Quem olhar para a fisionomia de Mário Centeno o que vê? Vê primeiro uns
grandes olhos, simultaneamente meigos e perscrutadores, ditos antigamente de “carneiro
mal morto”. Depois, uma farta cabeleira crespa e grisalha, colada a um sorriso que
oscila entre o velhaco e o infantil, pleno da candura de quem muito sabe e
carregado da indiferença de quem está farto, tudo isto num corpo com o seu quê
de bronco e desengonçado, também ele associado a uma mímica indecisa e imprecisa.
Eis o nosso Ministro das Finanças, um indivíduo pouco apelativo, que para
desgosto de uns tantos, que lhe queriam pôr as patas em cima, foi ontem eleito
Presidente do Eurogrupo, para glória nossa e cúmulo da inveja de alguns dos
seus concidadãos. Sim, o patinho feio saltou para a ribalta, o anti-herói virou
vedeta!
É evidente que o homem não é nenhum tanso, nem tão pouco se formou por
correspondência ou conveniência, porquanto é licenciado e mestre em Matemática Aplicada
pelo ISEG da Universidade Técnica de Lisboa e também doutorado e mestre em
Economia pela Harvard Business School da Harvard University dos Estados Unidos,
sendo também professor catedrático do ISEG da Universidade Técnica de Lisboa.
Ao longo da sua carreira desempenhou importantes funções em vários organismos,
nomeadamente como economista no Banco de Portugal. Mário Centeno foi
recentemente alcunhado de “Ronaldo do Ecofin” pelo sorumbático ministro alemão
das finanças, o Sr. Wolfgang Schäuble, depois de ter nestes últimos dois anos
conseguido responder às dúvidas de Bruxelas quanto à capacidade de cumprir
regras europeias, reduzir o défice português e fazer a economia crescer. Na
hora da sua eleição este algarvio apresentou-se perante Schäuble e restantes
colegas com um cachecol alusivo à Selecção Nacional de Futebol (se é o Ronaldo
das finanças, porque não?).
Certo é que Mário Centeno, ao ser eleito Presidente do Eurogrupo, elevou
o nome de Portugal na Europa e no Mundo, ainda que a sua eleição faça cócegas
ao “Marcelinho dos reality shows”, juntando-se
a António Guterres e Durão Barroso, o primeiro como Secretário-Geral da ONU e
segundo como ex-Presidente da Comissão Europeia.
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