quarta-feira, 14 de setembro de 2022

NÃO DINHEIRO, NÃO HÁ PALHAÇOS!

 

Ouvi a sentença que intitula este texto da boca de um contador de larachas, que quase sempre a repetia e que não vejo há algum tempo, quando se referia a situações onde o prévio pagamento era indispensável. E lembrei-me da frase a propósito de um procedimento dos Sapadores Bombeiros do SDIS (Service Départemental d'Incendie et de Secours des Hautes-Alpes) que ao serem chamados para resgatar um cão de um penhasco, se recusaram intervir sem o pagamento prévio de 600€, debaixo do pretexto “quando não há emergência vital ou risco para a propriedade, cobramos por este tipo de intervenção", rigor que só enaltece a sensibilidade da direcção e de toda a corporação daqueles bombeiros, gente indubitavelmente altruísta e piedosa!

Preso durante 3 dias num penhasco na localidade francesa de La Saulce, na região administrativa de Provence-Alpes-Côte d'Azur, no departamento de Hautes-Alpes, um cão foi finalmente resgatado no passado domingo, dia 11 de setembro, graças ao empenho de alguns membros de LA SOCIÉTÉ PROTECTRICE DES ANIMAUX (SPA) SUD ALPINE.

O cão (na foto seguinte), um PASTOR SUÍÇO à volta de um ano de idade, encontrava-se seriamente desidratado e apresentava sinais de ter sido vítima de maus tratos. Quem o descobriu foi um morador de La Saulce, que inicialmente deu o alerta ao ver o animal preso num penhasco à frente de sua casa. Os bombeiros foram contactados e, como já se disse atrás, não intervieram! Não obtendo dos bombeiros a ajuda esperada, o morador dirigiu-se e bem à SPA SUD ALPINE.

Sem o apoio dos bombeiros, foi preciso criar uma corrente de solidariedade para organizar o resgate daquele cão. Oito voluntários responderam afirmativamente, entre eles um soldado do IV REGIMENTO DE CAÇADORES ALPINOS DE GAP, especializado em resgate de montanha. Após uma primeira localização realizada no sábado à noite, a intervenção foi marcada para as 07h30 do passado domingo. Foram necessárias seis horas, incluindo duas horas de abordagem, para resgatar o animal em perigo, segundo indicam os media locais. De acordo com os exames médicos realizados no refúgio para onde o animal foi enviado, este já se encontrava em avançado estado de magreza, antes mesmo da sua desventura pelas montanhas. O proprietário do animal entrou em contacto com o abrigo e um inquérito sobre abuso de animais foi aberto.

Se porventura ninguém aparecesse e ninguém se dispusesse a pagar os 600€, deixar-se-ia apodrecer aquele Pastor Suíço no penhasco? Talvez para aqueles bombeiros fosse melhor, porque alguém certamente lhes pagaria pela remoção do cadáver! As ocorrências aos domingos são sempre muito complicadas, o pessoal é pouco e a vontade não é nenhuma!

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