sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

NÃO HÁ BELA SEM SENÃO: A CAPNOCYTOPHAGA CANIMORSUS

A “CAPNOCYTOPHAGA CANIMORSUS” é uma bactéria comensal na flora gengival normal das espécies canina e felina (cães e gatos). A sua transmissão pode ocorrer através de mordidelas, arranhadelas, dentadas, lambidelas e também pela proximidade com estes animais. Felizmente esta bactéria é de baixa virulência em indivíduos saudáveis, mas causa doenças graves em pessoas com condições pré-existentes (indivíduos a quem foi extraído o baço, alcoólicos, pacientes com imunossupressão devido ao uso de esteróides como os glicocorticóides, pessoas afectadas pela talissemia beta e fumadores. Os indivíduos esplénicos (sem baço) e os alcoólatras são os que correm maior risco por verem aumentados os níveis de ferro na corrente sanguínea, condições óptimas para o crescimento do bacilo). Como muito pouco se sabe sobre a patogenia deste patógeno zoonótico, apesar do tratamento com antibióticos ser efectivo na maioria dos casos, a ferramenta de diagnóstico mais importante para os clínicos é ainda saber se o paciente esteve recentemente exposto ao contacto com caninos e felinos.
Não sabemos, pela notícia adiantada no “Mirror” on-line, qual o estado de saúde e limitações do britânico Barry Walace, de 48 anos de idade e residente em Nottingham/UK, mas pelo que nos é adiantado não parecia padecer de alguma doença. Certo é que, depois de ter sido mordiscado no braço direito pelo cão da sua mãe, que lhe causou um ferimento da grossura de uma folha de papel e com uma extensão de apenas 1cm, acordou no dia seguinte a tremer e muito mal disposto, com o nariz e os pés negros, coloração que depois se estendeu aos seus braços e pernas. Não sobrando aos médicos outra opção para lhe salvar a vida, o homem foi induzido em coma para poder ser melhor tratado, já que apanhou uma septicemia por conta da “CAPNOCYTOPHAGA CANIMORSUS”, bactéria largada na sua corrente sanguínea pela mordidela amistosa do cão de sua mãe, que irá ser responsável também pela amputação dos seus pés!
Já havíamos alertado os nossos leitores em artigos anteriores para o perigo que a boca dos cães representa para as pessoas, uma vez que as gengivas, a saliva e a língua dos cães carregam bactérias que poderão causar-nos graves problemas de saúde e até a morte. Enfatizámos também que devemos afastar as crianças da boca dos cães pelos mesmos motivos. Felizmente que a infecção pela bactéria “CAPNOCYTOPHAGA CANIMORSUS” é muito rara, mas não é a única transmissível e lesiva. Assim, como ninguém sabe se será ou não infectado, mas vale optar pela prevenção para se evitarem males maiores – lambidelas de cão? Não, obrigado!
Anda por aí tanta gente, alguma até faz gala disso, apostada em receber e dar beijos na boca aos seus cães, impulsos que diante destes factos deveriam refrear a pensar na sua saúde e na dos seus filhos, que vendo tal prática nos pais, mesmo sem convite expresso, bem depressa os imitarão, sujeitando-se assim ao mesmo tipo de penas. O meu cão para saber se eu gosto dele não precisa que lhe dê beijos na boca e eu sei que ele gosta de mim sem me lamber a cara. 

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