É possível que nunca tenha
ouvido falar do Chips, um cão cruzado de Pastor Alemão/Collie/Husky,
propriedade da Família Wren de Pleasantville, Nova Iorque, que logo após o
ataque a Pearl Harbor, o cedeu ao Exército dos Estados Unidos, que fez dele um cão
sentinela em 1942, depois de frequentar e de ter sido aprovado num curso de
cães de guerra realizado em Front Royal na Virgínia.
Em 1943, junto com o seu
tratador, o soldado John P. Rowell, receberam guia de marcha para o Norte de
África, onde se juntaram à 3ª Divisão de Infantaria do Exército dos Estados
Unidos. A missão prioritária do binómio ali era a de proteger os tanques daquela
Divisão, o que não impediu em certa ocasião, quando alguns soldados americanos
se encontravam emboscados por tropas inimigas, que o Chips atravessasse o campo
de batalha com um cabo telefónico amarrado à coleira, permitindo assim que os
emboscados ligassem a pedir socorro (apoio).
Mais tarde, quando o
General Patton com o 7º Exército invadiu a Itália, vamos encontrar o Chips e o
seu tratador numa praia italiana debaixo de fogo de metralhadoras, sem
escapatória possível. Inesperadamente, o Chips soltou-se e lançou-se sobre o
ninho de metralhadoras, expulsando lá de dentro 4 soldados italianos que se
renderam às tropas americanas. O valente cão-soldado saiu daquela façanha com
ferimentos leves na cabeça e algumas queimaduras, o que não impediu que no
mesmo dia ajudasse o seu pelotão a capturar mais 10 soldados italianos.
Estes foram os feitos em
combate mais relevantes do Chips, que viria ainda a ser usado com cão sentinela
(protector de perímetro) durante a conferência entre o Presidente Roosevelt e o
1º Ministro britânico, o Sr. Winston Churchill. Pela sua heróica prestação na Guerra,
o Chips viria a receber a “Distinguished Service Cross”, a “Silver
Star” e a “Purple Heart”, tornando-se assim no cão mais condecorado da II
Guerra Mundial. Mais tarde essas condecorações foram-lhe retiradas, quando o
responsável máximo pela “Purple Heart” entendeu queixar-se ao
Presidente Roosevelt, argumentando que aquelas distinções eram unicamente para
pessoas e não para “equipamento” (hoje já temos para o efeito a “Dickin
Medal” entre outras).
Finada a Guerra, depois tudo
e ao contrário de muitos, o bom do Chips regressou a casa, para junto da
Família Wren. Infelizmente só viria a viver mais 7 meses, morrendo aos 6 anos
de idade em consequência das lesões que sofreu enquanto soldado, vindo a ser
enterrado no “The Peaceable Kingdom Pet Cemetery” em Hartsdale, New York.
Depois da sua morte, os
feitos deste SRD militar foram narrados no livro “CHIPS THE WAR DOG”,
da autoria de Nancy M. West. Também a Disney Company fez um filme para
televisão (já em DVD), datado de 1990, com o mesmo título do livro que o
antecedeu, onde as façanhas deste excelente e reconhecido cão de
guerra são mais uma vez relembradas.
Ao contrário de que
acontece com outros heróis de quatro patas, não são muitas as fotografias do
Chips à disposição do público, pelo que neste texto só a primeira, a terceira e
a quarta foto lhe pertencem. Desde que este cão foi desmobilizado, milhares de
cães de raça indefinida como ele foram enviados para a guerra, cães que a troco
de quase nada deram tudo o que tinham, para que muitos pudessem voltar ilesos ao
seio das suas famílias. Será justo continuar a subornar cães para entregá-los à
morte? Quantos companheiros do Chips não retornaram a casa? Quantos cães
veteranos continuam a ser “eutanasiados”? Por vezes dá a impressão que o Homem
amaldiçoa tudo aquilo em que toca!
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