terça-feira, 26 de dezembro de 2017

JÁ SE ESPERAVA!

Primeiro foram os veterinários e agora são os canis de abrigo ingleses a dar o alerta: o número de Bulldogs Franceses e de Pugs, cães agora na moda, tem engrossado de sobremaneira o montante geral dos cães abandonados. A razão principal do abandono destes animais prende-se com a incapacidade dos seus donos pagarem as contas dos veterinários. 
Ainda que o Bulldog Francês e o Pug sejam os que atingem maior destaque nesta infelicidade, porque são pequenos e cabem em qualquer lado, as demais raças braquicéfalas seguem-nos imediatamente, porque sofrem de idênticos problemas devido a pormenores morfológicos comuns.
E porque é nosso dever informar, vamos já adiantar o que é um cão braquicéfalo e quais são as raças que pertencem a este grupo particular de cães. Um cão braquicéfalo é aquele que foi criado para ter um maxilar inferior normal, proporcional ao seu tamanho corporal e um superior recuado, alteração morfológica antinatural que compromete vivamente o seu bem-estar e saúde e que irá obrigar os seus donos a cuidados especiais, a estarem psicológica e financeiramente preparados para lhe valerem. 
Pertencem ao grupo dos braquicéfalos, entre outras, as seguintes raças mais comuns: Affenpinscher; Cocker Spaniel Americano; Boston Terrier; Boxer; Bulldogs de todos os tipos; Bulldog Francês; Bulldog Inglês, Bullmastiff; Cane Corso; Cavalier King Charles Spaniel; Chin Japonês; Chow-Chow; Dogue de Bordéus; Griffon de Bruxelas; King Charles Spaniel; Mastiff Inglês, Mastim Napolitano; Pequinois; Presa Canário; Pug; Sharpei; Shih Tzu; Silky Terrier; Spaniel Tibetano e Terra Nova.
Todas estas raças estão sujeitas, umas mais do que outras, à “Síndrome Respiratória Braquicefálica”, que afecta as diferentes áreas do trato respiratório em função de deformidades agonizantes e defeitos congénitos. Os sintomas mais frequentes desta síndrome são: respiração intensa ou esforçada; ruído sibilante nas narinas; respiração em repouso de boca aberta; hiperextensão da cabeça e pescoço para abrir as vias aéreas; dormir de queixo levantado; dormir com algo dentro da boca para a manter aberta e poder respirar, coloração azulada da pele e dos lábios em ataques extremos; apneia do sono; pouca tolerância ao calor e exercício físico intenso e regurgitação frequente de alimentos.
Nos cães que sofrem problemas respiratórios frequentes ou graves por conta da “Síndrome Braquicefálica”, as várias opções cirúrgicas devem ser consideradas para corrigir os maiores factores de risco e permitirem uma vida mais normal e menos penosa para estes animais. 
Estas intervenções cirúrgicas deverão acontecer o mais cedo possível, porque o tempo só irá piorar a situação. Independentemente de se proceder à ampliação das narinas, de remover-se o excessivo tecido do palato ou de se proceder à desobstrução da laringe, qualquer uma destas intervenções destas intervenções é dispendiosa, apesar de indispensável ao bem-estar dos cães.
Também aqui pegou a moda do Bulldog Francês e todos os dias cruzamo-nos com alguns (por vezes muitos) que evidenciam problemas respiratórios graves, problemas que os seus donos tentam ocultar de alguma forma. Será que nos próximos anos assistiremos a um fenómeno igual ao que está a acontecer em Inglaterra? Para que o número de pequenos cães braquicéfalos não venha a aumentar o rol já mui extenso dos cães abandonados, torna-se assaz importante alertar as pessoas para os problemas e despesas extra que eles podem acarretar. Entre comprar um cão assim, propenso a doenças e adoptar um também pequeno e saudável vindo dum abrigo, a escolha parece-os óbvia.       

Sem comentários:

Enviar um comentário