segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

O BOBI PARECE DAR-ME RAZÃO

 

Agora o BOBI, cão SRD que alguns dizem por lapso ou ignorância ser um genuíno Rafeiro do Alentejo, anda agora nas bocas do mundo, nas manchetes televisivas e nas paragonas dos mais diversos pasquins, desde que o Guiness of Records o creditou como sendo o cão mais velho do mundo, com mais de 30 anos de idade, diploma que foi parar à ignota aldeia de Conqueiros, na União das Freguesias de Souto da Carpalhosa e Ortigosa, no Distrito de Leiria.

Não me vou pronunciar sobre o seu salvamento miraculoso enquanto cachorro ou sobre as brincadeiras que tem vindo a desenvolver com os gatos ao seu redor, mas sobre o que disse o seu dono, Lionel, acerca da longevidade dos seus cães, uma vez que também a mãe do Bobi atingiu a bonita idade de 18 anos e outro viveu até aos 22. Para este dono, agora saído do anonimato, tal se deve ao facto dos seus cães terem andado sempre à solta, livres de correntes e trelas, e de comerem comida confeccionada – “o que a gente comia, eles comiam também!”

Curiosamente, a maioria dos cães intitulados como “os mais velhos do mundo” pelo Guiness, foram e são animais que sempre comeram comida fresca confeccionada pelos donos, assim foi o caso do Chihuahua Spike e assim também é o caso do Bobi. Acerca deste assunto lembro-me de um mal-estar existente entre dois veterinários que eram sócios, porque um aconselhava a ração que tinha na loja para vender e o outro indicava a comida confeccionada para os cães. Como se depreende, aquela sociedade depressa se dissolveu e não é preciso ser-se particularmente astuto para se calcular qual dos dois mais enriqueceu.

É inegável que as rações para animais de companhia significam um avanço, mas quem financiou e estruturou a indústria da alimentação animal não teve como primeiras preocupações a saúde e o bem-estar dos animais, mas viu nessa actividade uma excelente e lucrativa ocasião de negócio (o mundo é dos espertos), Sabem as gentes do negócio, as que transaccionam e transformam produtos, que o maior lucro vem da compra e não da venda, pois quanto mais barato comprarem maior será o seu lucro, o que no caso da alimentação animal levará à compra de ingredientes menos nobres e mais baratos, alguns deles até inapropriados, que acabarão por ser comprados por donos que querem dar o melhor para os seus cães?! Diante disto vale a pena questionar qual a qualidade das rações mais baratas?

Para além do possível logro dos donos, os cães, que tem menos papilas gustativas do que nós, acabam também por ser enganados, comendo por vezes o que nunca comeriam por força dos aromatizantes presentes nas rações. A procura de lucros na indústria da alimentação animal, como não poderia ser de outra maneira, é uma luta sem quartel e os abusos multiplicam-se, porque raro é o ano em que os organismos de defesa do consumidor não desaconselham o consumo de uma ou mais marcas de ração para cães, tanto aqui como nos Estados Unidos, por atentarem contra a saúde e o bem-estar dos animais.

O assunto é gostosamente controverso, contudo demorado, pelo que eu continuarei a usar ingredientes frescos na confecção do repasto diário do meu cão, livrando-o assim de digestões difíceis, de fezes mal formadas e de diarreias nauseabundas, daquelas que ao serem apanhadas envernizam as pedras das calçadas. Ao proceder assim, conservo o meu cão forte, activo e disponível – saudável – ao mesmo tempo que fomento a sua longevidade e nisto a existência do Bobi parece dar-me razão.

Sem comentários:

Enviar um comentário