quarta-feira, 31 de julho de 2019

ISTO É QUE É GOSTAR REALMENTE DE CÃES!

Hoje, como sempre faço, ao passar os olhos pela imprensa online alemã dedicada aos cães, o título de uma notícia vinda no AUGSBURGER ALLGEMEINE despertou-me a atenção: “ZUCKERKRANKE FRAU PFLEGT ZUCKERKRANKEN HUND” (Mulher diabética cuida de cão diabético). Pela notícia fiquei a saber da história de Hilde Führmann, uma senhora de 75 anos de idade e da sua cadela Ronja, uma mestiça de Retriever do Labrador, assim como da amizade que nutrem uma pela outra (ambas na foto acima).
Quando jovem e durante a gravidez, já Hilde tinha diabetes e desde então teve que aprender a viver com a doença, o que a obrigou a injectar insulina regularmente. Graças à moderna tecnologia médica, o tratamento é hoje muito mais confortável pelo contributo da “Bomba de Insulina”, um pequeno dispositivo electrónico que liberta pequenas quantidades de insulina durante o dia, conforme as necessidades da pessoa e que tem aproximadamente o tamanho de um telemóvel, podendo usar-se numa bolsa, preso à cintura, dentro de um bolso e até no sutiã. De qualquer modo é necessário verificar os níveis de açúcar no sangue num dispositivo de medição digital. Hilde tem tudo sob controlo, de tal maneira que consegue comer sorvete, devaneio fortuito que não a demove a abandonar o combate contra a hipoglicemia. Como se depreende, esta senhora de Augsburg está muito bem informada acerca desta doença metabólica crónica.
A Ronja, hoje bonita, confiante e de natureza amigável, não há muito tempo atrás, parecia vir a ser um caso perdido, porque se encontrava magra, era diabética e encontrava-se cega por causa da doença, quando foi entregue num abrigo em Augsburg pelos donos, por ocasião do nascimento de uma criança, provavelmente debaixo da infundada suspeita de transmitir as suas mazelas ao bebé. Depois de uma longa série de derrotas, a Ronja, com seis anos de idade, acabou por ter sorte na vida e ser adoptada por outra diabética - a Sr.ª Hilde Führmann, que teve conhecimento do seu caso através de um anúncio posto na Internet pelo abrigo, onde a cadela estava a ser oferecida como animal de estimação.
Entregue aos cuidados da sua nova dona, que tem que a injectar duas vezes por dia, a Ronja já recuperou o seu peso normal, o seu manto apresenta-se magnífico e isto apesar de comer uma dieta especial. Hilde está muito feliz por ter a companhia de Ronja, com a qual forma uma equipa excelente que pretende conservar, já que os passeios diários mantêm ambas em forma, a cadela mostra-se extrovertida, simpática e obediente, merecendo por isso o apreço da vizinhança. Ronja, no dizer da sua dona, “ pula nos campos como um bode cheio de alegria.”
Depois de conhecer esta história de vida, estou cada vez mais convencido que a esmagadora maioria dos proprietários caninos tem cães pelos mais variados motivos e não tanto por gostar deles, fenómeno que também se verifica na procura de cães nos abrigos, onde os mais novos, os saudáveis e os bonitinhos são os mais procurados, junto com aqueles que mais se aproximam das raças com pedigree, que de um momento para o outro, devido à vaidade e mentira presente na boca dos seus donos, vêem ocultada a sua procedência e eliminada a sua bastardia. O amor não é o primeiro sentimento que leva alguém a procurar um cão para determinado fim e a escolha de uma raça específica obedece invariavelmente a outros critérios que se sobrepõem ao bem-estar dos animais.
Gostar de cães, tal como demonstrou Hilde Führmann, é valer aos mais necessitados e optar pelo realojamento dos doentes, deficientes, fracos e idosos, suavizar a sua desgraçada caminhada com o conforto possível e com a restituição do bem-estar a que todos é devido. Não há dúvida: o Homem é o primeiro responsável pela infelicidade dos cães.

