segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

DO SAPAL PARA O QUINTAL

 

A nossa sessão de trabalhos de sábado teve início num imenso sapal transformado em atracção turística e onde se criam em regime de confinamento (aquacultura) muitos dos robalos e douradas que nos vêm parar ao prato. O mesmo sapal, rico em organismos aquáticos como peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios, répteis e plantas aquáticas para uso do homem, é também um santuário para aves migratórias e residentes, algumas cuja espécie se encontra ameaçada. Fomos para ali para enriquecermos o quadro experimental dos cães e para andarmos com eles em liberdade nos infindos e estreitos caminhos que ladeiam os tanques aquáticos. E fomos agora para que os mosquitos não nos incomodassem, porque em vindo os dias mais quentes, somos literalmente vestidos por estes insectos pernilongos, que caem sobre nós com maior intensidade do que bombas russas na cidade ucraniana de Bakhmut. Na foto acima, debaixo de uma ave planadora artificial e tendo como companheiros os CPA’s Dobby e Bohr, vemos o pequeno Simão, nosso companheiro de muitas jornadas. O mesmo Dobby aparece na foto seguinte ao lado da sua dona e condutora, abrigados por detrás de um flamingo aramado.

Num cais palafítico, durante a maré vazia, provavelmente com o Paulo a temer as alturas ou atribulado pelas vertigens, vemo-lo na companhia do seu bravo Pastor Alemão a admirar a paisagem, enquanto o água se esvaía sem deixar rasto.

Mais à frente, numa das paragens do percurso, depois de havermos refrescado os cães, sentámo-nos num pequeno e austero café para também nos refrescarmos. Ali surpreendemos os binómios Paulo/Bohr e Maria/Dobby refastelados numas cadeiras que me fizeram recordar um icónico filme francês maioritariamente rodado na Indonésia. Os dois binómios foram ali colocados estrategicamente para que os cães se acostumassem à passagem dos turistas sem molestá-los.

Como a meteorologia prometia chuva e a manhã começou a acinzentar-se em demasia, do sapal fomos para um quintal que nos foi generosamente cedido, passando assim dos ensinamentos práticos para os teóricos sem corrermos o risco de nos molharmos. Como nunca foi facultado qualquer manual de ensino canino à condutora do Dobby, vimo-nos na obrigação de dividirmos com ela os textos: “QUAL O MOMENTO CERTO PARA TREINAR O SEU CÃO” e “CONDUÇÃO: IMPACTO, VISUAL, RESPIRAÇÃO E ENTOAÇÃO DE COMANDOS”, respectivamente do Manual I e II da nossa escola.

A Maria continua com sérias dificuldades em evitar que o seu cão agrida outrem, por ausência de autoridade, instigação involuntária, entoação e uso indevido dos comandos verbais, distracção e alguma parcimónia. A somar a isto, a Maria raramente procede à milha diária para a sociabilização do Dobby, apesar do animal se encontrar encerrado num minúsculo quintal, mormente num plano superior ao das pessoas que por ali passam. Induzido pelo escassez do território, o Dobby tende a defendê-lo como se ele fosse constantemente ameaçado. A somar a isto, quando na rua e à passagem de alguém desconhecido, este cão intenta fazer ataques dissimulados e à boca calada, o que obriga a um sério cuidado e que poderá ter graves consequências. Provisoriamente e enquanto a Maria não conseguir controlar o seu cão, aconselhamo-la a sair à rua com ele açaimado, o que será melhor para todos. Continuamos convencidos que faremos da Maria uma líder mais atenta e eficaz – ela tem tudo para isso!

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Maria/Dobby e Paulo/Bohr. O Jorge Filipe participou dos trabalhos com o seu filho Simão. As fotos são da autoria do Adestrador e a família Rodrigues não compareceu ao treino. A chuva afinal não chegou e acabámos por usufruir de uma tépida manhã de inverno.

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