Um
cão que se atira a outros cães ou que cace outros animais dificilmente será um
bom guardião se não abandonar essa tendência, apesar de haver por aí,
misturando técnicas de caça, quem se valha da captura de pequenos animas domésticos
para alcançar a humana, o que automaticamente obsta à necessária sociabilização
desses guardiões e levá-los-á a perseguir alvos menores e menos intimidatórios,
o que é um tremendo disparate, a menos que importe fazer frente a algum coelho que
ouse assaltar uma casa de cenoura em punho.
Sem
a sociabilização entre iguais e com os restantes animais, nenhum cão de guarda
é digno desse nome, porque mais depressa ladrará a algum gato do que sinalizará
um intruso de duas pernas, ao qual poderá até dar-lhe as boas-vindas e cumprimentá-lo,
mesmo que ele carregue um “petisco” capaz de o enviar para o paraíso dos cães.
Por outro lado, sem o contributo da sociabilização, será praticamente
impossível formar uma matilha funcional.
Para
certas raças caninas e para cães mais resilientes, a sociabilização precoce é
obrigatória e deverá acontecer logo que o cachorro entre na nossa casa, para
que gatos, coelhos, furões e outros sejam considerados por ele como amigos. Mas
como raramente isso acontece, os cães acabam por vir sociabilizar-se nas
escolas, servindo as aulas colectivas muito bem esse propósito. Pelo que disse
até aqui, redireccionar alvos na disciplina de guarda é na verdade um processo
de reeducação e o seu sucesso será mais fácil entre os cães valentes.
Poderá
um cão de caça transformar-se num guardião sem ser acorrentado? Pode, desde que
seja jovem, convenientemente sociabilizado e conte com o auxílio de outros cães.
Para além das aulas colectivas e das comuns manobras de sociabilização, ele
deverá ser objecto da “condução
lado-a-lado” pelo tempo julgado conveniente, que consiste em ser
conduzido com outro cão por um só condutor, que poderá ser o seu dono ou o condutor do outro cão, dependendo isso do seu perfil psicológico e o do cão
auxiliar, pois há que evitar qualquer tipo de escaramuça.
Esta
condução lado-a-lado, numa fase mais evoluída entendida como “condução à arreata”,
produz efeitos imediatos quando alcançada, ainda que dependa, e muito, da
qualidade e saber do condutor escolhido para o efeito. Na foto abaixo vemos o
Pedro Baptista na condução lado-a-lado com o seu cão (Lord) e o Labrador
Soneca. A escolha do Pedro ficou a dever-se à necessidade de animar o seu
Weimaraner, que até ali temia todo e qualquer cão. Não escolhemos o condutor do
Labrador para que este não achasse por bem carregar sobre o braco ao vê-lo como
um intruso.
Em
paz com os cães e confiante no seu apoio à retaguarda, o Weimaraner decidiu
finamente dar caça aos intrusos e fê-lo de maneira a não deixar dúvidas a
ninguém, mostrando que um cão de aponte também pode vir a ser um excelente cão
de guarda, desde que tenha perfil psicológico para isso, seja previamente
sociabilizado e devidamente redireccionado.
A sociabilização canina pode ser absoluta ou parcial de acordo com o tipo de interacção pretendida e rara é a disciplina cinotécnica que a dispensa totalmente. Nos cães destinados à guarda e defesa de pessoas e bens, a sociabilização com qualquer tipo de animal doméstico e silvestre é obrigatória, porque a sua inexistência levará a uma prestação condicional, induzirá os cães a caçar e a desleixar o seu serviço.
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