terça-feira, 30 de julho de 2019

CADA UM TEM A SUA: A PROCESSIONÁRIA DOS CARVALHOS

Em território nacional temos duas processionárias, a processionária dos pinheiros e a processionária dos carvalhos, a primeira não larga os pinheiros do sul da Europa e a segunda está subir para o Luxemburgo, Bélgica, Países Baixos e Alemanha, países onde não tem predadores naturais e onde chegou auxiliada por um Inverno ameno e uma Primavera quente, constituindo-se ali numa verdadeira praga e obrigando a um combate acérrimo contra as repetidas infestações das suas lagartas.
Para se ter uma ideia aproximada da dimensão do problema, adianta-se que em Louvain, na Bélgica, os bombeiros tiveram que destruir ninhos desta espécie invasora antes de um show de rock, que a região ocidental do Ruhr, na Alemanha, que é das mais densamente povoadas,  está entre as mais afectadas pelas lagartas, o que obrigou ao encerramento de alguns parques e escolas para permitir que os especialistas atacassem os seus ninhos em carvalhos. Também em Dortmund o Fredenbaumpark (na foto abaixo) foi fechado durante três semanas, já que quase 500 árvores foram encontradas infestadas, segundo informou a emissora Deutschlandfunk. "A infestação processionária do carvalho este ano é muito intensa - muito mais do que no ano passado", disse o gerente do parque, Frank Dartsch. Equipas especiais dali e de outros lugares usaram equipamentos de protecção e elevadores dos bombeiros para alcançar as copas das árvores, onde atacaram ninhos de OPM (sigla atribuída à praga da mariposa processionária do carvalho) com maçaricos e com grandes aspiradores de pó.
Nos Países Baixos, as infestações por OPM também aumentaram em comparação com 2018, com as províncias ricas em carvalho de Noord-Brabant, Drenthe e Overijssel a serem especialmente afectadas. Um vídeo de uma mulher idosa atacando as lagartas com uma pistola de ar quente na cidade de Enschede foi viral. Vasthi Alonso-Chávez, especialista da Rothamsted Research no Reino Unido, disse à BBC que dois factores são provavelmente os responsáveis ​​pela expansão do OPM para o norte : o comércio de plantas de carvalho e o aquecimento global. Alonso-Chávez disse ainda que existem populações de OPM estabelecidas principalmente em Londres e nas áreas adjacentes e que foram um problema em algumas partes da Inglaterra no ano transacto. A OPM foi identificada pela primeira vez em Londres em 2006, segundo ela, e provavelmente chegou na forma de ovos em carvalhos importados.
A emissora RTL diz que as lagartas espalharam-se por todo o Luxemburgo, um país densamente arborizado, o que levou as autoridades da cidade do Luxemburgo a emitir um aviso de saúde, porque as lagartas já a tinham alcançado. As lagartas chegaram também à Ilha francesa da Córsega que é também densamente arborizada. Com a Córsega infestada, também a Espanha não escapou a esta praga, porque há relatos que as lagartas processionárias de carvalho são um problema este ano na região norte das Astúrias. Entretanto nos arredores da cidade de Valladolid, entre as Astúrias e Madrid, a nossa bem conhecida processionária dos pinheiros está a constituir-se num grande problema.
As lagartas medem de 2 a 3 cm, cerca de uma polegada, marcham em longas procissões para as copas das árvores durante a noite e causam sérios estragos nos carvalhos, comendo-lhes as folhagens mais viçosas. Uma lagarta madura tem até 700.000 pêlos, que podem ser espalhados pelo vento e que contêm uma toxina, que pode causar erupções cutâneas, irritação ocular, tosse e até mesmo anafilaxia (os ninhos de lagartas jamais deverão ser tocados). A toxina é thaumetopoein, uma proteína difícil de neutralizar, porque os pêlos têm ganchos que a prendem à pele. A cortisona anti-inflamatória pode proporcionar alívio. Os cães também são também vulneráveis a esta proteína e podem sofrer dela os mesmos efeitos, particularmente os que mais farejam as árvores nos parques.
Os predadores naturais da processionária dos carvalhos são alguns parasitas, besouros Calosoma e dois pássaros: o Cuco e o Papa-Figos (um exemplar macho na foto seguinte), aves cada vez menos comuns ou inexistentes nas áreas infestadas. No combate à praga, em certas partes da Alemanha, pesticidas eco amigáveis ​​foram pulverizados em carvalhos. Em caso de contaminação, as autoridades sanitárias alemãs aconselham: Roupas e objectos pessoais contaminados com pêlos devem ser cuidadosamente lavados; Lave-se bem, incluindo o cabelo, se suspeitar de contaminação; Procure ajuda médica se tiver irritação cutânea ou respiratória e tire cuidadosamente os pêlos visíveis com pedaços de fita adesiva. No meio do azar, se assim se puder chamar, os nossos parceiros europeus ainda tiveram alguma sorte, porque caso lhes calhasse a processionária dos pinheiros(1) teriam mais razões para se queixar.
Se vai viajar para a Europa de automóvel ou de autocaravana e levar o seu cão consigo, já sabe, afaste-se dos parques e florestas e livre-se da processionária dos carvalhos, que anda por lá agora muito atarefada e em grande número, em locais anteriormente impensáveis. Depois disto, o que responder aos cépticos do Aquecimento Global?
(1)Se porventura quiser saber mais sobre a processionária dos pinheiros, veja por favor o artigo “UM VELHO E DURO INIMIGO: A PROCESSIONÁRIA DOS PINHEIROS, que editámos em 07/08/2010.

