não
escapa à regra, muito pelo contrário. Assim como a ausência de um sentido num
cão não impossibilita a sua educação, porque tem outros, a melhor linguagem a
usar para a interacção canina deverá ser captada pelo maior número de sentidos
dos cães, uma vez que a linguagem extra-sensorial apregoada por muitos carece
de comprovação e resulta na sua maioria de anos de trabalho ou da observação contínua
por parte dos cães, segundo a sua experiência directa. Na Acendura sempre
operámos a fixação dos comandos (condicionamento) através de diferentes
linguagens que funcionam como reforço umas das outras, ainda que tiradas a
partir da audição e da visão, recorrendo a meios electrónicos ou não (já
criámos um código a partir de diferentes toques de telemóvel que possibilitou o
controlo remoto dos cães, que obviamente necessitavam de ter no seu colete um
aparelho portátil destes).
Pelo que dissemos acima e
queremos deixar isso bem claro, é possível ensinar um cão através de qualquer
um dos seus sentidos (já ensinámos alguns cães cegos e outros surdos), muito
embora seja mais profícuo e fácil “entendermo-nos” com ele mediante vários. De
regresso ao condicionamento háptico, pensamos que será melhor sucedido nas
acções de travamento do que nas de incentivo, porque sempre será mais fácil
travar do que incentivar. E dizemos isto porquê? Porque este método dispensa e
é penalizado pelo desprezo do viver social canino, onde os cães encontram ânimo
para exercícios mais esforçados e razões de sobra para se lançarem sobre o
inimigo.
Todavia, a instalação
deste código, que não obsta ao verbal, poderá dispensar o acompanhamento a par
e passo dos seus tratadores, usando-se os cães nas acções em que a sua resposta
isolada será a mais indicada. Por outro lado, este controlo remoto dos cães,
estende a prática do pastoreio a um sem número de raças caninas, que doutro
modo jamais seriam capazes de desempenhar esse serviço. Quando se fala do
adestramento háptico, logo alguém diz que os “autómatos” estão de volta, que
estamos a transformar cães em cavalos e a encontrar meios mais sofisticados
para condenar os cães à morte, afirmações que nada têm de verdade e que normalmente
surgem para combater a novidade que a ciência nos traz a cada dia.
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