terça-feira, 5 de dezembro de 2017

NÓS POR CÁ: A ELEIÇÃO DE MÁRIO CENTENO

Quem olhar para a fisionomia de Mário Centeno o que vê? Vê primeiro uns grandes olhos, simultaneamente meigos e perscrutadores, ditos antigamente de “carneiro mal morto”. Depois, uma farta cabeleira crespa e grisalha, colada a um sorriso que oscila entre o velhaco e o infantil, pleno da candura de quem muito sabe e carregado da indiferença de quem está farto, tudo isto num corpo com o seu quê de bronco e desengonçado, também ele associado a uma mímica indecisa e imprecisa. Eis o nosso Ministro das Finanças, um indivíduo pouco apelativo, que para desgosto de uns tantos, que lhe queriam pôr as patas em cima, foi ontem eleito Presidente do Eurogrupo, para glória nossa e cúmulo da inveja de alguns dos seus concidadãos. Sim, o patinho feio saltou para a ribalta, o anti-herói virou vedeta!
É evidente que o homem não é nenhum tanso, nem tão pouco se formou por correspondência ou conveniência, porquanto é licenciado e mestre em Matemática Aplicada pelo ISEG da Universidade Técnica de Lisboa e também doutorado e mestre em Economia pela Harvard Business School da Harvard University dos Estados Unidos, sendo também professor catedrático do ISEG da Universidade Técnica de Lisboa. Ao longo da sua carreira desempenhou importantes funções em vários organismos, nomeadamente como economista no Banco de Portugal. Mário Centeno foi recentemente alcunhado de “Ronaldo do Ecofin” pelo sorumbático ministro alemão das finanças, o Sr. Wolfgang Schäuble, depois de ter nestes últimos dois anos conseguido responder às dúvidas de Bruxelas quanto à capacidade de cumprir regras europeias, reduzir o défice português e fazer a economia crescer. Na hora da sua eleição este algarvio apresentou-se perante Schäuble e restantes colegas com um cachecol alusivo à Selecção Nacional de Futebol (se é o Ronaldo das finanças, porque não?).
Certo é que Mário Centeno, ao ser eleito Presidente do Eurogrupo, elevou o nome de Portugal na Europa e no Mundo, ainda que a sua eleição faça cócegas ao “Marcelinho dos reality shows”, juntando-se a António Guterres e Durão Barroso, o primeiro como Secretário-Geral da ONU e segundo como ex-Presidente da Comissão Europeia.

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