EM GÉNOVA É OBRIGATÓRIO LAVAR A URINA DOS CÃES

Em Génova, capital da Ligúria e importante porto marítimo mediterrânico, na Itália, já é obrigatório lavar a urina dos cães na via pública, devendo os proprietários caninos transportar uma garrafa de água para o efeito quando saem à rua com os seus amigos de 4 patas, medida que nos parece acertada tendo em conta a higiene e a saúde pública (complimenti ai genovesi!). Esta disposição encontra-se em fase experimental e a sua aplicação terá início no final do Verão. Não será fácil implementar uma medida destas numa cidade farta em escadas e becos íngremes, habitada por um número de idosos acima da média nacional, onde as fontes são difíceis de encontrar, quando não impossíveis. As multas pela desobediência a esta lei vão de 50 a 300 euros.
O objectivo do município é evitar a propagação dos maus odores e reduzir a degradação, não apenas nas áreas turísticas, mas em toda a cidade. A novidade foi introduzida com uma resolução para alterar o regulamento municipal, documento apresentado pelo director minoritário Enrico Pignone (lista Crivello). A resolução, esperada há mais de um ano, foi votada por todos os vereadores presentes, excepção feita a Alberto Campanella (na foto abaixo), membro do Partido Fratelli d'Italia-Alleanza Nazionale, FdI-NA, partido nacionalista, conservador e eurocéptico, e pessoa ligada a algumas associações defensoras de cães, que disse que a nova lei complica a vida das dos proprietários caninos, em particular os idosos.
Uma medida destas deveria ser igualmente implementada em todos os municípios lusos, tanto nos continentais como nos insulares, em abono de todos os portugueses, de quem nos visita, de todos os cães e das nossas calçadas em particular, que estão cada vez mais fedorentas, borradas e rematadas a sarro, apesar dos esforços autárquicos na sua limpeza. Com as pontes a cair, com o SNS na corda bamba, sem novos comboios e sem investimento público, será que teremos ainda de andar pelas nossas calçadas com óculos de sol em dias de chuva e de máscara no nariz?

