Agora
o BOBI, cão SRD que alguns dizem por lapso ou ignorância ser um genuíno Rafeiro
do Alentejo, anda agora nas bocas do mundo, nas manchetes televisivas e nas
paragonas dos mais diversos pasquins, desde que o Guiness of Records o creditou
como sendo o cão mais velho do mundo, com mais de 30 anos de idade, diploma que
foi parar à ignota aldeia de Conqueiros, na União das Freguesias de Souto da
Carpalhosa e Ortigosa, no Distrito de Leiria.
Não
me vou pronunciar sobre o seu salvamento miraculoso enquanto cachorro ou sobre
as brincadeiras que tem vindo a desenvolver com os gatos ao seu redor, mas
sobre o que disse o seu dono, Lionel, acerca da longevidade dos seus cães, uma
vez que também a mãe do Bobi atingiu a bonita idade de 18 anos e outro viveu
até aos 22. Para este dono, agora saído do anonimato, tal se deve ao facto dos
seus cães terem andado sempre à solta, livres de correntes e trelas, e de
comerem comida confeccionada – “o que a gente comia, eles comiam também!”
Curiosamente,
a maioria dos cães intitulados como “os mais velhos do mundo” pelo Guiness,
foram e são animais que sempre comeram comida fresca confeccionada pelos donos,
assim foi o caso do Chihuahua Spike e assim também é o caso do Bobi. Acerca
deste assunto lembro-me de um mal-estar existente entre dois veterinários que
eram sócios, porque um aconselhava a ração que tinha na loja para vender e o
outro indicava a comida confeccionada para os cães. Como se depreende, aquela
sociedade depressa se dissolveu e não é preciso ser-se particularmente astuto para
se calcular qual dos dois mais enriqueceu.
É inegável
que as rações para animais de companhia significam um avanço, mas quem
financiou e estruturou a indústria da alimentação animal não teve como primeiras
preocupações a saúde e o bem-estar dos animais, mas viu nessa actividade uma
excelente e lucrativa ocasião de negócio (o mundo é dos espertos), Sabem as
gentes do negócio, as que transaccionam e transformam produtos, que o maior lucro
vem da compra e não da venda, pois quanto mais barato comprarem maior será o
seu lucro, o que no caso da alimentação animal levará à compra de ingredientes
menos nobres e mais baratos, alguns deles até inapropriados, que acabarão por
ser comprados por donos que querem dar o melhor para os seus cães?! Diante
disto vale a pena questionar qual a qualidade das rações mais baratas?
Para
além do possível logro dos donos, os cães, que tem menos papilas gustativas do
que nós, acabam também por ser enganados, comendo por vezes o que nunca
comeriam por força dos aromatizantes presentes nas rações. A procura de lucros
na indústria da alimentação animal, como não poderia ser de outra maneira, é
uma luta sem quartel e os abusos multiplicam-se, porque raro é o ano em que os
organismos de defesa do consumidor não desaconselham o consumo de uma ou mais
marcas de ração para cães, tanto aqui como nos Estados Unidos, por atentarem
contra a saúde e o bem-estar dos animais.
O assunto é gostosamente controverso, contudo demorado, pelo que eu continuarei a usar ingredientes frescos na confecção do repasto diário do meu cão, livrando-o assim de digestões difíceis, de fezes mal formadas e de diarreias nauseabundas, daquelas que ao serem apanhadas envernizam as pedras das calçadas. Ao proceder assim, conservo o meu cão forte, activo e disponível – saudável – ao mesmo tempo que fomento a sua longevidade e nisto a existência do Bobi parece dar-me razão.
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