Não
é novidade para ninguém que sempre fomos e continuamos a ser uma escola para
condutores caninos e que nesse âmbito continuamos a educar donos e cães,
chamando uns à razão e os outros à curiosidade, para que o entendimento
interespécies floresça e melhore a interacção entre homens e cães. Ter um cão
não torna ninguém mais responsável e não falta por aí quem se sirva dos cães para
se evadir e extravasar, a despeito dos perigos que corre e pode causar aos
animais, confundindo mais depressa a realidade com a ficção do que os próprios cães.
Diante disto se compreende a existência de um sem número de incidentes que
envolvem donos e cães, normalmente da responsabilidade dos primeiros, como o
que vou agora narrar e que aconteceu ontem no município austríaco de Ebbs, situado
no distrito de Kufstein, no estado do Tirol.
Ali, por volta das 16h50, um homem de 71 anos que passeava o seu cão, ao que tudo indica solto, viu-o cair numa represa, o que o obrigou a ligar de imediato para os bombeiros. Com o tempo a passar e preocupado com o bem-estar do cão, o septuagenário, que já tem idade para ter juízo, usando uma corda improvisada, decidiu fazer rapel para valer ao animal. O seu esforço não foi compensado, caiu à água e também não conseguiu sair dela, acabando por ser companheiro de aflição do cão. Logo após chegaram os serviços de emergência de Ebbs, com 13 homens e 3 veículos, que acabaram por resgatar aquele “binómio” imprudente e desastrado. Desconheço se o cão tinha aprendido a nadar ou não (espero que o dono saiba), mas sei que se o cão fosse atrelado, jamais cairia à água e o seu dono não teria de se armar em superavozinho. Os bombeiros vieram para resgatar um e acabaram por resgatar dois. Nos seus momentos de exaltação e desejo de liberdade infinda, há tanta gente boa que se esquece que é responsável pela vida do seu cão, deixando-o entregue à sorte enquanto se deleita, o que não é causa de espanto para ninguém, porque assim procedem também muitos pais.
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