O ADESTRAMENTO NA ERA DO HÁPTICO: A MENSAGEM TÁCTIL

O Adestramento está a entrar numa nova era – a do Háptico, onde a interacção canina é solicitada pelo tacto e por controlo remoto, visando principalmente acções policiais e militares. Tal é possível através de um colete que incorpora cinco motores de vibração, activados por um link de rádio, que accionam diversos padrões de vibração em diferentes partes do corpo dos animais, indicando-lhes exactamente o que devem fazer. Segundo o Professor Amir Shapiro, que lidera este projecto da Universidade Ben Gurion em Israel Negev, o entendimento alcançado pelos cães é igual ao alcançado pela linguagem verbal e é até mais fácil de ser instalado, porque a seu ver “ (os) Comandos de voz são inconsistentes, nunca dizemos nada duas vezes da mesma forma e o ruído no fundo perturba, enquanto os comandos hápticos são muito mais claros e, portanto, de mais fácil aprendizagem (assimilação)”.
Não há dúvida que estamos perante um reconhecido avanço na cinotecnia, que remotamente podemos accionar o desempenho de um cão no teatro operacional, tal como o fazemos com qualquer dispositivo, mesmo sem termos qualquer vínculo afectivo com o animal, o que tanto poderá ser bom como mau, caso hajam ou não interferências e perante a possibilidade “do feitiço se virar contra o feiticeiro”. Porém, esta nova linguagem tenderá a salvaguardar os cães envolvidos e um sem número de vidas humanas.
A ordenação de comandos a um cão ou a sua codificação, sempre acontece por via sensorial e a háptica não escapa à regra, muito pelo contrário. Assim como a ausência de um sentido num cão não impossibilita a sua educação, porque tem outros, a melhor linguagem a usar para a interacção canina deverá ser captada pelo maior número de sentidos dos cães, uma vez que a linguagem extra-sensorial apregoada por muitos carece de comprovação e resulta na sua maioria de anos de trabalho ou da observação contínua por parte dos cães, segundo a sua experiência directa. Na Acendura sempre operámos a fixação dos comandos (condicionamento) através de diferentes linguagens que funcionam como reforço umas das outras, ainda que tiradas a partir da audição e da visão, recorrendo a meios electrónicos ou não (já criámos um código a partir de diferentes toques de telemóvel que possibilitou o controlo remoto dos cães, que obviamente necessitavam de ter no seu colete um aparelho portátil destes).
Pelo que dissemos acima e queremos deixar isso bem claro, é possível ensinar um cão através de qualquer um dos seus sentidos (já ensinámos alguns cães cegos e outros surdos), muito embora seja mais profícuo e fácil “entendermo-nos” com ele mediante vários. De regresso ao condicionamento háptico, pensamos que será melhor sucedido nas acções de travamento do que nas de incentivo, porque sempre será mais fácil travar do que incentivar. E dizemos isto porquê? Porque este método dispensa e é penalizado pelo desprezo do viver social canino, onde os cães encontram ânimo para exercícios mais esforçados e razões de sobra para se lançarem sobre o inimigo.
Todavia, a instalação deste código, que não obsta ao verbal, poderá dispensar o acompanhamento a par e passo dos seus tratadores, usando-se os cães nas acções em que a sua resposta isolada será a mais indicada. Por outro lado, este controlo remoto dos cães, estende a prática do pastoreio a um sem número de raças caninas, que doutro modo jamais seriam capazes de desempenhar esse serviço. Quando se fala do adestramento háptico, logo alguém diz que os “autómatos” estão de volta, que estamos a transformar cães em cavalos e a encontrar meios mais sofisticados para condenar os cães à morte, afirmações que nada têm de verdade e que normalmente surgem para combater a novidade que a ciência nos traz a cada dia.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

CHASER IS GONE

Morreu na passada Terça-feira, faz amanhã uma semana, um ano depois do desaparecimento do seu dono e mestre, a cadela CHASER, uma Border Collie com 15 anos de idade, considerada por muitos media norte-americanos como “O CÃO MAIS INTELIGENTE DO MUNDO”. Chaser sabia reconhecer 1.022 nomes e distinguir nomes comuns de nomes próprios, assim como fazer deduções. O desenvolvimento cognitivo desta Border Collie ficou a dever-se ao devotado trabalho do seu mestre e dono, ao Dr. John W. Pilley, um etólogo e teólogo americano que se dedicou à pesquisa da cognição canina e aprendizagem de línguas, para além de ser um devotado canoísta. A foto seguinte mostra-o com a sua cadela e é uma das mais procuradas e populares da Internet.
John Pilley (1928 – 2018) decide usar na Chaser uma técnica nova para ensiná-la a reconhecer objectos, que consistia em mostrar-lhe o objecto, repetir o seu nome umas 40 vezes, escondê-lo e depois pedir à cadela que o encontrasse. Para o efeito foram usados mais de 800 brinquedos de peluche, 116 bolas, 26 Frisbees e uma variedade de itens de plástico. Pelo que fez e ensinou no livro “CHASER: Unlocking the Genius of the Dog Who Knows a Thousand Words”, Pilley tornou-se num vulto incontornável na etologia, cinofilia e cinotecnia.
Dito isto, resta-nos dizer adeus à Chaser, certos de que outras aparecerão por aí se entretanto houver outros como John W. Pilley, homens simultaneamente dedicados à ciência e apaixonados por cães, que graças à excelência do seu trabalho ajudaram e ajudam muitos a melhor compreender e comunicar com outras diferentes.

