O Carolina Dog é uma raça nativa
dos Estados Unidos. Comprovou-se cientificamente que descende directamente dos
cães nativos americanos que acompanharam os primeiros habitantes no Hemisfério
Ocidental. Reconhecido principalmente pela sua morfologia primitiva, este cão é
altamente inteligente, interactivo e único. Nos últimos 40 anos optou por viver
selvagem nos Estados da Carolina do Sul e da Geórgia, em bosques de pinheiros e
de ciprestes à beira de pântanos, sendo recentemente domesticado. O Carolina
Dog é também conhecido como Dingo-Norte-Americano, Dingo-Dixie, Dindo
do Sul, Dingo da Carolina, Cão Nativo da América do Norte, Cão Nativo Americano,
Cão Índio, Cão Amarelo, Cão Yeller e Ol 'Yeller.
Há medida que a sua
domesticação aumentou e se tornou popular, o Carolina Dog, que
apresenta misturas com outros cães, foi classificado pelo United Kennel Club como
um cão doméstico do Grupo Pária e do Tipo Spitz. Uma das primeiras
publicações que documentou o Carolina Dog foi o artigo “Dogs
of the American Aborigines”, da autoria de Glover Morrill Allen,
publicado em 1920 pelo Museum of Comparative Zoology at Harvard
College, onde o autor adiantou: “que os cães índios maiores ou comuns
descendiam dos primitivos cães asiáticos” e “que o cão doméstico originário da
Ásia foi carregado pelo homem primitivo tanto para o Leste como para o Oeste em
todas as partes do mundo habitado. Parece altamente provável que essa migração
aconteceu nos tempos do Pleistoceno tardio”.
Mais tarde, mais
precisamente em 2013, mediante testes de ADN mitocondrial, levados a cabo para
se saber se o Carolina Dog se encontrava ligado aos cães primitivos,
verificou-se que 58% dos cães apresentavam haplotipos universais que poderiam
ser encontrados em todo o mundo (haplótipos A16, A18, A19 e B1), 5%
apresentavam haplótipos associados à Coreia e ao Japão (A39) e 37% apresentavam um único haplotipo que não foi registado antes (A184) e que se relaciona com o sub-haplogrupo de
mDNA a5 com origem no Leste Asiático, enquanto o Dingo Australiano e o Cão
Cantor da Nova Guiné pertencem ao haplotipo A29 que se relaciona com o
sub-haplogrupo a2, não existindo assim uma relação genética de mDNA. Estas
comprovações científicas vieram ratificar o que Glover Morrill Allen havia
dito em 1920.
Os estudos do Dr. I.
Lehr Brisbin Jr., um especialista em ecologia vertebrada, rádio ecologia,
ecotoxicologia e comportamento animal, particularmente o relacionado ao olfacto
canino, mostraram que o Carolina Dog
tem um comportamento único na natureza: o de defecar e urinar em rios, riachos
e ribeiros, para esconder o seu odor de lobos e coiotes que são seus
predadores. As fêmeas têm três cios anuais, quiçá por causa da Dirofilariose
que mata muitos cachorros.
Algumas fêmeas quando estão grávidas cavam verdadeiros
e elaborados abrigos para parirem, trabalho que nenhum outro canídeo faz. Após
o parto ou durante a gravidez, as cadelas tapam os seus excrementos empurrando
areia com o nariz, manobra que dificulta a sua detecção por de lobos e coiotes
e que demonstra uma adaptação comportamental adicional à natureza. Somente o
Dingo Australiano e antiga raça coreana de cães fazem o mesmo.
O Carolina Dog é altamente
proficiente na localização das suas presas, fazendo a sua localização ao ouvido
graças às suas orelhas erectas e giratórias. A sua técnica de caça é semelhante
à das raposas, já que confunde o seu odor com outros mais fortes para não ser
detectado, esfregando-se inclusive nos excrementos do animal a caçar. Este cão
prefere áreas escassamente povoadas, mas é por vezes encontrado em áreas
arborizadas junto de auto-estradas e unidades industriais. A redescoberta do Carolina
Dog ficou a dever-se ao interesse e dedicação do Dr. I.
Lehr Brisbin Jr., ecologista sénior no Savannah River Ecology Lab do
Savannah River Site, a partir da década de 70 do século passado.
Estes cães medem entre 45
e 61cm de altura e pesam entre 14 e 20kg. Morfologicamente lembram um pequeno
lobo ou chacal com características lebréis, de orelhas erectas, stop pouco
pronunciado, dorso paralelo ao solo, mais quadrados que rectangulares e com a
cauda enrolada em forma de peixe. A cor preferida, de acordo com o padrão UKC,
é o gengibre vermelho escuro com marcas pálidas sobre os ombros e ao longo do
focinho.
Não obstante, outras variações de cor são também consideradas
aceitáveis, incluindo a cor de palha de trigo até ao amarelo pálido. Os Carolina
Dogs também podem ser pretos e fígado, apresentar o dorso negro e manchas
piadas. Freqüentemente
os cachorros apresentam uma máscara escura que normalmente desaparece à medida
que o manto definitivo avança. A densidade do seu manto é ditada pelas estações
do ano, sem maior nos meses mais frios.
O Carolina Dog exige um
nível de actividade alto e não apresenta dificuldades na obediência, no Agility
(onde se tem vindo a destacar), nos concursos de frisbee e noutras
actividades físicas, não apresentando também dificuldades de interacção. Como
estamos na presença de um genuíno cão-caçador, é de todo conveniente não deixar
um Carolina
Dog num quintal sem cerca. Devido às suas origens, a raça pode ser
tímida e suspeita, especialmente com estranhos, mas afectuosa a seu modo com as
pessoas familiares, sendo própria para famílias activas, o que não impede que
seja também silenciosa, reservada e um pouco distante.
Apesar de ser uma raça
extremamente activa, não necessita de grandes exercícios anaeróbicos,
reclamando apenas por uma simples caminhada diária e alguns jogos de interacção.
Este cão também possui distintivas e emocionantes vocalizações. Quanto à saúde,
o Carolina
Dog é considerado uma raça de cães geralmente saudável. Quando não-domesticado
e entregue a si próprio, vive da caça de pequenos roedores e também de algumas
plantas e frutos, não sendo por isso dispendioso alimentá-lo. Mais, como por
vezes come pequenas quantidades de terra, convém que o chão que pisa se
encontre livre de químicos e pesticidas. Exige-se um cuidado especial com as
plantas não-nativas do seu habitat, que ao serem desconhecidas e tóxicas, podem
causar-lhe graves problemas.
Eis em síntese o Carolina
Dog, um amigo que carrega o passado para o futuro, um cão que liga a
ancestralidade ao presente sem perder as suas características únicas, uma
agradável surpresa para quem não o conhece e um manancial de interesse para
quem o estuda e aprecia.
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