quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

ENCONTROS FELIZES

A ocasião de sair com o seu cão à rua deve prestar-se à sua sociabilização com outros cães, para que ele possa alcançar encontros felizes, divertidos e cúmplices, desejos que nem sempre acontecem e que por vezes dão azo a verdadeiras lutas campais, com os donos aos gritos e os cães a morderem-se, não sendo raro que algum dos contendores ou ambos acabem no veterinário com ferimentos de menor ou maior gravidade, que poderão também ser extensivos aos seus proprietários. E tudo isto porquê? Basicamente porque a individualidade dos cães foi desconsiderada e certas regras elementares foram violadas, despropósito indissociável da ignorância dos donos nesta matéria. Apostados em evitar este despropósito, vamos seguidamente enunciar algumas regras que permitirão ao seu cão ter mais encontros felizes.
A primeira regra diz respeito ao local onde os cães deverão ser apresentados, considerando que muitos deles são territoriais, zelosos dos donos e que ao seu lado tornam-se mais seguros e desafiadores, pormenores que os poderão levar a não tolerar a presença doutro cão nos seus percursos habituais e a considerá-lo como um intruso. Pelo que foi dito, facilmente se antevê como primeira condição que a apresentação dos cães ocorra num espaço neutro, não distante dos seus trajectos rotineiros e onde não costumam marcar território (defecar e urinar).
Os dois cães a familiarizar deverão ser conduzidos à trela (em andamento) nos locais indicados, numa distância que permita a observação recíproca mas que ao mesmo tempo impeça a mútua provocação. Como sabemos que a fixação canina funciona como um “medir de forças” e antecede as suas arremetidas, para a evitar e atenuar a indesejável tensão nervosa nos cães, convém felicitá-los e recompensá-los com guloseimas do seu agrado quando não demonstram qualquer atitude ou comportamento hostil, procedimento que deve ser amplamente repetido. 
Escusado será dizer que os donos deverão manter-se calmos e confiantes, ao mesmo tempo encorajadores, não temendo por si nem pelos seus cães, porque doutro modo, ao serem mal compreendidos, poderão suscitar dos animais uma dispensável e indesejável atitude defensiva de maior ou menor consequência.
A segunda regra obriga os condutores caninos à observação da linguagem corporal dos cães que conduzem. Independentemente do estágio de interacção em que os cães se encontrem, mais longe ou mais perto um do outro, se um deles manifestar alguma postura defensiva, cautelosa ou agressiva, como o levantamento do pêlo no dorso; mostrar os dentes; cauda levantada e hirta ou abatida e enroscada; corpo rígido e demorada fixação, o processo de familiarização deverá ser calmamente interrompido e regressar à primeira forma, repetindo-se depois os mesmos procedimentos, agora com maiores cautelas. 
Caso se verifique o contrário e os cães estejam relaxados e confortáveis, nada impede que a distância entre eles seja encurtada e que a desejável recompensa seja repetida.
A terceira regra é esta: serão os cães e não os donos a determinar o ritmo da familiarização. É bem possível que os cães desejem brincar no meio das caminhadas em paralelo, como também é possível que tal demore mais. O que mais importa é que a apresentação aconteça sem atropelos, sem pressas por parte dos donos e de acordo com as respostas dadas pelos cães, o que implica em dizer que ninguém deverá forçar tanto a apresentação e como a interacção desejáveis. 
Quando os cães já tolerarem a proximidade um do outro é chegada a altura de os colocarmos em fila, com um na frente do outro e invertendo depois as suas posições. E se disso não advir nenhum comportamento reprovável, então é chegada a hora de deixar os animais interagir, ainda que debaixo de apertada supervisão.
Com a familiarização ganha, a desejável sociabilização breve acontecerá graças à experiência feliz e ao reforço positivo. Como complemento ao que acabámos de explicar, aconselhamos os nossos leitores à lerem o texto “QUEM DÁ E TIRA AO INFERNO VAI PARAR”, editado no passado dia 28 de Novembro. Torna-se evidente que tudo acontecerá de modo mais célere se os cães frequentarem uma escola e ali participarem em manobras de sociabilização. Caso os donos se sintam desconfortáveis e inseguros nestes procedimentos, podem açaimar os cães e tirar os açaimes quando tiverem a certeza que nada de desagradável acontecerá.    

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