Quando
um cão é chamado para cumprir uma missão, desempenhar um serviço ou vencer um
exercício, sempre carrega consigo particularidades do seu líder e evidências do
método a que foi sujeito. No exercício anfíbio acima, dito “neutro” porque não
é específico de uma só disciplina ou especialidade canina, aqui efectuado pelo
CPA Bohr, um lobeiro de pêlo comprido, o cão é obrigado a descer uma rampa
curta e inclinada, a internar-se na areia e a atirar-se para dentro de água
para ir buscar um objecto que para lá foi jogado, voltando depois da captura
pelo mesmo trajecto. Aparentemente tudo parece perfeito quando na verdade não o
foi, particularmente se considerarmos o exercício como importante para o
resgate e para a prestação de socorro. Como estamos perante um percurso de ida
e volta, somos “obrigados” a examiná-lo nesses dois momentos. No arranque para
a captura, da exclusiva responsabilidade do lupino doméstico, nada há a
observar ou a reparar, porque o lobeiro arrancou a galope, não se intimidou com
a rampa, não acusou a novidade da areia, entrou decidido dentro de água e
prontamente procedeu à captura do pequeno objecto.
Porém, no percurso de retorno, que é mais
da responsabilidade do dono do que do cão, o animal saiu da água em marcha, manteve-a
na areia e apenas esboçou um passo de galope no início da rampa, alcançando
depois o dono sem qualquer rasgo de alegria, quando deveria ter mantido sempre
o galope e exultado de felicidade ao reencontrar-se com o dono, uma vez que
havia cumprido com o que este lhe havia determinado fazer. Porque procedeu o
cão assim? Como o animal não se encontrava estafado, o seu lastimável regresso
resultou da ausência de ânimo a transmitir pelo dono e da sua parcimónia em
recompensar, faltas que não podem ser imputadas ao generoso Pastor Alemão, que
apesar de mal recompensado, continua seguir o seu ”mestre” para todo o lado.
Nunca é demais relembrar que só a recompensa conseguirá elevar à excelência os cães
de gente deficiente de atenção, pouco expressiva, ocasionalmente aplicada e
dada ao desânimo - gente comum. E o mais curioso disto tudo, é que a prática de recompensar
irá gradualmente servir de terapia para os donos mais coléricos, pondo-os em perfeita
sintonia com os seus parceiros caninos, que precisam de confiar para avançar e vencer.
PS: O GIF constante neste artigo foi propositalmente repetido para facilitar a sua compreensão.
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