terça-feira, 20 de setembro de 2022

INCAPACIDADE E SOBREVIVÊNCIA

 

Uma escola canina é no seu sentido mais amplo uma “oficina de consertos” e quando assim não for, será apenas um cói de actividades lúdicas, para muitos tornadas terapêuticas e um meio fácil de extorquir dinheiro a outrem. Se a salvaguarda dos cães como um todo é o objectivo central do adestramento convencional, a sua sobrevivência será a primeira das suas metas, trabalho que nos levará a suavizar menos valias, a ultrapassar incapacidades, a propor novos equilíbrios e a encontrar novos incentivos. Quando um adestrador tem a felicidade de receber cachorros aos 4 meses de idade, caso dê primazia à ginástica, tudo será mais fácil, porque a plasticidade anatómica do animal virá em seu socorro, o que não sucederá caso nos chegue depois da maturidade sexual. Preparar os cães para a sobrevivência é também prepará-los para a ocultação, quando ameaçados ou em perigo, e para a evasão, quando sequestrados ou confrontados com incêndios, derrocadas, cheias e outros cataclismos, o que implica, entre outros trabalhos, ensinar os cães a saltar verticais de 80 cm, muros com 1 metro de altura e valas com 1,8 metros, valores pouco exigentes para cães médios e saudáveis, mas de difícil alcance para os animais mais pequenos e para os portadores de alguma deficiência ou incapacidade, que necessitam igualmente de sobreviver, apesar dos seus handicaps. O salto acima nada também de impressionante, mas espelha uma tremenda vitória para o Akita Inu Japonês Ouki, cuja traseira é disfuncional e que apenas se apoia num dos pés para saltar. Outros rejeitá-lo-iam nas suas fileiras, nós alegramo-nos vivamente com as suas vitórias!

Sem comentários:

Enviar um comentário