sexta-feira, 9 de setembro de 2022

GOD SAVE THE QUEEN

 

Eu sou pouco apreciador de ingleses, gente que na sua maioria considero presunçosa, rude e forreta, para além de pouco asseada, conclusões que tirei ao viver no sul de Inglaterra, ao ter convivido com ingleses em várias partes do mundo e de ter vivido na minha adolescência paredes meias com um casal de ingleses com dois filhos, um rapaz sensivelmente com a minha idade de então e uma irmã um pouco mais velha, que andava normalmente desesperada por não encontrar aquilo de que tanto gostava. Assim, durante anos, por altura das férias grandes, passava as manhãs a jogar com o rapaz e as tardes a brincar com a irmã, dormindo ora na casa deles, ora na minha – belos tempos! Por tudo isto, ao pronunciar-me sobre ingleses, penso não estar a julgar o todo pela parte. Por outro lado, abomino qualquer tipo de servilismo e antipatizo com todos os tipos de monarquia, sentimento eventualmente só explicado por ser neto de um republicano convicto, que infelizmente não cheguei a tempo de conhecer. Não obstante, nada disto me impediu ou impede de admirar a agora defunta Rainha Elizabeth II do Reino Unido, porque a sua figura acompanhou-me ao longo da vida e a sua constante presença fez com que a considerasse também minha, que a adoptasse para mim e que viesse a fazer parte do meu pequeno mundo.

Nunca tive o privilégio de falar com ela e o mais perto que estive dela foi a uns escassos seis metros de distância, aquando da sua 2ª visita oficial a Portugal, em 1985, quando fazendo parte de uma força a cavalo de honras de estado, lhe prestei continência em frente ao Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa. Na altura julguei-a pequena, mas graciosa, mais “Lilibet” do que Elizabeth. Ao abandonar o seu olhar para o abstracto, não mais do que 3 segundos, olhou para o meu cavalo e para mim e esboçou um brevíssimo sorriso, como que a dizer: “Logo havia de ter calhado um cruzado de Percheron!” Não mais a tornei a ver pessoalmente, mas vi o actual rei Carlos III e a sua esposa de então, a tão idolatrada Lady Di (na altura Princípes de Gales), no Palácio Nacional de Queluz à mesma distância que estive da Rainha. O casal não me surpreendeu pela positiva, porque a princesa parecia padecer há muito de esquizofrenia e o marido era um tipo comum, um caucasiano igual a tantos outros, de bochechas vermelhas, orelhas tombadas e sem evidência de qualquer carisma.

Quanto à Rainha Elizabeth II, para mim a verdadeira “England’s Rose”, ela foi literalmente uma vela ao vento que garantiu a unidade da Commonwealth face aos diversos conflitos mundiais, iluminando com a sua existência a união de díspares povos e nações num mesmo propósito. A família também nunca lhe deu tréguas e foi causadora de graves e múltiplos escândalos, mas ele soube manter-se à altura, manteve a serenidade e a compostura próprias de quem se propôs a servir o povo do Reino Unido desde o primeiro dia em que foi proclamada rainha. Morreu a melhor e a mais longeva servidora do Reino Unido, alguém que não voltaremos a ver e que é património de todos, que deixa profunda saudade e que jamais será esquecida – GOD SAVE THE QUEEN!

Sem comentários:

Enviar um comentário