“PARA TRÁS”, CORTE DE CORDA, AVANTESMA E AULA TEÓRICA

Pouco a pouco a carga horária começa a gerar os resultados esperados e foi isso que aconteceu neste último Sábado quando nos dirigimos à serra, onde o aproveitamento da classe rasou os 100 por cento e quase todos os binómios conseguiram funcionar com os cães em liberdade. O trabalho iniciou-se com exercícios de condução linear, com as trelas em cima dos ombros dos condutores e com estes a passar entre si uma altíssima bandeirola sem interrupção de marcha.
A Lexa, a Fila de S. Miguel que recentemente veio dos Açores, está a evoluir acima do espectável conforme testemunha a foto seguinte, onde é conduzida pela Svetlana com as mãos na nuca, minimizando assim a interferência da trela.
Depois destes exercícios, houve ainda lugar à transposição de uma vertical crua sem balizas, visando o aprimoramento técnico de cães e condutores a quem foi pedido celeridade nas acções e acerto nos comandos. Na foto seguinte podemos ver o desempenho do binómio Afonso/Lupa.
Tirando partido de uma parede como subsídio direccional, iniciámos o comando de ”para trás”, evolução que faz parte das acções de resgate dos binómios policiais e militares, quando a trabalhar isolados ou em grupo. Na foto abaixo podemos ver o desempenho do binómio Paulo/Bohr.
No mesmo trabalho e com a Jessy a filmar, podemos ver o desempenho do binómio José Maria/Mel, foto onde também ficou patenteada a alegria da CPA que recua a abanar a cauda, o que obviamente se deseja enquanto sintoma de bom entendimento binomial.
Mais empenhado do que lhe é habitual, vá-se lá saber porquê, o pequeno Tiago solicitou da Cosi o mesmo movimento, apesar da velha cadela resistir à novidade. Com paciência e muito carinho, a Cosi aceita todos os desafios que a sua idade consente e muitas vezes acaba por surpreender-nos.
Depois chegou a vez do corte de corda, capacitação que possibilita a libertação do cão, do dono e de terceiros através do comando “corta”. Neste trabalho evoluímos progressivamente das cordas mais finas para as mais grossas. Abaixo podemos ver o início deste trabalho pelo CPA Bohr.
A Doberman Lupa apreciou a novidade laboral e bem depressa abraçou a tarefa, mostrando de uma forma inequívoca a versatilidade que sempre acompanhou os Doberman.
E entusiasmou-se de tal maneira, que parecia um canivete de cortar corda, devido à velocidade com que a cortava e ao desejo de cortar ainda mais, disposição que justificadamente agradou ao Afonso.
Apesar dos dentes gastos pela idade, a Pitbull Cosi não deixou os seus créditos por mãos alheias, cortando de imediato todas as cordas que lhe foram apresentadas.
Depois de aprovado no trabalho inicial, pedimos ao Labrador Soneca que cortasse a corda que prendia os braços do seu dono, pedido que o cachorro satisfez prontamente.
Como o cachorro não mostrava sinais de saturação, pedimos-lhe depois que soltasse as pernas do dono, o que veio a acontecer sem dificuldades acrescidas.
Tendo em conta que o binómio mais antigo na escola é o constituído pelo Paulo e pelo CPA Bohr, pedimos ao cão que cortasse as cordas que prendiam as mãos do dono atrás das costas. Como seria de esperar, o Bohr venceu o exercício.
Também a Cosi quis soltar a sua dona e conseguiu, mostrando assim o amor que lhe tem e que não esmoreceu à medida que os anos foram passando.
Aproveitando a presença do Soneca continuámos a treiná-lo na imobilização à linha, tarefa onde se tem revelado um perfeccionista carregado de muita alegria e vontade de agradar ao seu dono.
Como importava operar a troca de alvos na CPA Mel e dotar o Soneca de maior instinto de presa, procedemos à construção de uma “avantesma” ligeira, tirando partido da boa vontade do Jorge. Terminámos os trabalhos matinais com este simulacro e fomos bem-sucedidos. Da parte da tarde procedemos à projecção de dois vídeos como reforço da matéria prática adiantada, um sobre a evolução técnica do binómio de resgate e outro relativo a uma exibição que efectuámos em São Domingos de Rana, no ano de 2005.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Afonso/Lupa; Jorge/Soneca; José António/Blaze; José Maria/Mel; Svetlana/Cosi; Svetlana/Lexa e Tiago/Cosi. Os fotógrafos destacados foram O José António e o Paulo, demos por falta do CPA Max e também da dona do seu homónimo.
Para a semana voltaremos com outros conteúdos de ensino, metas e objectivos, tirando partido de determinados ecossistemas que melhor servem os nossos propósitos. Boa semana para todos!

