Eu
sou pouco apreciador de ingleses, gente que na sua maioria considero
presunçosa, rude e forreta, para além de pouco asseada, conclusões que tirei ao
viver no sul de Inglaterra, ao ter convivido com ingleses em várias partes do
mundo e de ter vivido na minha adolescência paredes meias com um casal de
ingleses com dois filhos, um rapaz sensivelmente com a minha idade de então e uma
irmã um pouco mais velha, que andava normalmente desesperada por não encontrar
aquilo de que tanto gostava. Assim, durante anos, por altura das férias
grandes, passava as manhãs a jogar com o rapaz e as tardes a brincar com a irmã,
dormindo ora na casa deles, ora na minha – belos tempos! Por tudo isto, ao
pronunciar-me sobre ingleses, penso não estar a julgar o todo pela parte. Por outro
lado, abomino qualquer tipo de servilismo e antipatizo com todos os tipos de
monarquia, sentimento eventualmente só explicado por ser neto de um republicano
convicto, que infelizmente não cheguei a tempo de conhecer. Não obstante, nada
disto me impediu ou impede de admirar a agora defunta Rainha Elizabeth II do
Reino Unido, porque a sua figura acompanhou-me ao longo da vida e a sua
constante presença fez com que a considerasse também minha, que a adoptasse
para mim e que viesse a fazer parte do meu pequeno mundo.
Nunca
tive o privilégio de falar com ela e o mais perto que estive dela foi a uns
escassos seis metros de distância, aquando da sua 2ª visita oficial a Portugal,
em 1985, quando fazendo parte de uma força a cavalo de honras de estado, lhe
prestei continência em frente ao Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa. Na
altura julguei-a pequena, mas graciosa, mais “Lilibet” do que Elizabeth. Ao
abandonar o seu olhar para o abstracto, não mais do que 3 segundos, olhou para o
meu cavalo e para mim e esboçou um brevíssimo sorriso, como que a dizer: “Logo
havia de ter calhado um cruzado de Percheron!” Não mais a tornei a ver
pessoalmente, mas vi o actual rei Carlos III e a sua esposa de então, a tão idolatrada
Lady Di (na altura Princípes de Gales), no Palácio Nacional de Queluz à mesma
distância que estive da Rainha. O casal não me surpreendeu pela positiva,
porque a princesa parecia padecer há muito de esquizofrenia e o marido era um
tipo comum, um caucasiano igual a tantos outros, de bochechas vermelhas,
orelhas tombadas e sem evidência de qualquer carisma.
Quanto à Rainha Elizabeth II, para mim a verdadeira “England’s Rose”, ela foi literalmente uma vela ao vento que garantiu a unidade da Commonwealth face aos diversos conflitos mundiais, iluminando com a sua existência a união de díspares povos e nações num mesmo propósito. A família também nunca lhe deu tréguas e foi causadora de graves e múltiplos escândalos, mas ele soube manter-se à altura, manteve a serenidade e a compostura próprias de quem se propôs a servir o povo do Reino Unido desde o primeiro dia em que foi proclamada rainha. Morreu a melhor e a mais longeva servidora do Reino Unido, alguém que não voltaremos a ver e que é património de todos, que deixa profunda saudade e que jamais será esquecida – GOD SAVE THE QUEEN!
Sem comentários:
Enviar um comentário