Há dias em que não devemos
sair de casa à noite e ontem foi um deles. Depois de acidentalmente ter
assistido a um jantar e respectivas intervenções da “Distrital” de um Partido
que já foi maioria na Assembleia da República, evento que mais parecia uma
reunião de caçadores ou própria de um grupo de adeptos do futebol, lembrando em
simultâneo as antigas e desinteressantes reuniões das colectividades, cujos
interventores eram do tipo “apoiado” e do “ou entra mosca ou sai asneira”, por
lhes faltar substância, pragmatismo, soluções e propostas válidas, optei por
sair e ir apanhar ar, para não ficar mais revoltado, já que a temperatura
estava amena e a chuva tinha cessado.
Ao afastar-me daqueles “políticos
de nomeada”, pensei haver-me livrado momentaneamente doutros disparates, o que
não veio a suceder, porque ouvi noutro grupo falar sobre tosquias caninas e sobre
as agruras dos tosquiadores, que não lhes sobrando outro remédio para poderem
trabalhar, são obrigados a afastar os donos e a drogar os cães, porque doutro
modo os animais sairiam feridos e os pobres desgraçados mordidos.
Antes de condenarmos esta
gente sinceramente dedicada ao bem-estar dos animais, por ministrarem aos cães
uma pequena dose de calmantes ou relaxantes musculares, importa ir à raiz do
problema e denunciar os proprietários caninos que desprezam a higiene diária
dos seus amigos de quatro patas, por quererem isentar-se de tal trabalheira,
mesmo que isso signifique viver em casa num regime próximo da enxovia.
Quem são os donos dos cães
que mais concorrem ao disparate? Por mais estranho que pareça, são os que têm
pequenos cães em casa, por norma animais lanudos que não largam pêlo e que são
próprios para tosquiar, tendentes a fazer nós e que agarram sem dificuldade diferentes
problemas de pele, alguns bastante desagradáveis, tanto pela apresentação como
pelo fedor, afecções que não teriam, caso os seus donos os escovassem e
desembaraçassem o seu pêlo diariamente, o que à partida evitaria que andassem pela
casa como sacos de lixo ambulantes. E quando os cães estão a acostumados a serem
limpos, dificilmente criarão problemas a quem os tosquia!
Em abono da sua saúde e da
saúde da quem o rodeia, nenhum cão dispensa a higienização diária, quer largue
pêlo ou não, particularmente quando confinado em lares e espaços exíguos,
privado do exercício físico e arredado da sintonia com o relógio biológico.
Como todos sabemos, homens e cães são animais de hábitos e os últimos tendem a
seguir os primeiros.
Conhecedores deste pormenor, logo entendemos por que razão
um cão é badalhoco. E como manter um cão limpo é contribuir para que se
mantenha saudável, como posso ter o descaramento de dizer que gosto de cães e
continuar sem os limpar? Decididamente não temos tento na boca ou juízo na
cabeça!
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