Primeiro foram os
veterinários e agora são os canis de abrigo ingleses a dar o alerta: o número
de Bulldogs Franceses e de Pugs, cães agora na moda, tem engrossado de sobremaneira
o montante geral dos cães abandonados. A razão principal do abandono destes
animais prende-se com a incapacidade dos seus donos pagarem as contas dos
veterinários.
Ainda que o Bulldog Francês e o Pug sejam os que atingem maior
destaque nesta infelicidade, porque são pequenos e cabem em qualquer lado, as
demais raças braquicéfalas seguem-nos imediatamente, porque sofrem de idênticos
problemas devido a pormenores morfológicos comuns.
E porque é nosso dever
informar, vamos já adiantar o que é um cão braquicéfalo e quais são as raças
que pertencem a este grupo particular de cães. Um cão braquicéfalo é aquele que
foi criado para ter um maxilar inferior normal, proporcional ao seu tamanho
corporal e um superior recuado, alteração morfológica antinatural que
compromete vivamente o seu bem-estar e saúde e que irá obrigar os seus donos a
cuidados especiais, a estarem psicológica e financeiramente preparados para lhe
valerem.
Pertencem ao grupo dos braquicéfalos, entre outras, as seguintes raças
mais comuns: Affenpinscher; Cocker Spaniel Americano; Boston Terrier; Boxer;
Bulldogs de todos os tipos; Bulldog Francês; Bulldog Inglês, Bullmastiff; Cane
Corso; Cavalier King Charles Spaniel; Chin Japonês; Chow-Chow; Dogue de Bordéus;
Griffon de Bruxelas; King Charles Spaniel; Mastiff Inglês, Mastim Napolitano;
Pequinois; Presa Canário; Pug; Sharpei; Shih Tzu; Silky Terrier; Spaniel
Tibetano e Terra Nova.
Todas estas raças estão
sujeitas, umas mais do que outras, à “Síndrome Respiratória Braquicefálica”,
que afecta as diferentes áreas do trato respiratório em função de deformidades
agonizantes e defeitos congénitos. Os sintomas mais frequentes desta síndrome
são: respiração intensa ou esforçada; ruído sibilante nas narinas; respiração
em repouso de boca aberta; hiperextensão da cabeça e pescoço para abrir as vias
aéreas; dormir de queixo levantado; dormir com algo dentro da boca para a
manter aberta e poder respirar, coloração azulada da pele e dos lábios em
ataques extremos; apneia do sono; pouca tolerância ao calor e exercício físico
intenso e regurgitação frequente de alimentos.
Nos cães que sofrem problemas
respiratórios frequentes ou graves por conta da “Síndrome Braquicefálica”, as várias
opções cirúrgicas devem ser consideradas para corrigir os maiores factores de
risco e permitirem uma vida mais normal e menos penosa para estes animais.
Estas intervenções cirúrgicas deverão acontecer o mais cedo possível, porque o
tempo só irá piorar a situação. Independentemente de se proceder à ampliação
das narinas, de remover-se o excessivo tecido do palato ou de se proceder à
desobstrução da laringe, qualquer uma destas intervenções destas intervenções é
dispendiosa, apesar de indispensável ao bem-estar dos cães.
Também aqui pegou a moda
do Bulldog Francês e todos os dias cruzamo-nos com alguns (por vezes muitos)
que evidenciam problemas respiratórios graves, problemas que os seus donos
tentam ocultar de alguma forma. Será que nos próximos anos assistiremos a um
fenómeno igual ao que está a acontecer em Inglaterra? Para que o número de
pequenos cães braquicéfalos não venha a aumentar o rol já mui extenso dos cães
abandonados, torna-se assaz importante alertar as pessoas para os problemas e
despesas extra que eles podem acarretar. Entre comprar um cão assim, propenso a
doenças e adoptar um também pequeno e saudável vindo dum abrigo, a escolha
parece-os óbvia.
Sem comentários:
Enviar um comentário