Montreal vai ser a
primeira cidade do Canadá a alterar a lei sobre os cães perigosos e a reverter
a proibição de cães Pitbull, julgando os cães pelo seu comportamento e não pelas
suas características físicas, segundo promessa da Mairesse recentemente eleita,
Valérie Plante (na foto abaixo), revogando assim as restrições específicas sobre a posse de cães
que o antigo Perfeito (Denis Coderre) colocou em prática em 2016, que proibiam
os moradores de Montreal de adquirir Pitbulls, Pitbulls Terriers americanos, Staffordshire
terriers americanos e Staffordshire bull terriers, os seus cruzamentos e outras
raças de características físicas semelhantes.
Na passada Sexta-feira,
Craig Sauvé, Conselheiro da Cidade e integrante do comité responsável pelo
controlo dos animais, anunciou que as alterações à lei sobre os cães perigosos
serão discutidas oficialmente numa reunião a realizar-se no próximo dia 20 de
Dezembro, adiantando ainda à CBC que “Montreal é uma cidade acolhedora para
proprietários de animais de estimação e permanecerá assim". Quando a “lei
Coderre”, que virá a ser revogada, entrou em vigor, os proprietários caninos
que já possuíam Pitbulls, para mantê-los, foram obrigados ao pagamento de uma
taxa de 150 dólares e a circular com os seus cães de trela curta e açaimados na
via pública.
A proibição dos Pitbulls
em Montreal surgiu como resposta à morte de Christiane Vadnais, de 55 anos de
idade, ocorrida em Junho de 2016, que morreu em consequência de um ataque
perpetrado por um cão de um vizinho. Depois da trágica ocorrência, verificou-se
por teste de ADN que o cão assassino tinha na sua construção 87,5% American
Staffordshire Terrier (raça geralmente conhecida como Pitbull), segundo relatou
ao tempo a CBC TV. Face às alterações da lei em vigor, os irmãos da vítima,
Gaston e Lise, mostraram-se desapontados e acreditam que elas levarão a mais
mortes futuras.
Por detrás disto tudo
esteve a Sociedade de Montreal para a Prevenção da Crueldade aos Animais (SPCA
de Montreal) que moveu uma forte batalha legal, argumentando que, ao ser
proibida a adopção de Pitbulls, os abrigos de animais ver-se-iam obrigados a
abater alguns dos seus animais e que as obrigações legais relativas à raça
forçariam os proprietários caninos de renda mais baixa a desistirem dos seus
animais, argumentação que levou à alteração de algumas disposições, já que um
tribunal decidiu que a cidade não poderia emitir uma ordem de
eutanásia baseada unicamente na raça ou na aparência e não poderia impedir
alguém de reclamar um cachorro perdido com base na raça ou na aparência. Além
disso, a cidade viu-se obrigada a permitir que os abrigos adoptassem Pit bulls de
pessoas que residiam fora dos limites urbanos de Montreal.
Apesar das alterações
legais esperadas, as restrições individuais dos cães considerados perigosos
manter-se-ão em vigor. Os cães passarão a ser julgados pelo seu comportamento e
não pela sua aparência. Craig Sauvé, Porta-Voz e Conselheiro da Cidade,
explicou à “Montreal Gazette: "Para reduzir os ataques caninos, precisamos
olhar para todos os cães, porque os Pitbull, ao contrário de algumas lendas
urbanas, não são cães mais agressivos do que outros, ou cães particularmente
perigosos; todos os cães são potencialmente perigosos". Sophie Gaillard da
SPCA de Montreal disse à CTV News: "Estamos muito felizes por sabermos que
a partir de 20 de Dezembro, poderemos colocar cães para adopção, independentemente
do que parecem".
Parece-nos que a justiça
vai ser reposta em Montreal, porque ao longo da nossa existência treinámos cães
de todas as raças consideradas perigosas e fizemos inclusive reeducação de cães.
Os ditos “cães perigosos” mostraram-se meigos, obedientes e fiéis aos seus
donos e na longa lista dos cães reeducados, raros foram os indivíduos que
pertenceram às raças hoje consideradas perigosas.
Por mais caricato que pareça,
o cão que maior dolo me causou foi um Teckel cerdoso já avançado na idade, que
por pouco não me deixou com danos irreversíveis. Todas as raças têm bons e maus
cães. Rotular algumas raças de más, para além de ser falso, é fomentar a
subversão e alimentar sociopatas. Quanto à decisão da Cidade de Montreal,
apetece-me repetir as palavras de um velho General ali proferidas a 24 de Julho
de 1967: “Vive le Québec libre!”.
Outras raças caninas
esperam que lhes seja feita justiça por este mundo afora, amigos que pagam pelo
que parecem e não pelo mal que fazem ou têm feito. Muitos deles indexados e estigmatizados por
decisões políticas populistas que de todo os desconsideram. Eu detesto comparar
homens e cães, mas sou obrigado a dizer que nuns e noutros há bons e maus
indivíduos e que nenhum deles deverá ser perseguido somente pela sua raça.
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