terça-feira, 13 de setembro de 2022

CARREGAR O DONO E DENUNCIAR O MÉTODO

 

Quando um cão é chamado para cumprir uma missão, desempenhar um serviço ou vencer um exercício, sempre carrega consigo particularidades do seu líder e evidências do método a que foi sujeito. No exercício anfíbio acima, dito “neutro” porque não é específico de uma só disciplina ou especialidade canina, aqui efectuado pelo CPA Bohr, um lobeiro de pêlo comprido, o cão é obrigado a descer uma rampa curta e inclinada, a internar-se na areia e a atirar-se para dentro de água para ir buscar um objecto que para lá foi jogado, voltando depois da captura pelo mesmo trajecto. Aparentemente tudo parece perfeito quando na verdade não o foi, particularmente se considerarmos o exercício como importante para o resgate e para a prestação de socorro. Como estamos perante um percurso de ida e volta, somos “obrigados” a examiná-lo nesses dois momentos. No arranque para a captura, da exclusiva responsabilidade do lupino doméstico, nada há a observar ou a reparar, porque o lobeiro arrancou a galope, não se intimidou com a rampa, não acusou a novidade da areia, entrou decidido dentro de água e prontamente procedeu à captura do pequeno objecto.

Porém, no percurso de retorno, que é mais da responsabilidade do dono do que do cão, o animal saiu da água em marcha, manteve-a na areia e apenas esboçou um passo de galope no início da rampa, alcançando depois o dono sem qualquer rasgo de alegria, quando deveria ter mantido sempre o galope e exultado de felicidade ao reencontrar-se com o dono, uma vez que havia cumprido com o que este lhe havia determinado fazer. Porque procedeu o cão assim? Como o animal não se encontrava estafado, o seu lastimável regresso resultou da ausência de ânimo a transmitir pelo dono e da sua parcimónia em recompensar, faltas que não podem ser imputadas ao generoso Pastor Alemão, que apesar de mal recompensado, continua seguir o seu ”mestre” para todo o lado. Nunca é demais relembrar que só a recompensa conseguirá elevar à excelência os cães de gente deficiente de atenção, pouco expressiva, ocasionalmente aplicada e dada ao desânimo - gente comum. E o mais curioso disto tudo, é que a prática de recompensar irá gradualmente servir de terapia para os donos mais coléricos, pondo-os em perfeita sintonia com os seus parceiros caninos, que precisam de confiar para avançar e vencer.

PS: O GIF constante neste artigo foi propositalmente repetido para facilitar a sua compreensão.

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