terça-feira, 5 de dezembro de 2017

OPERAÇÃO TIGER QUOLL

Os cientistas tinham até há bem pouco tempo apenas duas opções para estudarem espécies difíceis de encontrar, não raramente em vias de extinção: ou tentavam eles mesmo encontrá-las, trabalho na maioria dos casos moroso e infrutífero ou recorriam ao uso de armadilhas, opção que eventualmente poderia prejudicar e até matar as criaturas que pretendiam salvar. Felizmente já podemos falar de uma terceira opção, mais válida que as anteriores, por ser menos morosa, mais segura e mais eficaz: o uso de cães na procura de espécies difíceis de encontrar, quer pela sua ocultação quer pela sua raridade, opção já posta em prática no Great Otway Nacional Park em Victoria, na Austrália.
Na reserva natural atrás citada (Great Otway Nacional Park), um grupo de cientistas está a testar o uso de cães na localização do incrivelmente raro Tiger Quoll, um marsupial carnívoro do género Dasyurus quoll que é nativo da Austrália, animal muito difícil de ser avistado e que se julgava já ter sido expulso daquela área, até ter sido surpreendido por uma câmara em 2012.
Os cães testados e que agora ajudam os cientistas nas suas buscas, foram treinados pelos seus próprios donos para detectarem excrementos de Tiger Quoll, sendo no seu total seis binómios voluntários.
Emma Bennett, candidata ao doutoramento na Universidade de Monash (edifício na foto abaixo) e líder do estudo, adiantou que na primeira etapa dos trabalhos 6 cães procuraram o odor dos excrementos do Quoll, com 9 níveis diferentes, numa área de 25m2. Todos foram muito rápidos na detecção, com uma precisão de 50 a 70% e quatro dos seis binómios testados alcançaram 100% de acerto na procura daqueles excrementos.
Ao detectarem os excrementos dos animais procurados para estudo, os cães estão a auxiliar de sobremaneira os cientistas, indicando-lhes qual a dieta daqueles animais, o seu número, território, viver social e distribuição geral. Diante destas mais-valias, Emma Bennett não tem dúvidas ao dizer que “Os resultados deste estudo serão essenciais na formação de directrizes para programas voluntários de adestramento canino. Assim como este estudo foi focado em cães na detecção do Tiger Quoll, certamente poderá estender-se a outras espécies ameaçadas".
Diante do que fizemos saber, todo e qualquer cão pode ser de extrema utilidade quando usado de acordo com o seu potencial, cabendo aos homens saber aproveitá-lo. Como o trabalho voluntário com cães está a crescer por todo o lado, quem sabe se amanhã não será a sua vez?    

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