Muito
se tem escrito sobre os vikings e muito mais há que descobrir. Segundo recentes
evidências, quando cruzaram o Mar do Norte rumo à Grã-Bretanha, invadindo-a no
Séc.IX, mais precisamente no ano 865 da nossa era, trouxeram consigo cães e
cavalos, animais que valorizaram ao ponto de serem cremados a seu lado,
descoberta que coube a pesquisadores da Universidade de Durham enquanto
realizavam escavações no único cemitério viking conhecido na Grã-Bretanha, em
Heath Wood, Derbyshire, cemitério ligado ao Grande Exército Viking, uma força
combinada de guerreiros escandinavos que invadiram as Ilhas Britânicas no ano
atrás citado. Foram ali encontrados restos humanos e animais numa só pira
funerária e a análise dos ossos mostrou serem provenientes do Escudo Báltico da
Escandinávia, área que abrange a Finlândia, a Suécia, parte da Noruega e
noroeste da Rússia. Levariam as Valquírias também cães e cavalos para Valhala,
como alguns hoje querem ver cães no céu?
Tessi
Loffelmann (na foto seguinte), primeira responsável pela escavação e
pesquisadora de doutorado nas universidades de Durham e Vrije
Universiteit Brussels, disse acerca do achado arqueológico: “Esta é a primeira
evidência científica sólida de que os escandinavos cruzaram quase certamente o
Mar do Norte com cavalos, cães e possivelmente outros animais já no século IX
DC e poderá vir a aprofundar o nosso conhecimento sobre o Grande Exército Viking.
A nossa fonte primária mais importante, o Anglo-Saxon Chronicle, afirma que os
vikings estavam a apropriar-se de cavalos em East Anglia quando chegaram pela
primeira vez à Grã Bretanha, mas isso não será claramente toda a história, já
que provavelmente transportaram animais ao lado de pessoas em navios, o que
levanta também sérias questões sobre a importância de animais específicos para
os vikings.”
Para determinar a origem dos ossos, a equipa de investigadores procurou vestígios do elemento estrôncio nos restos mortais de dois adultos, uma criança e três animais no cemitério viking de Heath Wood. O estrôncio ocorre naturalmente em rochas, solos e águas antes de chegar às plantas. Quando pessoas e animais comem essas plantas, o estrôncio substitui o cálcio nos seus ossos e dentes. Como diferentes versões de estrôncio aparecem em diferentes áreas geográficas, ele actua como uma impressão digital capaz de identificar a região de origem dessas mesmas pessoas e animais. As proporções deste elemento químico, pertencente ao grupo dos metais alcalino-terrosos, mostraram que os restos mortais de um cavalo, de um cão e possivelmente de um porco não eram de origem britânica.
O professor Julian Richards do Departamento de Arqueologia da Universidade de York, que co-dirigiu as escavações no citado cemitério, disse a propósito: “A Tapeçaria de Bayeux retrata a cavalaria normanda a desembarcar cavalos da sua frota antes da Batalha de Hastings, mas isto é a primeira demonstração científica de que guerreiros vikings transportaram cavalos para a Inglaterra duzentos anos antes, o que mostra o quanto os líderes vikings valorizavam os seus cavalos e cães de caça pessoais, que trouxeram da Escandinávia e que foram sacrificados para serem enterrados com seus donos.” As conclusões destas escavações foram publicadas na revista científica PLOS ONE. Já se sabe onde britânicos e alemães, entre outros, foram buscar o seu amor pelos animais!
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