A ocasião de sair com o
seu cão à rua deve prestar-se à sua sociabilização com outros cães, para que
ele possa alcançar encontros felizes, divertidos e cúmplices, desejos que nem
sempre acontecem e que por vezes dão azo a verdadeiras lutas campais, com os
donos aos gritos e os cães a morderem-se, não sendo raro que algum dos
contendores ou ambos acabem no veterinário com ferimentos de menor ou maior
gravidade, que poderão também ser extensivos aos seus proprietários. E tudo
isto porquê? Basicamente porque a individualidade dos cães foi desconsiderada e
certas regras elementares foram violadas, despropósito indissociável da
ignorância dos donos nesta matéria. Apostados em evitar este despropósito,
vamos seguidamente enunciar algumas regras que permitirão ao seu cão ter mais
encontros felizes.
A primeira regra diz respeito ao local onde os cães deverão ser
apresentados, considerando que muitos deles são territoriais, zelosos dos donos
e que ao seu lado tornam-se mais seguros e desafiadores, pormenores que os
poderão levar a não tolerar a presença doutro cão nos seus percursos habituais
e a considerá-lo como um intruso. Pelo que foi dito, facilmente se antevê como primeira
condição que a apresentação dos cães
ocorra num espaço neutro, não distante dos seus trajectos rotineiros e
onde não costumam marcar território (defecar e urinar).
Os dois cães a
familiarizar deverão ser conduzidos à trela (em andamento) nos locais
indicados, numa distância que permita a observação recíproca mas que ao mesmo
tempo impeça a mútua provocação. Como sabemos que a fixação canina funciona
como um “medir de forças” e antecede as suas arremetidas, para a evitar e
atenuar a indesejável tensão nervosa nos cães, convém felicitá-los e recompensá-los
com guloseimas do seu agrado quando não demonstram qualquer atitude ou
comportamento hostil, procedimento que deve ser amplamente repetido.
Escusado
será dizer que os donos deverão manter-se calmos e confiantes, ao mesmo tempo
encorajadores, não temendo por si nem pelos seus cães, porque doutro modo, ao
serem mal compreendidos, poderão suscitar dos animais uma dispensável e indesejável
atitude defensiva de maior ou menor consequência.
A
segunda regra obriga os condutores caninos à observação da linguagem corporal
dos cães que conduzem. Independentemente do estágio de
interacção em que os cães se encontrem, mais longe ou mais perto um do outro,
se um deles manifestar alguma postura defensiva, cautelosa ou agressiva, como o
levantamento do pêlo no dorso; mostrar os dentes; cauda levantada e hirta ou
abatida e enroscada; corpo rígido e demorada fixação, o processo de
familiarização deverá ser calmamente interrompido e regressar à primeira forma,
repetindo-se depois os mesmos procedimentos, agora com maiores cautelas.
Caso
se verifique o contrário e os cães estejam relaxados e confortáveis, nada
impede que a distância entre eles seja encurtada e que a desejável recompensa
seja repetida.
A
terceira regra é esta: serão os cães e não os donos a determinar o ritmo da
familiarização. É bem possível que os cães desejem
brincar no meio das caminhadas em paralelo, como também é possível que tal
demore mais. O que mais importa é que a apresentação aconteça sem atropelos, sem
pressas por parte dos donos e de acordo com as respostas dadas pelos cães, o
que implica em dizer que ninguém deverá forçar tanto a apresentação e como a
interacção desejáveis.
Quando os cães já tolerarem
a proximidade um do outro é chegada a altura de os colocarmos em fila, com um na
frente do outro e invertendo depois as suas posições. E se disso não advir
nenhum comportamento reprovável, então é chegada a hora de deixar os animais
interagir, ainda que debaixo de apertada supervisão.
Com a familiarização
ganha, a desejável sociabilização breve acontecerá graças à experiência feliz e
ao reforço positivo. Como complemento ao que acabámos de explicar, aconselhamos
os nossos leitores à lerem o texto “QUEM
DÁ E TIRA AO INFERNO VAI PARAR”, editado no passado dia
28 de Novembro. Torna-se evidente que tudo acontecerá de modo mais célere se os
cães frequentarem uma escola e ali participarem em manobras de sociabilização.
Caso os donos se sintam desconfortáveis e inseguros nestes procedimentos, podem
açaimar os cães e tirar os açaimes quando tiverem a certeza que nada de
desagradável acontecerá.
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