OS “PETISCOS” À CORTE GARCIA

Ontem tomei conhecimento de uma notícia que não me surpreendeu, mas que me deixou consternado, acontecida em Corte Garcia, no interior do Concelho algarvio de Loulé, onde se suspeita terem sido envenenados um gato e um cão, graças a umas misteriosas taças com arroz e uma substância branca. O cão envenenado pertence a uma cidadã estrangeira que não se identificou, mas cujo sotaque denuncia ser de Leste ou de uma alemã há pouco tempo residente em Portugal. Não deu a cara por temer represálias e ser mãe de uma menina de 3 anos e meio, criança que adora brincar com os cães e que por causa disso pode também vir a ser intoxicada. Entretanto, a GNR já recolheu as provas para confirmar ou não a presença de algum veneno.
Enquanto adestrador e respeitando sempre o objectivo central do adestramento – a salvaguarda dos cães, sempre insisti na “recusa de engodos” aos que me são confiados, para que não se extingam precocemente e venham a ter maior esperança de vida.  O ensino da recusa de engodos resulta da combinação de um conjunto de medidas preventivas combinadas com um treino específico que não dispensa a sua repetição e aprimoramento, porque infelizmente a “arte” de envenenar cães também sofre evolução. Assim, ter um cão e não o ensinar a recusar comida dada por estranhos ou jogada no chão acaba por ser uma irresponsabilidade tremenda.
Como o assunto é tragicamente actual, vamos adiantar aqui, mais uma vez, um conjunto de medidas preventivas que podem salvar a vida do seu cão, mormente se for ainda cachorro e objecto de acompanhamento capaz. Importa explicar previamente quais as razões que levam ao envenenamento preferencial de cães na época estival. É sabido que os cães no Verão, devido ao calor, são menos activos, comem substancialmente menos e nos horários em que a temperatura local se apresenta mais baixa (à noite e de manhã cedo), ocasiões em que os donos dormem despreocupados (mais relaxados ainda se estiverem de férias) e que os envenenadores aproveitam subtilmente para engodar os animais, geralmente com comida de panela, o que facilita se sobremaneira os seus intentos, por ser o engodo bem mais apelativo do que a ração seca.
Vamos às medidas: _ No Verão adiante ou atrase a distribuição do penso diário ao seu cão; _ Só o deixe comer debaixo de ordem expressa; Interrompa-lhe as refeições esporadicamente; _ Só o alimente (comida e biscoitos) no lugar predeterminado para as suas refeições e somente deverá ser alimentado por si; _ Não consinta que outros membros do agregado familiar lhe dêem de comer e muito menos estranhos; _ Dê-lhe sempre de comer num comedouro e bebedouro ajustáveis, para que se acostuma a comer com os pratos à altura certa (5 cm abaixo da altura mensurável à cernelha/garrote do animal); _ Iniba-o de comer toda e qualquer comida desleixada no chão; _ Não lhe dê e não consinta que peça comida com os donos à mesa; _ Evite dar-lhe medicamentos envoltos em petiscos;
10ª _ Nos passeios diários escolha percursos onde existam locais com restos ou sobras de comida e torne-o indiferente ao seu cheiro e presença; 11ª _ Seja arrumado e asseado, não deixe comida espalhada pela casa; 12ª _ Não consinta que o seu cão abocanhe indiscriminadamente tudo o que vir pela frente e incentive-o a transportar brinquedos lúdicos e pedagógicos; 13ª _ Não o deixe escavar sem ordem nesse sentido; 14ª _ Faça com o seu cão o seguinte jogo: com ele sentado, ponha-lhe um biscoito sobre uma das patas dianteiras e não o deixe comê-lo. Depois da resposta afirmativa do animal, tire-lhe o biscoito, coloque-o no seu comedouro e mande-o comer, felicitando depois efusivamente; 15ª _ Faça de tudo para que o cão não estabeleça contacto visual com estranhos quando você não está presente e 16ª _ Diante da ineficácia destas medidas, em zonas com histórico em envenenamentos e perante cães particularmente gulosos, há que fazer uso de um açaime que impeça os cães de comer, mas que possibilite o seu ladrar. Este açaime deverá ser posto momentos antes dos donos se deitarem e tirado depois de se levantarem.
Estas são algumas das medidas preventivas ao seu alcance que poderão poupar a vida ao seu fiel companheiro quando bem-sucedidas. Umas vez alcançadas, seria de todo conveniente dirigir-se a uma escola canina para treinar especificamente a recusa de engodos. Caso necessite de informações mais detalhadas acerca do assunto, contacte-nos através do email deste blogue.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

