terça-feira, 12 de dezembro de 2017

MONTREAL É A PRIMEIRA

Montreal vai ser a primeira cidade do Canadá a alterar a lei sobre os cães perigosos e a reverter a proibição de cães Pitbull, julgando os cães pelo seu comportamento e não pelas suas características físicas, segundo promessa da Mairesse recentemente eleita, Valérie Plante (na foto abaixo), revogando assim as restrições específicas sobre a posse de cães que o antigo Perfeito (Denis Coderre) colocou em prática em 2016, que proibiam os moradores de Montreal de adquirir Pitbulls, Pitbulls Terriers americanos, Staffordshire terriers americanos e Staffordshire bull terriers, os seus cruzamentos e outras raças de características físicas semelhantes.
Na passada Sexta-feira, Craig Sauvé, Conselheiro da Cidade e integrante do comité responsável pelo controlo dos animais, anunciou que as alterações à lei sobre os cães perigosos serão discutidas oficialmente numa reunião a realizar-se no próximo dia 20 de Dezembro, adiantando ainda à CBC que “Montreal é uma cidade acolhedora para proprietários de animais de estimação e permanecerá assim". Quando a “lei Coderre”, que virá a ser revogada, entrou em vigor, os proprietários caninos que já possuíam Pitbulls, para mantê-los, foram obrigados ao pagamento de uma taxa de 150 dólares e a circular com os seus cães de trela curta e açaimados na via pública.
A proibição dos Pitbulls em Montreal surgiu como resposta à morte de Christiane Vadnais, de 55 anos de idade, ocorrida em Junho de 2016, que morreu em consequência de um ataque perpetrado por um cão de um vizinho. Depois da trágica ocorrência, verificou-se por teste de ADN que o cão assassino tinha na sua construção 87,5% American Staffordshire Terrier (raça geralmente conhecida como Pitbull), segundo relatou ao tempo a CBC TV. Face às alterações da lei em vigor, os irmãos da vítima, Gaston e Lise, mostraram-se desapontados e acreditam que elas levarão a mais mortes futuras.
Por detrás disto tudo esteve a Sociedade de Montreal para a Prevenção da Crueldade aos Animais (SPCA de Montreal) que moveu uma forte batalha legal, argumentando que, ao ser proibida a adopção de Pitbulls, os abrigos de animais ver-se-iam obrigados a abater alguns dos seus animais e que as obrigações legais relativas à raça forçariam os proprietários caninos de renda mais baixa a desistirem dos seus animais, argumentação que levou à alteração de algumas disposições, já que um tribunal decidiu que a cidade não poderia emitir uma ordem de eutanásia baseada unicamente na raça ou na aparência e não poderia impedir alguém de reclamar um cachorro perdido com base na raça ou na aparência. Além disso, a cidade viu-se obrigada a permitir que os abrigos adoptassem Pit bulls de pessoas que residiam fora dos limites urbanos de Montreal.  
Apesar das alterações legais esperadas, as restrições individuais dos cães considerados perigosos manter-se-ão em vigor. Os cães passarão a ser julgados pelo seu comportamento e não pela sua aparência. Craig Sauvé, Porta-Voz e Conselheiro da Cidade, explicou à “Montreal Gazette: "Para reduzir os ataques caninos, precisamos olhar para todos os cães, porque os Pitbull, ao contrário de algumas lendas urbanas, não são cães mais agressivos do que outros, ou cães particularmente perigosos; todos os cães são potencialmente perigosos". Sophie Gaillard da SPCA de Montreal disse à CTV News: "Estamos muito felizes por sabermos que a partir de 20 de Dezembro, poderemos colocar cães para adopção, independentemente do que parecem".
Parece-nos que a justiça vai ser reposta em Montreal, porque ao longo da nossa existência treinámos cães de todas as raças consideradas perigosas e fizemos inclusive reeducação de cães. Os ditos “cães perigosos” mostraram-se meigos, obedientes e fiéis aos seus donos e na longa lista dos cães reeducados, raros foram os indivíduos que pertenceram às raças hoje consideradas perigosas. 
Por mais caricato que pareça, o cão que maior dolo me causou foi um Teckel cerdoso já avançado na idade, que por pouco não me deixou com danos irreversíveis. Todas as raças têm bons e maus cães. Rotular algumas raças de más, para além de ser falso, é fomentar a subversão e alimentar sociopatas. Quanto à decisão da Cidade de Montreal, apetece-me repetir as palavras de um velho General ali proferidas a 24 de Julho de 1967: “Vive le Québec libre!”. 
Outras raças caninas esperam que lhes seja feita justiça por este mundo afora, amigos que pagam pelo que parecem e não pelo mal que fazem ou têm feito. Muitos deles indexados e estigmatizados por decisões políticas populistas que de todo os desconsideram. Eu detesto comparar homens e cães, mas sou obrigado a dizer que nuns e noutros há bons e maus indivíduos e que nenhum deles deverá ser perseguido somente pela sua raça.

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