Chega a ser confrangedor ver o
desempenho dos cães-lobo nas actuais classes de adestramento, ao ponto de terem
desaparecido das fileiras dos cães de serviço. A praga dos cães-lobo aconteceu
maioritariamente na segunda metade do século passado, dando origem a umas
quantas raças cujo rendimento laboral raramente alcançou a mediania quando
comparado com o de outras raças exclusivamente caninas. O híbrido de lobo,
relembrando aqui o falecido António Variações e a canção Além, é um animal “que
só está bem aonde não quer estar”, porque é produto de dois “mundos” e não pertence
a nenhum deles. Se o lobo reclama autonomia e é na maioria dos casos capaz de
resolver sozinho os problemas que enfrenta, o cão senta-se e espera a nossa
ajuda, sendo por isso dependente. Assim, a parte lobo impede a interacção com o
homem e a parte cão impede a autonomia e as mais-valias do lobo. O uso benéfico
do lobo e de outros canídeos selvagens na construção de raças caninas aponta
para uma melhoria da sua carga instintiva que geralmente tem como consequência
uma máquina sensorial mais apurada. Fora isso népias! Este fim-de-semana
conduzi um Cão-Lobo Checo e tive a impressão de ter tido um fantasma como
parceiro. Estes híbridos, quando integrados em matilhas exclusivas de cães,
esperam delas o que elas não têm para lhes dar, acabando de um jeito ou de
outro ostracizados. Peguei no cão, condoí-me e reneguei os seus inventores por
terem “fabricado” um bando de inadaptados.
PS: A recorrência à hibridação do cão com o lobo no leste europeu ficou também a dever-se à procura do super-cão para fins militares e este bebeu a ideia na procura ao tempo do super-soldado, caindo hoje no esquecimento e dando lugar às máquinas.
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