A
perfeita integração dos cães na sociedade ainda está para chegar, não tanto por
culpa deles, mas por causa dos seus donos, que de uma assentada atentam contra
a higiene e saúde públicas, põem a vida de outros em risco, são fonte de
acidentes, violam os mais fundamentais direitos cívicos e sujeitam os animais a
uma série de perigos dos quais não podemos isentar a própria morte, tudo pela
ausência de regras que leva ao descontrolo, descontrolo que começa por ser
doméstico e que se estende depois aos espaços públicos. Apesar de muitas
autarquias por toda a parte já haverem criado espaços próprios para os cães
mictarem e defecarem, tanto aqui como lá fora, persistem os “binómios selvagens”,
aqueles cujos cães urinam onde lhes dá gana e defecam onde muito bem lhes
apetece, tal qual donos deste mundo rodeados de gente de pouca monta,
manifestação mal-educada normalmente advinda da ignorância que atenta contra o
bem-estar colectivo. Comportamentos assim não trazem paz nem sossego a ninguém,
porque os donos cedem aos esticões dos cães e os outros que se danem, que puxem
as calças para cima ou andem em bicos de pés! Tenho alguma dificuldade em
compreender como é que um cão educado numa escola anda na rua constantemente a
rebocar o seu dono em direcção à árvore mais próxima para marcar território.
Precisará o dono dessa penitência ou será o cão proprietário de tudo aquilo que
marca? Ele julgará que sim e com isso, gradualmente, tenderá a ser também antissocial.
O adestramento canino enquanto prática de condicionamento não se esgota apenas no trabalho específico dos cães, estende-se também à sua higiene, para que esta não se constitua num entrave à sua operacionalidade. Se o trabalho convencionalmente exigido aos cães dá primazia à sua interacção diante dos seus poucos instintos, cães que urinam a torto e a direito por toda a parte fazem-no à conta de quê? Obviamente dos instintos, por falta de condicionamento prévio! Caberá aos donos nos passeios higiénicos com os seus cães atribuir-lhes previamente locais onde poderão satisfazer as suas necessidades fisiológicas, tendo só neles permissão para tal, pelo que a regra carece de ser respeitada. A tarefa parece mais difícil do que é, porque os cães são animais de hábitos, adoptam facilmente rotinas e sentem alguma relutância em abandoná-las. Andar na rua com um cão aos esticões rumo à árvore ou à esquina mais próxima é um atentado ao “junto”, uma condução desequilibrada e ridícula que fortalece os instintos caninos e mina a liderança humana, uma desastrada “excursão à praia da porcalhota”, onde os cães podem contrair as mais variadas doenças por contágio. Caro leitor, se tem este comportamento abandone-o, estipule para o seu cão quais os locais correctos para satisfazer as suas necessidades fisiológicas, locais adequados e de limpeza fácil, que poderão livrá-lo de esticões imprevistos - livre o seu cão de ralhos desnecessários e sinta a felicidade de marchar sempre com ele ao seu lado, sem atropelos.
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