quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

NO DOGS ALLOWED: DOIS BORREGOS PARA MR. HIGGINS

 

A IRISH FARMER’S ASSOCIATION (IFA), organização nacional que representa todos os sectores da agricultura na República da Irlanda, no lançamento da sua campanha de 2023, diz que é inaceitável que os 11 milhões de animais ao cuidado dos seus criadores sejam totalmente rastreados e que não exista um sistema semelhante para os cães. No lançamento desta campa, que recebeu o nome de “NO DOGS ALLOWED” e que teve o seu início ontem, TIM CULLINAN, presidente da associação, disse que as autoridades não conseguiram resolver um problema crescente nas fazendas – o dos ataques caninos contra bovinos e ovinos. A IFA já havia iniciado esta campanha em 2021, mas a situação ao invés de melhorar, piorou nos últimos dois anos. “ Os ovinicultores temem a perspectiva de uma chamada a dizer que o seu rebanho foi atacado”, disse. Afirmou também que esta campanha continuará até que uma acção significativa seja tomada pelo Ministro da Agricultura, Alimentação e Fuzileiros Navais Charlie McConalogue e pela Ministra do Desenvolvimento Rural e Comunitário Heather Humphreys, numa altura em que os ataques de cães se intensificam à medida que a estação de partos se aproxima. Depois de inúmeras petições dos representantes locais e dos órgãos agrícolas, os ministros McConalogue e Humphreys anunciaram no mês passado a existência de um grupo de trabalho sobre o controlo e propriedade de cães para estabelecer novas regras este ano. Não obstante, a campanha da IFA está pedir mais acção e medidas concretas.

“Não é aceitável para os criadores de gado, que fornecem rastreabilidade total para os sete milhões de ovinos e quatro milhões de bovinos sob o seu cuidado e onde cada animal é marcado individualmente, que um sistema semelhante não esteja ainda em vigor para os donos dos cães”. Cullinan disse que a falta de tal sistema, juntamente com a falta de exigência legal do microchip em cães e a falta de penalidades adequadas, estão a contribuir decisivamente para o aumento crescente do problema. Estranhamente, o último relatório sobre a implementação da Lei do Controlo de Cães mostra que apenas 192.348 se encontram licenciados num total nacional estimado de 800.000, o que significa que 76% dos cães na República da Irlanda não se encontram identificados! Entende Cullinan (na foto seguinte) e entende bem, que aqueles que querem ter um cão como parte da família, devem em simultâneo aceitar as responsabilidades inerentes à sua adopção.

Por outro lado, a campanha pede ao governo que dê mais poder às entidades fiscalizadoras dos cães e à Gardaí (força policial nacional civil da República da Irlanda, com atribuições de polícia judiciária e polícia preventiva uniformizada), para além de exigir que sanções mais severas venham a ser aplicadas. “O nível de sanções a ser aplicadas não reflecte a selvajaria e o trauma que esses cães descontrolados estão a causar”, disse o presidente da IFA. Num comunicado, esta associação pede a introdução de sanções acrescidas e de multas no local, “quando houver um cão sem controlo e multas significativas no local onde os cães são encontrados a importunar o gado”, reclamando também por multas para cães sem microchip e licenciamento, devendo as autoridades aplicar estas penalidades em regiões de fronteira aos donos que sejam residentes no estado. Os “ataques de cães estão a causar sofrimento inimaginável a ovelhas e a cordeiros, assim como enormes percas económicas para os agricultores. “O comportamento irresponsável de alguns donos de cães continua a levar a consequências devastadoras nas fazendas e deve acabar”, concluiu o presidente da IFA.

Há que louvar a paciência da IFA e dos criadores de ovelhas e de gado bovino irlandeses, que tudo têm feito para serem ouvidos nas suas justas reivindicações. Eu bem sei que os cães rendem mais votos que ovelhas e vacas, basta fazer contas ao número de cães na República da Irlanda. Contudo, quem sabe se a estratégia não resultaria, seria bom oferecer ao presidente Michael Higgins, em substituição dos seus Bouviers de Berna, dois borregos para o acompanhar nos seus actos oficiais, que ao servirem de exemplo, poderiam granjear maior respeito junto eleitorado, evitando-se assim que mais ovelhas acabem brutal e precocemente na boca dos cães.

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