ALEXANDRA GRUNOW ACONSELHA

ALEXANDRA GRUNOW (na foto acima) é uma especialista em cães do k9 Search Dog Center na Caríntia, um Estado meridional da Áustria, onde quase todos os dias morrem cães afogados em rios, lagos e lagoas, pormenor que a obriga a deslocar-se a estes locais duas ou três vezes por semana para salvar cães em aflição. 
Segundo ela, os proprietários caninos não estão bem cientes das suas responsabilidades e algumas raças de cães correm sério risco de morrer afogadas, assim como os cachorros e os cães mais velhos.
Grunow adianta que os cães com cabeças grandes e pesadas apresentam um problema que lhes pode ser fatal: perdem o senso de equilíbrio e acabarão por afogar-se caso não sejam socorridos de imediato, o mesmo acontecendo com cachorros e cães mais velhos. A maioria dos grandes molossos, o Staffordshire, o Pug e os Bulldogs francês e Inglês são os que  exigem maior cuidado e vigilância.
Uma simples lagoa no jardim para um cachorro recém-chegado é suficiente para afogá-lo e os cães mais velhos sedentos de água podem cair nela por se encontrarem inaptos fisicamente e não conseguir sair dela. Uma lagoa no quintal para esta especialista é uma armadilha letal.
O maior problema para estes cães é o distúrbio do equilíbrio provocado pela entrada de água nos seus ouvidos. Para além deste problema, outro sucede em rios, lagos, córregos e lagoas menores, e é igualmente subestimado – a existência de poços profundos, alguns que chegam aos dois metros de profundidade, escondidos em lençóis de água com apenas 30 ou 50cm de altura. A somar a isto há que considerar também as correntes. Para evitar que mais cães morram afogados, Grunow aconselha e bem, o uso de colete salva-vidas nos animais (há-os de todas as cores, padrões e tamanhos).
Para evitar que os nossos cães corram os mesmos perigos, temos por hábito ensiná-los a nadar na Primavera, para que possam refrescar-se no Verão sem qualquer percalço. Fazemo-lo na Primavera porque no Outono e no Inverno a temperatura da água encontra-se abaixo dos 15º celsius, o que pode pressagiar problemas e lesões indesejáveis. O facto de um cão saber nadar correctamente e nisso ser experimentado, não o isenta do uso do colete salva-vidas, porque pode encontrar-se exausto, ser repentinamente levado por uma forte corrente e ficar desnorteado. Alexandra Grunow está certa, se ainda não comprou, está na hora de comprar um colete salva-vidas para o seu cão.